terça-feira, 29 de abril de 2008
Até quando?
A comissão europeia confirma a desaceleração do crescimento económico até 2009. A medíocre trajectória da economia portuguesa desde o início do milénio continua. Indefinidamente. Isto significa que o desemprego vai permanecer na casa dos 8%. Também indefinidamente. O desemprego elevado ajuda a assegurar a perda continuada do poder de compra dos salários e a quebra do seu peso no rendimento nacional: «Estes três anos seguidos de aumentos salariais abaixo da inflação são o período mais longo de que há registo desde 1981 até agora» (Público). É a economia política do desemprego. Diz que ajuda à promoção das exportações. Duvido. Em muitos países que são destino das nossas exportações faz-se o mesmo. O resultado global só pode ser perverso: um mercado europeu desnecessariamente contraído por uma orientação de política que depende da sua expansão. Para além disso, a apreciação do euro lá se vai encarregando de corroer a competitividade da nossa economia. É evidente que neste brilhante contexto, Cavaco Silva, esquecendo as histórias dos seus governos, tem de alinhar com os ortodoxos da Comissão Europeia e do governo e apontar para o fim último da política económica deste lado do Atlântico: a assegurar que o défice das contas públicas não aumenta. Custe o que custar. Num cenário de estagnação e de grande instabilidade internacional, isto é convidar o governo a continuar a ser parte do problema. Indefinidamente.
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