segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Frentes

O historiador britânico Perry Anderson recorda que no Congresso de Viena, em 1815, se verificou uma concertação entre cinco potências (França, Reino Unido, Rússia, Áustria e Prússia) para prevenir a guerra e esmagar as revoluções. A seu ver, a ordem mundial está agora a ser governada por uma nova «pentarquia» informal, que reúne os Estados Unidos, a União Europeia, a Rússia, a China e a Índia. Esta Santa Aliança conservadora, constituída por potências rivais e cúmplices, sonha com estabilidade. Mas o mundo que ela está a construir garante que vão ocorrer novos sobressaltos económicos. E vai alimentar, faça ela o que fizer, as próximas revoltas sociais.

Serge Halimi, Frente antipopular

No ano que agora começa, o «Basta!» que invadiu as ruas em 2012 e mostrou o crescimento da revolta social vai continuar a recusar um programa de empobrecimento e subdesenvolvimento do país, mas vai traduzir também a rejeição de um programa que nunca perdura para sempre: desprezar os povos, tomá-los por parvos. É este duplo «Basta!» que tem de ser inscrito em qualquer solução governativa futura que seja uma verdadeira mudança.

Sandra Monteiro, Descartáveis ou sujeitos de mudança?

Para além de artigos sobre serviço público de televisão ou sobre corrupção, destaque na edição deste mês, no quadro de um dossiê sobre avaliação de políticas públicas, para a desmontagem que o Nuno Serra efectua, no seguimento deste poste, de um estudo encomendado pela fundação pingo doce, e que a comunicação social difundiu sem qualquer escrutínio crítico, para legitimar a criação de ainda mais iníquas barreiras monetárias no acesso ao ensino superior.

1 comentário:

João Carlos Graça disse...

O Halimi não é muito explícito acerca de onde, na obra do Perry Anderson, foi buscar o que refere.
Em todo o caso, parece-me um erro de diagnóstico absurdo. Se é verdade, é pena que alguém como o PA possa estar tão errado quanto aos fundamentos do diagnóstico. (Pode haver fundamentos de verdade aqui e ali, é claro, como a propósito da situação da fiscalidade na Rússia. Mas isso deixa tantas outras coisas de lado!...)
De qualquer forma, creio que conjecturas Weltpolitik deste calibre servem mais para desviar a nossa atenção do que para a centrar no que verdadeiramente importa.
Que tal pensarmos mas é no que vamos fazer com vistas a deixar o Euro e no período subsequente? Creio que isso é bem mais importante do que os delírios "Weltpolitikianos" de académicos talvez demasiado ociosos.
A menos, é claro, que a ideia seja precisamente NÃO falar daquilo que devemos...