quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

O presidente de todas as troikas


Tal como em 2012, um hipócrita e oportunista pensamento económico mágico mora em Belém e a falta de memória mora no editorial de hoje do Público: “pôr cobro à espiral recessiva”, à crise de procura, e cumprir o memorando, combinar crescimento e austeridade necessariamente recessiva, denunciar injustiças flagrantes, mas sempre sem tocar nos credores, claro. Cavaco tenta habilmente manter a hegemonia política que garante privatizações e desregulamentações sociais e laborais sem fim. Este é ainda o desgraçado centro do debate político. Cavaco faz tudo para manter o PS e a UGT atrelados a um memorando e a um putrefacto “consenso social” que os impede de dizer e de fazer qualquer coisa de esquerda, qualquer coisa civilizada, qualquer coisa. Depois do seu inesquecível silêncio sobre a desunião europeia, que durou até ao momento em que a troika aterrou na Portela, Cavaco aponta agora para uma vaga solução europeia, ao mesmo tempo que recusa o uso pelo país de uma das poucas armas – a reestruturação da dívida – que pode forçar a superação do impasse perpetuador da actual política. Enfim, sem surpresa, Cavaco continua a ser o presidente, com p pequeno, de todas as troikas.

8 comentários:

ALEIXO disse...

TALVEZ A CRIAÇÃO DE TRIBUNAIS POPULARES

- COM CONSEQUÊNCIAS CRIMINAIS -

PUDESSE SER UMA RESPOSTA Á IMPUNIDADE,COM QUE SE DESEMPENHAM CARGOS REPRESENTATIVOS NESTE SISTEMA DEMOCRÁTICO,

FEITO Á MEDIDA DE HOMENS SEM PALAVRA E, DOS INTERESSES INSTALADOS.

A REALIDADE DO PRESENTE E PASSADO RECENTE, MOSTRA DE FORMA INQUESTIONÁVEL QUE, O JULGAMENTO DO EXERCÍCIO REPRESENTATIVO,

NÃO PODE LIMITAR-SE... AO VOTO NA URNA!

Anónimo disse...

Correcto

Resta a luta

Diogo disse...

A «reestruturação da dívida», João Rodrigues?


Mas que dívida é esta? Para começar, quanto devemos exactamente e a quem? Alguém já viu a lista das dívidas? Quem a certificou? Quem a auditou? Quem são os credores? E devemos de quê? O que comprámos? O que pedimos emprestado? Em que condições? Quando? Quem pediu? Quem recebeu? Onde e quando? Para onde entrou o dinheiro? Para que serviu? Ainda podemos questionar se o dinheiro foi bem gasto ou não. Se serviu principalmente para encher os bolsos das empresas das PPP, da Soares da Costa, da Mota-Engil, do grupo Espírito Santo, do grupo JoséMello, se serviu para fazer estádios ou se serviu algum objectivo social meritório, mas antes disso eu gostava de saber se devemos mesmo, a quem, quanto e porquê. Eu não sei.

E penso que há uns milhões que também não confiam. É que todos sabemos que há vigaristas que se acoitam nos organismos do Estado, a começar pelo Governo, para servir interesses inconfessáveis. Podemos confiar no Banco de Portugal ou no Tribunal de Contas quando ambos se deixam enganar como anjinhos pelas declarações dos administradores do BCP e do BPN ou pelas contas das PPP? Alguém saberá alguma coisa verdadeira sobre a dívida? Na verdade, deveremos alguma coisa?

Corvo Negro disse...

Nota máxima para o João Rodrigues.

Se os Portugueses não despertarem depressa, o cangalheiro de Belém e os gatos pingados de São Bento, que já "mataram" o Povo em 2012 farão o funeral ao país em 2013.

André disse...

@ Diogo: A "dívida" está na escola dos teus filhos, na estrada que te leva a fazer windsurf, no hospital que te trata das doenças, nos apoios sociais para tirar gente da miséria, na habitação social que tirou meio país das barracas em menos de 20 anos, nos lares de 3a idade, etc etc... A "guita" foi gasta a transformar Portugal num país equiparável à Europa Top 20 em vez de ser equiparável à Albânia como era em 1974.
Não há país ou povo no mundo que não tenha crescido a contrair dívida. É assim há milhares de anos. Os alemães se não fosse a divida que contraíram junto dos restantes países europeus - Grécia e Portugal incluídos- e que na generalidade nunca pagaram de volta (sem alguma vez terem sido apelidados de caloteiros)seriam hoje um deserto de miséria.
Ambicionar não ser pobre ou querer comer bifes em vez de atacadores só é crime, num mundo fascista onde os pobres só servem para servir os ricos e assim se resume a sociedade.
As PPPs, esse Adamastor fascista que só impressiona ignorantes, significam nem 2% do PIB! Portanto não representam rigorosamente nada!ZERO.
E sim essas continhas foram feitas, estão aqui: http://blogoexisto.blogspot.pt/2012/08/as-ppp-explicadas-ao-povo-e-as-criancas.html

A dívida Grega não representa sequer 2% da dívida europeia
Portanto o problema não é a dívida: é a capacidade para a pagar! Quem não percebe isto não percebe nada.

Anónimo disse...

@ Diogo:

"If they can get you asking the wrong questions, they don’t have to worry about answers" Thomas Pynchon

Este é o seu caso.

João Carlos Graça disse...

Caro João
Discordo um pouco/muito de si, desculpe lá que lhe diga.
A "hegemonia" está, parece-me, algo "atrás" ou "antes" daquilo que diz.
Na verdade, começa no próprio momento em que a esquerda se deixa "nanni-morettizar".
Se é que me faço entender...
Bom 2013 para si (under ther circumstances),
JCG

R.B. NorTør disse...

Que a dívida existe, nao penso que seja motivo de questao, o que poderá acontecer é querer-se saber porque é que essa dívida foi contraída.

Claro que isso nos obriga a separar a dívida em dois tipos: a que nos permitiu construir escolas, hospitais, prestar apoios sociais e outras benesses do desenvolvimento, e aquela que foi contraída de forma puramente especulativa (ou de como o Estado emprestou dinheiro aos bancos para comprarem dívida, sendo que o juro do empréstimo é inferior ao da dívida).

No caso das PPPs convém ver de que forma os contratos foram feitos. Nao sou um particular adepto dessa ferramenta, mas existindo tem de ser feita com pressupostos rigorosos. Neste caso, se existe um contrato lesivo para o Estado entao algo tem de ser feito. Nao sei em que moldes. Ou a entidade que lesou o Estado assume os valores contraídos para lhe pagar, ou reembolsa os valores e juros...

Agora, a dívida nao é sacrossanta, mas tambem nao é invisível. De pouco nos serve andarmos a pagar dívidas para no dia em que finalmente deixamos de as ter, termos de contrair outro empréstimo porque nao temos como subsistir.