sábado, 20 de dezembro de 2014

Se te mexes morres


Esta semana a Assembleia da Republica discutiu a dívida pública, primeiro numa Conferência Parlamentar e depois no plenário. Participei na conferência parlamentar e não me pareceu ouvir ninguém, nem sequer os deputados da maioria, dizer, sem pestanejar, como a Ministra das Finanças, que "no caso português, e nomomento atual, o nível da dívida pública é reconhecidamente elevado, mas sustentável”.

O que ouvi dos que defenderam a necessidade de servir a dívida até ao último cêntimo, inclusive dos deputados da maioria, foram não argumentos de sustentabilidade, mas ameaças: pragas que se abateriam sobre nós no dia que decidíssemos renegociar a dívida.

Se te mexes morres. Da Grécia a Portugal a direita europeia está reduzida à razão da força bruta: se queres fazer pela vida tiramos-te o euro debaixo dos pés. Quanto tempo poderá uma união sobreviver à custa de força bruta?

34 comentários:

Jose disse...

Às bestas serve-se a força bruta se forem insensíveis a outros meios.
A união sobreviverá pcomo outras, pela migração de gente e de capitais.
Quem não sobreviverá é uma classe política venal e oportunista que se faz patriótica se lhe ameaçam o feudo.
Agora é só Portugalidade e pouco falta para invocar o Império. Logo dirão o necessário para ganhar eleições.

Anónimo disse...

Ou de como a direita extrema assobia para o lado e agora fala em "patriotismo"de forma venal e depreciativo, quando tenta vender o país ao desbarato e a quem der mais, sacando as migalhas dos que podem e governam

Pelo meio sobra a ameaça da força bruta a quem for "insensível por outros meios"
Tão claramente claro.
Adivinha-se as posições sobre outros temas fundamentais da dignidade humana.

De facto como qualificar "isto" sem nos sujarmos com palavras fortes?

De

José M. Castro Caldas disse...

Será este José porta-voz de alguém ou de alguma coisa ou simplesmente aquilo que mostra ser por conta própria?

Daniel Santada disse...

José M.C.Caldas, de facto assim a UE não tem futuro "risonho". Mas é preciso ter um mínimo de optimismo, fui ao debate da Assembleia e não desgostei - algumas interrogações começam a aflorar - e se todos fizerem como vós haveis feito algo se mexerá ainda que não veloz como a situação requer. É só fazer votos para que a nossa esquerda institucional, saiba mexer-se ... há sempre a tal resolução da Assembleia da República que espera iniciativas ... e que nos outros países da Ue algo mexa igualmente ... força ...

António Pedro Pereira disse...

J. M. Castro Caldas:
Este José(zito) é um avençado do Passos que foi destacado para vigiar o «Ladrões...», que como todos sabem, não passa de um antro de perigosos criminosos e bombistas.
É preciso ter esta gente, e o que ela diz, bem debaixo de olho.
A PIDE fazia o mesmo nos tempos áureos do regime de eleição do José(zito).

Anónimo disse...

Todos conhecem aquelas crianças irritantes que fazem birras por tudo e por nada apenas para chamarem a atenção. A vontade de as esbofetear é refreada por percebermos que se trata de uma criança e porque o que seria justo seria esbofetear os paizinhos por permitirem aquele comportamento. Sabemos também que se ignorarmos a criança esta acaba por perceber que não está a ter a atenção que gostaria e acaba por mudar o comportamento. O problema é que há sempre alguém que dá troco, e a criança continua assim a mostrar toda a sua estupidez e falta de educação.
É assim esta "criança", este josezíto, que só continua insuportável porque se continua a insistir em dar-lhe troco.

Miguel Cunha

Anónimo disse...

A Europa, assim não sobrevive, mas os países poderosos não se importam com isso. A união da Europa já está condenada. Agora eles preocupam-se mais em receber o dinheiro que está em dívida.

Jose disse...

Quem se acomoda a harmonizar a voz com os corais de pautas e preconceitos que do passado ainda projectam fama e prestígio, só concebe que a dissonância possa provir de outros corais de equivalente origem.
Que a reestruturação da dívida se fará, como aliás se vem fazendo, só não satisfaz aos que querem usufruir o momento, tal como sempre o fizeram, na cínica assumpção que o futuro a outros pertencerá.

Unabomber disse...

Para os amigos "ladrões" que acham que o caminho: saida do euro, incumprimento da divida e desvalorização o novo escudo, é a solução para todos os males, aqui fica o link de uma noticia sobre a situação actual do rublo:
http://www.publico.pt/economia/noticia/em-moscovo-mais-vale-um-bmw-na-mao-do-que-muitos-rublos-a-voar-1679704

Anónimo disse...

Será este José http://portadaloja.blogspot.pt/?
É capaz de bater certo

Anónimo disse...

Sem controlo de capitais corre-se muitos riscos.

Anónimo disse...

Bem, acho que não há dúvida que a desvalorização da moeda conduz a uma redução dos salários reais, pelo menos no curto prazo.

Mas sem esse instrumento o ajustamento é muito mais lento devido à rigidez dos salários nominais que muito dificilmente podem ser reduzidos.

Portanto é evidente que a reestruturação da dívida e a desvalorização cambial são fundamentais para que o país recupere competitividade e o equilíbrio externo.

Anónimo disse...

O eixo dominante da Europa e o seu braço armado que é a eurocracia de Bruxelas pratica a democracia da chantagem para com os povos da Europa do sul, com a colaboração das classes dminantes desses Países. No caso portugês até há quem tenha o despudor de considerar Portugal um protectorado.

Anónimo disse...

Mas descer salários não é a mesma coisa que desvalorizar a moeda (caso pudéssemos).
Nem é tanto por causa da rigidez, é mesmo porque sem o ajustamento cambial, não há diferenciação entre o que é produção interna e importações(produção externa).
Enfim, como é ridículo viver num país com uma moeda mais forte que o dólar e ao mesmo tempo ter uma PLII muito negativa. E depois, como se não bastasse, ainda temos a Alemanha com excedentes externos constantes.
Quando este José pensar seriamente nisto, talvez se faça luz na sua cabeça.

Jose disse...

A grande farsa é toda a gente saber que é preciso desvalorizar salários e pensões e benefícios sociais - o mesmo que empobrecer.
Uns, por cobardia, propõem a roleta da saída do euro,
para manterem a fachada ideológico-constitucional.
Outros, querem entrar na miséria da quebra da moeda e do incumprimento da dívida com a massa da função pública intacta,
por cálculo de nela sustentarem o seu poder.
Entretanto tudo vai ficando por este jogo de sombras em que prevalece a ambição do poder que se diz ser o essencial da democracia abrilesca.

Unabomber disse...

A descida dos salários reais (que pode ir a médio/longo prazo) não é o unico efeito das acentuadas desvalorizações da moeda: as fortes machadadas nas poupanças, algumas delas amealhadas ao longo de toda a vida, constituem uma grande "injustiça" das desvalorizações das moedas.

Anónimo disse...

Infelizmente " jose " perdeu "a fachada"
Assumiu-se ideologicamente duma forma que não é reveladora como vem impregnada de insultos ameaçadores.Próprias das coisas que gosta certamente.
Mas de forma nenhuma apto a qualquer "resposta" mais adequada a um ser decente.

De


















Anónimo disse...

Não é cobardia, é saber o suficiente para saber que a política cambial pode e deve ser usada para servir o interesse da população.
É saber que é uma palhaçada fazer do Trabalho o principal mecanismo de ajustamento da economia. Porque assim, a economia serve sobretudo o interesse de uma minoria.

Anónimo disse...

A vantagem das desvalorizações é exactamente fazerem efeito muito mais rapidamente logo não causam tanto desemprego como a desvalorização interna.

É muito mais fácil colocar uma economia em equilíbrio interno e externo com recurso à desvalorização cambial. Até porque há uma transferência de recursos do sector não transaccionável para o sector transaccionável. Torna-se mais rentável investir na produção de bens transaccionáveis o que permitirá atrair investimento destinado à exportação de bens e serviços. Os sectores não exportadores e que não substituem importações, esses claro vão sofrer mas esse é o objectivo claro da política já que o seu peso na economia é excessivo.

Quanto às poupanças, se estão em Portugal presumo que sejam para ser utilizadas em Portugal. Logo as mesmas são remuneradas a uma taxa de juro compatível com a inflação e o risco do país.
favorável enquanto podem.
Quem não quiser estar exposto a este risco pode sempre poupar em dólares, libras ou francos suíços. Aliás, actualmente não há controlos de capital portanto é questão de aproveitarem para enviar o dinheiro lá para fora a esta taxa de câmbio

Unabomber disse...

Amigo anónimo:
O problema é que nas situações de grandes desvalorizações da moeda só uma pequena parte das poupanças (normalmente dos mais ricos) consegue ir a tempo lá para fora.
A grande maioria das poupanças tem um corte real com a desvalorização: a taxa de juro não compensa a inflacção dos bens duradouros importados.
....
As fortes desvalorizações nem sempre são beneficas para a economia: veja o caso do Brasil e da Argentina na década de 80 - quais foram os ganhos económicos que tiveram com as fortes desvalorizações da moeda e as altas taxas de inflacção?

José M. Sousa disse...

Caro Unabomber

Está a esquecer as poupanças que se estão a esfumar através do colapso bancário (BES, etc.) - estreitamente associado à nossa inserção na zona Euro - e pelo aumento do desemprego (sem rendimento, não há poupança); veja-se a extraordinária proliferação de lojas de compra de ouro, acho que nunca vista...

Anónimo disse...

ANONIMO???Porque não assume??Não tem a certeza?Então mais vale estar calado!!

Unabomber disse...

Amigo José Sousa:
É verdade que o colapso bancário esfumou poupanças de muitos investidores: só que também é verdade que até agora não esfumou poupanças dos Depositantes.
Ora, isto já não acontece no caso das fortes desvalorizações: pois, Todos os Depósitos são cortados pelo valor da diferença entre a taxa de inflacção e a taxa de juro.
.....
Quanto ao desemprego, estamos todos de acordo que é um problema muito grave: mas não é certo que a saída unilateral do euro seguida do inevitável imcumprimento das dividas publica e privada, vá resolver "todos" os problemas.

José M. Sousa disse...

Diz bem "até agora" em relação ao depósitos. Mas já há o precedente de Chipre.
É evidente que na situação em que estamos e em que nos meteram não soluções indolores. Mas sobre a desvalorização e a poupança, está a cometer um erro. As poupanças são desvalorizadas na relação entre a nova moeda resultante da saída do euro (desvalorizada, inevitavelmente) e as moedas (divisas) das economias mais forte (euro, se este continuar, dólar, etc.). Mas isto será relevante para uma parcela relativamente pequena da população. Só para quem viaja regularmente ou adquire bens directamente no exterior. na relação dessas poupanças com a nova moeda, o seu poder de compra em relação aos bens e produtos produzidos internamente, já não será assim.

Anónimo disse...

Caso José M. Sousa,

Depois do " assalto " ao BCE por Draghi, e continuando a vontade deste ex-banqueiro e companhia ,em "fazer notas", não deverá ser necessário sairmos do euro.

cumps

Rui Silva

Unabomber disse...

Amigo José Sousa:
Nos casos de fortes desvalorizações das moedas os "prejuízos" não são apenas para a pequena minoria que faz compras do estrangeiro: pois, as desvalorizações afectam directamente os preços de todos os bens/serviços importados, e indirectamente afectam também os bens produzidos localmente que tenham incorporação de matérias primas importadas.
Mais, todos os depositos são cortados pela diferença entre a taxa de inflacção e taxa de juro: isto, é muito diferente do que taxar/cortar os depósitos acima de 100.000€.
Ainda, sobre os efeitos das desvalorizações acentuadas deixei num comentário anterior uma ligação para uma noticia do publico sobre os efeitos da desvalorização do rublo na Russia.

José M. Sousa disse...

"Fazer notas"

Sugiro-lhe este artigo:

http://www.debtonation.org/2009/03/qe-and-the-debt-deflationary-spiral/

José M. Sousa disse...

Unabomber

O que é que prefere; estar dsempregado sem qualquer rendimento ou pagar ligeiramente mais (digamos mais 10%) pelo que consome? Quem é que lhe garante que sera só acima de 100.000€? Creio que ainda não se deu conta das implicações do Euro e da União Bancária a esse nível.

Unabomber disse...

José Sousa:
E quem é que lhe garante a si que será apenas ligeiramente mais?
E quem lhe garante que a saída unilateral do euro vá diminuir significativamente o desemprego? e não vá antes provocar o caos económico e social?
Lembro que na década de 80 tivemos taxas de inflacção e de juro acima de 25%.

José M. Sousa disse...


Ainda que fosse 25% ou 30%!
É melhor do que estar desempregado sem qualquer rendimento (Circunstância cada vez mais comum nos tempos que correm); estamos a viver o pior e mais prolongado período de crise desde 74. E os indicadores, mesmo meio escondidos, já o mostram.
http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2014-10-17-Portugal-com-mais-pobres-do-que-em-1974
Claro que, se saíssemos do Euro, não podíamos ter este bando de desqualificados que nos desgoverna e vende o país às postas, mas a cunhagem da moeda sempre foi um atributo de soberania. Por alguma coisa há-de ser. Claro que estas coisas nunca são absolutas; é uma questão de grau, mas isso faz toda a diferença.

Unabomber disse...

Amigo J.Sousa:
Quem garante a si que com taxas de juro de 25% ou 30% o desemprego vai acabar? em determinadas condições as altas taxas de juro desincentivam o investimento.
... è muito relativo que seja o mais prolongado periodo de crise em PT desde 74: pois, estamos a viver aquela que muitos consideram a maior crise financeira desde 1929 - por outro lado, em PT de 1974 a 1985 fomos duas vezes ao tapete: tivemos de recorrer ao FMI em 1978 e 1983, só despois da entrada na CEE a ecnomia verdadeiramente estabilizou.
É verdade que em 1978 e 1983 foi possível recuperar relativamente rápido da "crise", mas também é verdade que as condições actuais são muito diferentes, por ex:em 1983 não havia concorrência asiática nem concorrência dos países de leste.
...O maior problema não está nos desqualificados que nos governam, mas sim na enorme quantidade de desqualificados que compõem a mão de obra em PT: há muitas gerações que somos o país da europa ocidental com piores indicadores de escolaridade e de formação, actualmente menos de 40% da população activa em PT tem o secundário completo, ao passo que a média da UE é superior a 75% da população activa.
A falta de qualificação da mão de obra (inclui empresários) é o maior entrave economico em PT e não própriamente o euro, ou a despesa publica.

José M. Sousa disse...

Caro Unabomber
Nada é absolutamente certo, a não ser aquelas duas coisas que toda gente sabe. Tem razão em muito do que diz.
No curto prazo, costuma haver uma relação inversa entre essas duas variáveis. Mas a verdade é que continuando no Euro e nestas condições, não temos qualquer hipótese.Repare que sair do Euro não é sair da Europa. Aliás, não me admiraria que outros saíssem mesmo da UE (RU, por exemplo, por este andar). Precisamos é de políticos hábeis, como alguns do que tivemos no Séc. XIX!
E a verdade é que a desqualificação da mão de obra está a agravar-se por efeito das imposições da TROIKA para ficarmos no Euro a todo o custo: veja-se a emigração em massa de profissionais altamente qualificados e o desinvestimento na ciência e educação.

Unabomber disse...

Amigo José Sousa:
O euro é a moeda de mais de 300 milhões de pessoas, e é a segunda moeda de "reserva" internacional.
Por isso, sair do euro (de forma unilateral) provoca perdas para muita gente (não apenas para os credores externos), podendo inclusive provocar o fim do próprio euro, seguido de uma nova crise financeira internacional.
E, é evidente que se muita gente ficar muito prejudicada pela saida de PT do euro pode haver retaliações económicas e financeiras, como por exemplo: os países da UE podem fechar os seus mercados às exportações Portuguesas.
Bastaria a UE retaliar apenas com isto (fecho de mercado a PT), para a economia de PT ficar totalmente de pantanas - seria como alguém já disse: "apontar uma seta na direcção da Coreia do Norte".
....
Perante uma situação complexa, os ideólogos extremistas da Direita e da Esquerda propagandeam soluções demasiado simplistas:
- para os ideólogos da Direita basta colocar a despesa publica a "zero" para sermos um país mais rico que a Suiça.
- para os ideologos da Esquerda basta sair-mos do Euro para solucionar-mos todos os nossos problemas.
.....
Infelizmente a realidade talvez seja um pouco mais complexa....

Votos de uma boa semana para si.

Anónimo disse...

Relativamente às poupanças, não me parece que o diferencial entre a taxa de juro e a inflação seja assim tão negativo que leve a perdas substanciais. E quantas pessoas em PT é que têm depósitos assim substanciais. Diria que muito poucas. Segundo um estudo do BdP de 2010, 50% dos agregados possuem menos de 10.000 euros em depósitos a prazo. Não me parece significativo. Mesmo os agregados 10% mais ricos possuem depósitos a prazo no valor mediano de 37.500 euros.

Além de que no caso dos desempregados esses provavelmente já nem as poupanças lhes valhem.

E ninguém nega que há prejudicados com a desvalorização cambial.

Claro que há, mas isso é perfeitamente natural.

A questão aqui é que com a situação actual também há muita gente prejudicada.

Agora importa fazer as contas para ver.

Com a saida do euro há mais gente beneficiada ou não do que com a manutenção do euro.

Sinceramente acho que quem faz férias no estrangeiro e quem consome a maioria dos bens importados são as classes altas e média alta.

Portanto acho que se calhar mais vale prejudicar um ou dois milhões de pessoas em benefício de oito milhões.