“Não é a primeira vez na sua história que o povo alemão é irresponsavelmente enganado por uma liderança que parece ter perdido qualquer sentido da história, qualquer sentido da ordem e da estabilidade na Europa, qualquer sentido do contributo decisivo da Alemanha para a actual crise (…) Mais tarde ou mais cedo a Europa vai ter de concluir que a Alemanha não serve o euro. Deixem que a Alemanha regresse ao marco.”
Joerg Bibow (via economia.info). Vale mesmo a pena ler o artigo. A política alemã de crescimento assente nas exportações, na compressão do seu mercado interno e na imposição de uma política económica ortodoxa torna impossível a recuperação das periferias europeias. Impossível. E nem sequer tem dado grandes resultados na Alemanha. A ideia do regresso ao marco, com a sua consequente valorização, serve apenas para assinalar o problema central dos desequilíbrios nas relações económicas na zona euro e a inexistência de mecanismos que permitam a sua resolução. Não podemos pensar os nossos problemas económicos sem ter em conta o mau arranjo institucional que mina a integração europeia.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
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1 comentário:
1. "... a political class that seems inhumanly uneducated in matters of economics."
Esta frase descreve na perfeição o autor do artigo e o autor do post.
Este tipo de ideias, reflecte uma visão da economia como um jogo de soma nula, em que ou produzo eu, ou produzes tu. Isto é obviamente um disparate!
Os recursos são limitados e procura geral de todos os bens e serviços é superior à oferta, é isso que faz com que os bens e serviços tenham valor. Há espaço para todos produzirem mais, exportarem mais, e consumirem mais, é a isso que se chama crescimento economico.
2. A diferença entre o crescimento do PIB Alemão e o crescimento do PIB dos PIIGS nas ultimas decadas, é que o crescimento do PIB Alemão deveu-se a um aumento da produção e crescimento do PIB dos PIIGS deveu-se ao aumento do consumo. Isto significa que enquanto os alemães andaram a gerar valor, os PIIGS andaram a destruir valor. Está situação é obviamente insustentavel, mesmo que os Alemães abrissem os cordões à bolsa, não poderiam subsidiar eternamente o consumo explosivo e insustentavel dos PIIGS, chegariamos rapidamente ao ponto em que a Alemanha também já não estaria a poupar, mas tambem a endividar-se, isto levaria a que não houvesse poupança para fazer sequer o investimento de manutenção do tecido produtivo, e levaria a uma deterioração economica ainda mais grave.
3. As politicas de depreciação monetaria, como a que Portugal teve até entrar no euro, são beggar thy neighbour porque servem apenas para tornar as exportações mais artificialmente mais baratas
e as importações artificialmente mais caras. A palavra chave é "artificialmente". Ora existem muitos outros eventos economicos que tornam as exportações mais baratas e/ou as exportações mais caras. É isto que se passa com a dita compressão salarial Alemã, uma vez que com o exponencial desenvolvimento tecnologico e fraco investimento no desenvolmento humano (qualificação das pessoas), a taxa marginal de substituição tecnica passou a favorecer muito mais o capital em relação ao trabalho. Este facto tornou esta compressão salarial uma necessidade, de modo a possibilitar à europa competir a nível global com as economias emergentes que partem de nível salariais que são uma fração dos europeus, para o trabalho não qualificado.
Ao contrário do que vocês defendem, a compressão salarial Alemã, não só não é uma politica beggar thy neighbour, como nem sequer foi conduzida a pensar nos neighbours PIIGS, que têm custos de mão de obra exorbitantes.
4. Concluindo, como ja disse num comentario anterior, para a Alemanhã é sempre uma estrategia dominante não ajudar os PIIGS, e se o fizer será exclusivamente devido às pressões politicas. E não se iludam, por mais que a Alemanhã abra os cordões à bolsa, os problemas dos PIIGS e os problemas da europa não se resolverão. Os problemas dos PIIGS só se resolverão quando se livrarem dos seus governos cleptocraticos, ignorantes e irresponsaveis. Quando construirem instituições a sério e conduzirem politicas economicas sustentaveis. Até lá, andaremos de crise em crise, cada qual pior do que a anterior.
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