Estes dois ilustrativos gráficos fazem parte da apresentação do Ricardo Paes Mamede no debate do ISCTE que o Nuno Serra divulgou no post abaixo. Isto tem sido um regabofe, como se pode ver pela estonteante performance da procura interna nacional, numa perspectiva comparada, até à crise internacional gerada pela financeirização. Fomos quase alemães. Aqui reside o erro central da política em curso, na hipótese benigna de que o diagnóstico da bebedeira de consumo e de investimento era sério. Entretanto, graças à austeridade, a procura interna vai cair cerca de 16% em três anos (2011, 2012 e 2013), a grande obra da austeridade e o emprego, segundo o Banco que não é de Portugal, terá caído 8%, entre 2011 e 2015, no seu cenário muito optimista de recuperação lenta. É esta a nossa vida neste quadro estrutural: estagnação, quedas violentas, recuperações lentas e insuficientes rumo à estagnação.
Entretanto, e de forma só aparentemente paradoxal, o endividamento externo nunca mais parou de crescer desde a segunda metade dos anos noventa. Tratou-se do resultado da integração dependente e disfuncional, associada à caminhada para o, e à entrada no, euro, num contexto de liberalização financeira e comercial e de correspondente perda de competitividade. No primeiro capítulo do relatório, em versão preliminar, do observatório sobre crises e alternativas procuramos dar alguns contributos, portadores de pistas novas, para a compreensão deste nosso triste destino, para lá da narrativa moralista destinada a ocultar o papel do euro e da finança de mercado e a transferir os custos do ajustamento para os mesmos de sempre.
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2 comentários:
Obrigado por este post.
E ainda há tanta tanta gente a achar que sim, que houve o tal regabofe....
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