segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Empurrar com a Barriga

A Ministra das Finanças veio anunciar uma nova operação de troca de dívida, com o objetivo de prolongar as maturidades (prazo em que os montantes devem ser pagos aos credores) em três anos. É uma operação semelhante à que ocorreu em 2012, realizada com os mesmos objetivos. Sobre estas operações, há a registar que:

1. Já não há tabu nenhum sobre a restruturação da dívida. É disso que se trata com estas operações.

2. No entanto, estas operações não representam, como já vi escrito em algumas notícias, uma "redução das necessidades de financiamento do Estado Português". Significam simplesmente a deslocação dessas necessidades para o futuro, nomeadamente, para depois do mandato do atual Governo.

3. Esse adiamento tem um preço: tal como aconteceu na operação de 2012, o aumento das maturidades terá como contrapartida um aumento dos juros, ou seja, um AGRAVAMENTO das necessidades de financiamento.

4. Claro que uma extensão das maturidades poderia ser útil (associada a uma redução dos montantes e juros) para criar uma margem de manobra orçamental para políticas de crescimento económico. Mas não é esse, como se sabe, o objetivo do Governo.

5. O objetivo desta estratégia é simplesmente mascarar o desastre que constituiu o programa de ajustamento, à custa da sustentabilidade da dívida no médio prazo. É uma estratégia míope e irresponsável, que visa exclusivamente prolongar a sobrevivência do pior Governo da nossa democracia, atirando os consequências para os vindouros.

4 comentários:

R.B. NorTør disse...

Parece-me que o ponto mais na mouche é mesmo o ponto 2. Claro que uma pessoa pode sempre pensar que já nem eles acreditam que estarão lá daqui a três anos, mas a verdade é que sempre houve quem achasse que quem diz tudo e o seu contrário era o ideal para nos guiar...

antónio m p disse...

«2) Portugal deve reestruturar a sua dívida e renegociar as
condições e prazos de pagamento, reduzindo a dívida
para 60% do seu Produto» - Resolução da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda aprovada na reunião de 7 de julho de 2012.

Eu sei que esta proposta que tem sido repetida até agora pelo BE e creio que também pelo PCP, é um conjunto, mas convém esclarecer que só funciona nesse conjunto. De outro modo parece que o Governo veio agora dar razão e satisfazer as propostas da Esquerda...

Com amizade.

Anónimo disse...

Há uma diferença entre empurrar com a barriga, agravando ainda mais os juros para um futuro próximo, e a imposição de um haircut que cedo ou tarde vai mesmo ter de ser feito.
Eu pergunto : o investimento em divida publica é um negócio para os credores? É.
Desde quando é que um negócio passou a ser uma actividade completamente livre de risco?!
Os credores têm de se consciencializar que também vão ter de pagar a sua parte.
Porque enquanto continuarem a fazer o cavalo passar fome, um dia acordam, o cavalo morreu e estão sozinhos no estabulo com uma divida monstruosa da qual não irão vêr um centimo.Não haverá dinheiro, qual destas palavras os credores ainda não perceberam?

Pedro Paços Cuelho disse...



NÃO PRECISAMOS DE MAIS TEMPO, NEM DE MAIS DINHEIRO!


Lembram-se? Pois.