No meu post anterior usei dados das contas externas portuguesas para discutir a relação do euro com a crise que afecta a economia portuguesa desde 2008. Os dados mostram que a balança de bens e serviços (ou seja, a diferença exportações e importações) não se deteriorou de forma significativa após a entrada em vigor do euro. Este facto tem levado muitos a questionar a ideia de que a participação na união monetária europeia contribuiu para o endividamento externo português e, por essa via, para a crise que actualmente vivemos. Fará isto algum sentido?
A ideia de que a participação no euro não teve impactos negativos relevantes na balança de bens e serviços portuguesa é muito pouco intuitiva: o euro atingiu o seu valor mais baixo face ao dólar em Outubro de 2000 (86 cêntimos de dólar por cada euro); a partir daí, subiu de forma vertiginosa até Julho de 2008 (atingindo 1,58 dólares por euro); é difícil explicar que uma alteração tão significativa do câmbio euro-dólar não tenha tido efeitos relevantes nas contas externas portuguesas.
Note-se que a apreciação do euro significa que as exportações portuguesas ficam mais caras face a produtos concorrentes vendidos noutras moedas, acontecendo o inverso com as importações. Isto é particularmente relevante no caso nacional, dado que a economia portuguesa é tradicionalmente especializada em exportações de baixo valor acrescentado, tipicamente muito sensíveis a variações de preços. Para além disso, o início da década de 2000 coincidiu com um período de forte aumento da concorrência das economias emergentes da Ásia (que transaccionam em dólares) e também do Leste europeu, cujos produtos de exportação são largamente coincidentes com os de Portugal.
Ou seja, seria de esperar que a forte apreciação do euro conduzisse a uma quebra das exportações nacionais e ao aumento das importações. Se assim é, por que motivo o saldo da balança de bens e serviços não se deteriorou fortemente após a entrada em vigor do euro? A razão não é óbvia, mas não é difícil de perceber.
O saldo da balança de bens e serviços resulta da diferença entre exportações e importações, pelo que importa analisar separadamente a evolução de cada uma destas componentes.
O primeiro gráfico mostra a evolução das exportações em percentagem do PIB, em Portugal e na média dos países da UE15.
No gráfico constatamos que o peso das exportações do PIB praticamente não se alterou em Portugal entre 1995 e 2005, contrastando fortemente com o que se passou na UE no mesmo período. Ou seja, este foi um período de forte expansão do comércio internacional, em que a generalidade dos países europeus viu o peso das exportações no PIB aumentar acentuadamente (de 29% para 36%, em média); no entanto, o peso das exportações em Portugal praticamente não se alterou.
Não é muito surpreendente que isto tenha acontecido no período de 1995-2000, já que a economia portuguesa esteve a crescer rapidamente nesta fase. Por outras palavras, neste período as exportações até cresceram a bom ritmo, mas tal não se nota no gráfico acima porque o PIB também cresceu muito.
O mesmo não se passa, porém, entre 2000 e 2005, quando a economia portuguesa verificou uma das taxas mais baixas de crescimento da UE (com uma queda do investimento e uma estagnação do consumo privado). Apesar disto, o peso das exportações no PIB não aumentou, o que torna ainda mais evidente o contraste com a generalidade das economias europeias - e reflecte as dificuldades de inserção internacional da economia portuguesa.
Se o desempenho das exportações foi tão medíocre, como se justifica que a balança de bens e serviços não se tenha deteriorado neste período? A explicação encontra-se do lado das importações, representadas no gráfico seguinte.
Ao contrário das exportações - que dependem essencialmente do que se passa nas economias de destino - as importações tendem a variar muito com a evolução da economia interna: quando há crescimento económico no país, há mais investimento e mais consumo, parte dos quais se baseiam em produtos importados, pelo que as importações aumentam; quando as economia entra em recessão, o contrário acontece.
Isto é muito visível entre 2000 e 2003, um período de desaceleração económica durante o qual Portugal verificou uma das maiores quebras de importações na UE15. Tal permitiu que a balança de bens e serviços melhorasse, apesar da relativa estagnação das exportações. Porém, assim que a economia voltou a crescer – embora lentamente – a partir de 2003 as importações voltaram também a crescer, mais rapidamente até do que as exportações.
Em suma, se o saldo da balança de bens e serviços não se tornou mais negativo após a entrada em vigor do euro, isso deve-se fundamentalmente ao fraco desempenho da economia portuguesa no período (que limitou o crescimento das importações).
Quanto às exportações, como se viu, o seu crescimento foi medíocre até 2005. Entre 2005 e 2008 as exportações cresceram em percentagem do PIB. Mas note-se que o mesmo aconteceu às importações. Isto deve-se, em larga medida, a um factor: o forte aumento da procura e dos preços das matérias-primas transformadas (combustíveis, minérios, metais, produtos agro-industriais, etc.), determinado pelo rápido crescimento das economias emergentes. Estes são bens que Portugal exporta… mas também importa. Logo, o seu impacto no saldo comercial externo é praticamente nulo.
Resumindo, os dados acima sugerem que a participação no euro prejudicou mesmo as exportações portuguesas e promoveu as importações (só não sendo mais visível o seu efeito devido ao fraco crescimento económico pós-2000). E este é apenas um dos contributos do euro para o aumento da dívida externa portuguesa. Sobre os restantes escreverei noutra ocasião.
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12 comentários:
O texto não explica quase nada. Tomemos por exemplo, assim por alto, dois períodos: 2002-05, em que o euro se valorizou “de forma vertiginosa” face ao dólar e a economia estagnou, e o período 2005-2008, em que (após um ano de queda significativa) o euro se voltou a valorizar “de forma vertiginosa” e a economia cresceu um pouco mais.
Em relação a 2002-05, com esta combinação, forte valorização do euro e economia estagnada, importava então explicar por que a percentagem das exportações no PIB não diminuiu.
Em relação ao período de 2005-2008, apesar da forte valorização do euro (a partir de 2006) e do aumento da economia, as exportações cresceram em percentagem do PIB. O Ricardo diz que se deveu ao aumento da procura e preço das matérias-primas transformadas, mas que o impacto no saldo comercial externo é praticamente nulo, porque o mesmo factor impactou no aumento das importações em percentagem do PIB.
Acho esta análise muito grosseira, mas dando de barato a resultante aproximadamente nula das exportações e das importações de matérias-primas transformadas, fica tudo na mesma por explicar. Porque essa compensação seria então válida com qualquer valor do euro e o que importava mesmo explicar é por que no que respeita a todos os outros produtos do comércio externo, além das matérias-primas transformadas, a grande valorização do euro não desequilibrou desfavoravelmente o saldo comercial.
Sugiro ao anónimo que releia o texto com atenção.
A valorização do euro não desequilibrou a balança comercial precisamente porque a economia portuguesa cresceu muito pouco (entre 2000 e 2007 Portugal foi um dos países da UE onde a procura interna menos cresceu e o único onde o investimento caiu), o que implica que as importações praticamente não cresceram face ao PIB.
As exportações não caíram porque este foi um período de forte crescimento do comércio internacional a nível global. O que seria de esperar em tal contexto é que as exportações crescescem em percentagem do PIB. Tendo em conta que o PIB cresceu muito pouco, era expectável que o peso das exportações no PIB aumentasse consideravelmente. Mas isto não aconteceu, ao invés estagnaram.
Exportações que não crescem quando o economia internacional está a crescer rapidamente e importações que não crescem porque a economia nacional está de rastos, não são propriamente sinais de uma economia saudável.
O que é que não é claro?
Penso que este post do Ricardo tem alguma limitações:
O gráfico que utilizou começa em 1995, abrangendo apenas o periodo do euro: talvez fosse interessante colocar um gráfico que começasse em 1970 (tal como colocou no seu post anterior).
E, depois, talvez fosse interessante comparar o periodo do euro, com o periodo do escudo (1970 a 1995 ou 1998): será que o desempenho das exportações foi muito melhor com o escudo?
Este seu post confirma que o euro prejudicou as exportações: mas, será que com o escudo o desempenho das exportações teria sido muito melhor? A desvalorização do escudo teria sido suficiente para "absorver" o impacto do crescimento acentuado da concorrência internacional (c/abertura da europa de leste, entrada da China na OMC) e do forte aumento do preço do petróleo e de outras matérias primas (do lado das importações).
Será que a utilização do escudo seria suficiente para transformar a industria portuguesa, numa industria de alto valor acrescentado?
...
Lembro aqui que, apesar de utilizarmos o escudo nas décadas de 70 e 80, tivemos de recorrer duas vezes ao FMI (em 1978 e 1983).
....
Os factores primordiais para o crescimento da produtividade, em países com fracos recursos naturais, talvez sejam a qualificação dos recursos humanos e a tecnologia (maquinaria) utilizada no processo produtivo.
Ora, acontece que em Portugal apenas 40% da população activa concluiu o ensino secundário, ao passo que a média nos países da Europa é de 75%.
O mesmo (atraso) se verifica relativamente à tecnologia: o valor do rácio de capital utilizado na produção por trabalhador, é aproximadamente metade da média da Europa do norte.
... E, é evidente que com euro, ou sem euro, não é possível ultrapassar, no curto prazo, o atraso geracional na qualificação dos recursos humanos - e por inerência o atraso tecnológico.
Não é claro muita coisa. A economia portuguesa está de rastos e o euro contribuiu muito para isso, mas a explicação parece deficiente, na melhor das hipóteses demasiado simplificada.
No gráfico das exportações para Portugal do post, o período de 2002 a 2005 é chato, o período entre 2005 e 2008 é claramente crescente. No entanto, durante todos estes anos, até meados de 2008, houve um crescimento em volume do comércio internacional igualmente forte, sem diferenças anuais significativas em termos absolutos nos dois segmentos. Simultaneamente, com exceção da queda em 2005, deu-se a tal apreciação “vertiginosa” do euro. A explicação do ritmo do comércio internacional distingue mal os dois períodos. E não é claro por que uma tão forte apreciação do euro, que subiu aos píncaros no segundo segmento, não se traduziu numa estagnação das exportações como no primeiro segmento.
Mas é neste segundo período, entre 2005 e 2008, que a explicação se embrulha mais. Que o forte aumento da procura e dos preços das matérias-primas transformadas aumente o valor das respectivas exportações e importações do país, de modo a que o acréscimo de umas compense o acréscimo de outras com um impacto praticamente nulo no saldo comercial, mesmo que fosse verdade, deixa por explicar por que a fortíssima apreciação do euro neste segundo período não deteriorou gravemente o saldo dos bens e serviços distintos das matérias-primas transformadas (ou até mesmo o saldo anterior destas últimas, descontando os novos acréscimos devidos à procura incrementada) e, por conseguinte, o défice comercial do país.
Desculpe mas realmente a sua análise não é fácil de seguir. Desde logo devido aos intervalos temporais de análise:
- Os gráficos cobrem um período de 1995 a 201?;
- Na sua análise umas vezes refere "desde 2008", "década de 2000", "entre 1995 e 2005", "no período de 1995-2000", "entre 2000 e 2003", " a partir de 2003", "até 2005", "Entre 2005 e 2008".
Sugiro que defina 2 ou 3 períodos de análise à priori (marque-os nos gráficos, por exemplo, e dê-lhes "nomes") e a partir daí utilize apenas esses períodos.
Depois a sua análise envolve várias variáveis em simultâneo: PIB, taxa de câmbio, importações, exportações. É difícil para o comum dos mortais perceber, para cada período de análise, o comportamento de cada uma, ainda para mais quando as importações e exportações são relativas ao PIB. Talvez pudesse, para cada um dos períodos marcados, indicar a evolução em separado de cada uma das variáveis, para depois avançar par a análise conjunta.
Se não for pedir-lhe muito, pedia-lhe que clarificasse este post antes de avançar para o próximo. Porque já perdi o fio à meada, e acho que não fui o único.
Aproveito para lhe fazer uma pergunta de não-economista (não directamente relacionada com este post) que pode considerar um serviço público: pode, em abstracto, uma economia crescer (o seu PIB) se as suas importações aumentam e as suas exportações diminuem? Como? O que significa, nesse contexto, um "crescimento da economia (PIB)"?
Começando pela última questão. O PIB é determinado (pelo lado da despesa) por:
Y=C+G+I+X-M
(Y=PIB, C=consumo privado, G=consumo público, I=investimento total, X=exportações e M=importações).
Isto significa que é possível que o PIB cresça, mesmo com um aumento das importações e uma redução das exportações, desde que o crescimento da procura interna (i.e., C+G+I) compensem a descida da procura externa líquida (i.e., X-M).
Tentando agora responder ao apelo de um dos anónimos, analiso os períodos separadamente.
1995-2000
O PIB está a crescer acima da média da UE. Como o aumento do PIB é determinado principalmente pela procura interna, as importações crescem em percentagem do PIB. As exportações estão a crescer em linha com a média europeia, mas como o PIB cresce muito rapidamente, o peso das exportações no PIB mantem-se estável. Logo, o défice da balança comercial em percentagem do PIB agrava-se no período.
2000-2005
Portugal apresenta uma das taxas de crescimento do PIB mais baixas da UE. A queda do investimento e o fraco crescimento do consumo traduzem-se numa forte quebra das importações até 2003 e uma ligeira recuperação depois disso. As exportações crescem lentamente até 2005. Como resultado, a balança comercial mantem-se praticamente constante na média do período.
2005-2008
Portugal continua a crescer abaixo da média da UE. O crescimento da procura interna continua a ser débil, no entanto as importações crescem em valor devido ao aumento do preço das matérias-primas transformadas nos mercados internacionais. As exportações aumentam devido a esse mesmo efeito de preço. A balança comercial regista uma ligeira deterioração face ao período anterior, cujo alcance é limitado pelo fraco crescimento da procura interna, bem como pelo facto de Portugal ser exportador de bens cuja procura e preço se encontram em forte expansão nos mercados internacionais (as tais matérias-primas).
Finalmente, não é certo o que aconteceria caso Portugal tivesse continuado a viver sob o escudo, pelo menos por duas razões: primeiro, não sabemos que política monetária e cambial seria seguida; não é óbvio que impacto tal teria na evolução das exportações.
O que procuro mostrar na minha análise é que é errado olhar para a evolução da balança de bens e serviços e concluir que o euro não teve qualquer impacto.
Se alguém discorda, gostaria que explicasse a sua posição.
Caro Ricardo:
Continuo a considerar que a sua análise tem algumas limitações: designadamente, falta comparar o comportamento das exportações no período do escudo (1970 a 1995) com o período do euro (1996 a 2014).
....
Recordo que a balança de bens e serviços é negativa desde há muitos anos - e não somente após a entrada no euro.
Obrigado pelos esclarecimentos mas decididamente este post não é para engenheiros.
Apresenta a fórmula Y=C+G+I+X-M mas depois diz que "a queda do investimento e o fraco crescimento do consumo traduzem-se numa forte quebra das importações". Isso parece significar que há relações entre as variáveis (I, C, M) que compõem o PIB (Y). Certo?
Mesmo aceitando todo o seu raciocínio (algo que não consigo avaliar) também falta indicar claramente para cada período o que aconteceu afinal à balança de bens e serviços que depois é utilizada para aferir o impacto do euro.
E isto é só o princípio. Pela minha parte não vale a pena tentar esclarecer mais nada porque acho que não ia adiantar (limitação minha).
Mas sempre lhe digo o seguinte: para um leigo (não economista) como eu, os dois últimos parágrafos parecem enfraquecer o seu argumento final:
" não é certo o que aconteceria caso Portugal tivesse continuado a viver sob o escudo, ... não é óbvio que impacto tal teria na evolução das exportações."
"é errado olhar para a evolução da balança de bens e serviços e concluir que o euro não teve qualquer impacto"
Uma coisa é demonstrar que o euro teve impacto decisivo, outra é dizer que não se pode concluir que não teve qualquer impacto.
Assim sendo posso dizer-lhe que aos olhos de um leigo, por muito correcto que possa ser o seu raciocínio (o que não duvido minimamente), o impacto do negativo euro parece ser, no mínimo, dúbio e relativamente insignificante face a outras variáveis utilizadas na sua explicação (procura externa, preços das matérias primas, ...).
Unabomber,
o meu objectivo não era proceder a uma análise de longo prazo das exportações portuguesas, mas antes discutir a ideia de que não houve deterioração da capacidade competitiva da economia portuguesas na era do euro. Como discuti no primeiro post, até meados da década de 1990 o défice da balança comercial coexistiu com alguma estabilidade das contas externas, depois disso é que não. O euro não é o único motivo para isso (tal como discuti no primeiro post), mas contribui nesse sentido (como procurei mostrar aqui e procurarei mostrar mais adiante).
Anónimo,
tem toda a razão quando diz que as várias componentes da despesa (C, G, I, X e M) estão relacionadas. Por exemplo, quando aumenta o consumo tipicamente aumentam as importações. Apenas procurei mostrar que, depois de tidas em conta todas as interacções, o PIB pode crescer mesmo que as exportações caiam e as importações aumentem (basta que a procura interna mais que compense essas evoluções).
Quanto ao resto, é preciso ter em consideração que a evolução das exportações de um país no curto e médio prazos dependem de factores muito variados, dos quais destaco três: (i) a dinâmica da procura internacional dirigida aos produtos de exportação mais relevantes do país em causa; (ii) a pressão concorrencial exercida por produtores de outros países que vendem produtos semelhantes; e(iii) os preços relativos praticados pelos produtores do país em causa face aos seus concorrentes externos (que são fortemente influenciados pela evolução cambial).
Os produtos tradicionais de exportação portuguesa enfrentaram uma combinação negativa dos três factores referidos ao longo da década de 2000. A valorização do euro face ao dólar é apenas parte da história, como é óbvio. Mas essa é, precisamente uma das vantagens potenciais de ter moeda própria: poder compensar as tendências negativas dos outros dois tipos de factores.
Diz o Ricardo que "até meados da década de 90 o défice da balança comercial coexistiu com alguma estabilidade das contas externas": ora, isto não está correcto, pois em 1978 e 1983 tivermos de recorrer ao FMI por causa do desiquilibrio externo. Só depois da entrada na C.E.E., houve um periodo em existiu o equilibrio que fala: 1985-1995,que foi em parte conseguido através das remessas dos emigrantes e das transferências da CEE.
....
Sugiro a todos aqueles que consideram a saida do Euro como o remédio para todos os males, que vejam os ganhos obtidos pelo Reino Unido com a desvalorização da libra: conseguiu equilibrar o elevado défice da balança comercial? a industria Britânica ganhou muita competividade?
A questão é que a taxa de câmbio real está valorizada.
E não controlando a moeda nacional, o euro, a única forma de resolver esta questão é com a chamada desvalorização interna.
Ou seja, voltamos aos tempos do padrão ouro que tão bons resultados deram (not).
Ora, o saldo da balança corrente chegou a ser de 10% negativos.
Quer dizer, isto seria impossível com o escudo visto que não havia capacidade para financiar isto com as divisas da economia.
Por isso é que o euro é tão mau para a nossa economia pois permite que a mesma se endivide relativamente ao exterior com muito mais facilidade.
No tempo do escudo a situação era completamente diferente e por isso é que recorremos 2 vezes aos FMI. Nesse caso, exactamente para resolver o problema da falta de divisas que foi causado por uma taxa de câmbio sobrevalorizada.
Felizmente para quem estava no poder na altura, havia um mecanismo muito simples para garantir o equilíbrio externo chamado política monetária e os controlos de capital.
Hoje em dia não há nada disso por isso estamos à mercê de uma moeda que não é nossa. Aliás, para Portugal é indiferente usarmos o Euro, a Libra ou o Dólar.
Na verdade o país não controla a sua política monetária e o Estado pouco ou nada pode fazer para promover um crescimento sustentável da economia.
Aliás, quando a economia cresce o mais provável é estar-se a formar uma bolha insustentável fruto da atracção de capitais especulativos.
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