quarta-feira, 28 de abril de 2010

O nosso barco


"Não rema mais, porquê?" "Você surpreende-me, Fernandez..."
"Estamos ou não estamos no mesmo barco?"

O Diário Económico de hoje apela na sua manchete aos líderes dos dois maiores partidos de forma clara: "Entendam-se!". Na sequência de mais uma descida do rating, a Direita proucra agravar a política recessiva do PEC e o PS presta-se a um papel lamentável: centrar os sacrifícios nas prestações sociais.

Da reunião entre Passos Coelho, saíram duas conclusões: 1) antecipar a política de redução das prestações sociais e 2) antecipar os cortes no subsídio de desemprego.

Partilha de sacrifícios, nem vê-la. O Bloco Central tenta criar um clima de grande unidade nacional em torno de um programa que exige tudo àqueles que sempre pagaram o Estado em Portugal e que, não tendo tido responsabilidade na crise, são mais uma vez chamados a pagá-la.
Não é falta de imaginação. É falta de vontade política.

5 comentários:

Anónimo disse...

ainda n percebi é quais são as pessoas que sempre pagaram o estado...

classe média? é pq os que passam a vida a viver de subsídios não contribuem minimamente...

José Guilherme Gusmão disse...

Não sei se sabe, mas para receber subsídio de desemprego, tem de se ter contribuído, há um período máximo e condições altamente restritivas para o receber. Arranje outro argumento...

sepol disse...

Conheço muitos que fazem do sistema do desemprego o seu modo de vida, ou seja trabalham durante um ano e estão 3 anos no desemprego, destes conheço muitos, quanto aos recebedores do RSI, parece-me que nunca contribuiram para nada ou estarei a ver mal, não me parece.

sepol disse...

Note-se que não fui eu que postei como anónimo, nem sei quem ele é.

Luís Bernardo disse...

Eu também conheço muitos que passam a vida a olhar para a humilhação sofrida por outros seres humanos e a colocarem-lhes as culpas em cima, enquanto se declaram vítimas de uma grande conspiração estatal para lhes retirar direitos. São os mesmos que se afirmam perseguidos e impossibilitados de trabalhar. Se fosse menos politicamente correcto, diria que esses são o verdadeiro problema, em Portugal: gente com tempo a mais, humanidade a menos e apaixonada pelo seu próprio umbigo.

É evidente que, apesar de conhecer "muitos assim", não considero que a responsabilidade seja sua: existe um conjunto de factores estruturais que determina a imbecilidade e a incapacidade de empatizar.

Já que conhece "muitos", diga-me se esses "muitos" constituem uma amostra representativa. É que os defensores da preguiça genética não sabem apresentar dados que confirmem as suas "impressões". Esta demonização das pessoas desempregadas já basta: venham os dados. Sempre serão imbecilidades estatisticamente sustentadas.