O resultado das eleições presidenciais no Brasil, em que nenhum dos candidatos obteve mais de 50% dos votos, ditou a necessidade de uma segunda volta. Numa campanha marcada pelo tema da corrupção, convém lembrar que os dois principais candidatos - Lula (48% dos votos) e Bolsonaro (43%) - protagonizam uma disputa bastante mais profunda.
Num dos países mais desiguais do mundo, há dados que ajudam a perceber o que está em causa nestas eleições. Durante a presidência de Lula (2003-2011), marcada pelo foco em medidas redistributivas, o Brasil registou uma enorme redução da taxa de pobreza; a desigualdade, medida pelo coeficiente de Gini, também diminuiu neste período. Em 2011, a The Economist reconhecia que "graças em boa medida às medidas do governo, a taxa de pobreza no Brasil caiu para metade. Com isso, a desigualdade de rendimento também caiu acentuadamente, reduzindo-se, em média, 1,2% por ano". Pelo contrário, com a governação de Bolsonaro e a restrição da despesa pública após a pandemia, a taxa de pobreza atingiu em 2021 o valor mais alto desde 2009.
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