terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Das crises e das alternativas


Amanhã, entre a Gulbenkian e a Culturgest, a tarde será rica em debates socioeconómicos e políticos por Lisboa, com duas iniciativas autónomas, mas que, creio, convergem nos temas e nas preocupações. Às 14h30m, na Gulbenkian, é apresentada e discutida uma versão preliminar do relatório do Observatório sobre Crises e Alternativas do CES. Às 18h, Christophe Ramaux estará na Culturgest a discutir a crise europeia e o futuro do euro. 


Ramaux é professor de economia da Sorbonne e autor deste excelente livro sobre o Estado social, como meio “para sair do caos neoliberal”, na linha da escola francesa da regulação, essa síntese de economia política institucionalista e historicista, de Marx e Keynes. Ramaux identifica aí quatro pilares que caracterizariam o Estado social enquanto expressão sistémica, mas subteorizada nas ciências sociais, do ideal democrático de justiça social em múltiplas esferas: protecção social através da transferência de rendimentos sob a forma de prestações sociais, regulação das relações laborais através do direito do trabalho e da negociação colectiva, serviços públicos universais e gratuitos no acesso e políticas económicas centradas em objectivos sociais, nomeadamente no pleno emprego. O sucesso neoliberal na erosão e derrube destes pilares foi desigual nos países europeus, tendo sido no campo da política económica que a contra-revolução foi mais longe. É claro que os pilares estão ligados entre si, como de resto estamos a ver na época da austeridade permanente inscrita nas regras europeias. O Estado social enquanto sistema é o alvo da finança. Daí que não surpreenda que, embora hesitante na questão do euro, sendo que o seu diagnóstico das disfunções europeias é razoável, Ramaux acabe por alinhar com aqueles que consideram que o Estado-nação e a soberania democrática foram, são e serão elementos centrais da construção, defesa e ampliação do Estado social, peça-chave da teoria e prática socialistas. De resto, e se o debate for, como tem sido em França, entre globalistas e soberanistas na economia política, para simplificar um pouco, mas não muito, os termos de um debate em curso, a propósito, por exemplo, da necessária desglobalização, Ramaux está na margem certa...

1 comentário:

Aleixo disse...

...Sem dúvida que o problema primeiro, está na globalização...!
...Sem dúvida que o problema primeiro, está no funcionamento dos partidos...!
...Sem dúvida que o problema primeiro, está na perda da SOBERANIA...!!!
...Sem dúvida...

Não sei como será (???!!!)mas,

Contra tudo e contra todos...
o POVO será SOBERANO.