Não é por acaso que um dos objectivos mais referidos nos últimos meses por todo o arco austeritário, nacional e europeu, tem sido o da «estabilidade». Os eleitores responderam, na sua maioria, que estão mais interessados numa outra estabilidade: não esta, parada e fechada, mas uma outra, a do movimento e da construção de alternativas possíveis. Alternativas possíveis, com tudo o que isso tem de abertura e de incerteza. É isso a política em democracia (...) Os resultados das eleições legislativas recuperam, na esfera da representação parlamentar, espaços de negociação e de compromisso que aliviam parte das imposições da legislatura anterior. Mas, sobretudo porque o diktat europeu não se alterou (quando pressionado, só se absolutiza), o debate político e a prática política terão de continuar, entre os cidadãos como entre os seus representantes eleitos, a ocupar todos os espaços em que possa informar, analisar, debater, juntar forças. Quando a União Europeia só dá duas hipótese, mais austeridade ou saída do euro, aceitamos sacrificar a vida de mais e mais concidadãos, de qualquer um de nós, ou juntamo-nos, nas ruas e onde bem entendermos, e fazemos política?
Sandra Monteiro, Viva a Política, Le Monde diplomatique - edição portuguesa, Edição de Outubro de 2015. No actual contexto político, um projecto editorial que dá espaço ao debate plural e qualificado entre as esquerdas é ainda mais necessário.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
A política é na rua, pois decerto!
Quem pode ter visão política sem aspirar os eflúvios e a vibração de uma multidão ululante?
Quem pode saber o pensamento do povo sem essa vizinhança acotovelante, inspiradora da boa governação?
Juntemo-nos na rua ou em qualquer lugar, e onde houver hesitação acrescente-se gente que a segurança e a ousadia chegarão.
Avante!
Enviar um comentário