segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Pode ser que 2017 seja assim-assim

Há oito anos o mundo passou pela maior crise das últimas oito décadas. Há seis anos a zona euro passou pela maior crise da sua história. Até hoje ainda não se encontrou forma de evitar uma repetição dos problemas que originaram aquelas crises, nem de lidar com as suas consequências.

Como dizia Gramsci, enquanto o velho está a morrer e o novo tarda em nascer, os sintomas mórbidos aparecem. Neste momento parece mais provável que em 2017 se assista à continuação do interregno do que à emergência de uma nova era.

Iremos começar a perceber o que significaram as vitórias do Brexit e de Trump. Iremos também ver quais os danos causados nos sistemas políticos da Alemanha, França e Itália pela combinação da crise internacional, da disfuncionalidade da zona euro e da instabilidade generalizada no Médio Oriente (depois da esperança ingénua das "primaveras árabes"). Talvez não acabe o ano sem assistirmos ao rebentamento de uma grande bolha especulativa (nos EUA? na China?) causada por anos a fio de dinheiro fácil sem criação de emprego.

Pode ser que em Portugal não se dê muito pela acumulação de sintomas mórbidos no quadro mundial. Se o euro continuar a desvalorizar face a dólar, se as taxas de juro continuarem baixas, se o preço do petróleo não subir demasiado, se as políticas orçamentais das maiores economias europeias forem um pouco mais expansionistas, se a taxa de execução dos fundos estruturais acelerar, pode ser que a economia portuguesa não dê pelo estado pouco recomendável do mundo em que vivemos.

(Texto publicado no suplemento Dinheiro Vivo do DN/JN de 31 de Dezembro)

4 comentários:

Anónimo disse...

Infelizmente tudo indica que o ano de 2017 vai ser um ano muito difícil. O Euro está em queda livre face ao Dolar,já está demonstrado que o Euro é uma moeda inviável, A situação em toda a zona do mediterrâneo é explosiva , a possibilidade de um novo choque petrolífero é real , podendo dar origem a uma estagnoflação. A crise que começou no final de 2007 com os sub-primes nos Estados Unidos é apenas uma crise dentro de uma crise , pois a verdadeira crise do sistema poderá ter começado em 1972. Trata-se de um longo ciclo, não previsto nos manuais de macroeconomia.
Estar-se à espera que haja eleições na Alemanha para eventualmente a situação melhorar é reconhecer que a Alemanha é a potência dominante , a potência colonizadora , pelo que as ideias de uma integração europeia com uma espécie de confederação , ou federação, são um mito.Haveria que rever de alto a baixo todos os tratados , desde o Tratado de Roma que deu origem á CEE.

Anónimo disse...

O ano de 2017 vai ser um ano muito difícil ,e estar á espera das eleições na Alemanha para que a situação melhore parece-nos ser uma demonstração de sebastianismo , que parece ainda estar presente em Portugal.

Jose disse...

«dinheiro fácil sem criação de emprego» localmente conhecido por restituição de rendimentos.

Anónimo disse...

O que será o dinheiro fácil para herr José? O dinheiro dos juros e das rendas?

E o que será restituição de rendimentos? O dinheiro roubado por Passos Cielho Cristas e Portas?

Herr Jose que esclareça