Texto de Maria João Avillez no Público |
A julgar pela pena de Maria João Avillez, na peça que hoje assina no jornal Público, tudo teria acabo bem com a saída limpa de Portugal do estúpido procedimento por défices excessivos, depois de uma explosiva e socialmente desastrosa intervenção da troica. Havia, pois, uma "herança" a abrilhantar.
A propósito desses estragos - que ainda hoje perduram e foram agravados com a pandemia - já se escreveu aqui. Marcelo Rebelo de Sousa também achava em 2015 que tudo tinha corrido bem e que havia uma "herança" a comemorar. Não, não houve. Foi um desastre. Está ainda a ser um desastre, apesar de algumas das medidas então tomadas - poucas - terem sido revertidas. E o que muito do que melhorou desde 2015 teve a ver com essa mudança. E convém repeti-lo à exaustão para que não se lembrem de votar novamente nessas políticas, defendidas por PSD, CDS, IL e pela extrema-direita. E nalguns casos, o PS alinha com eles.
Concretamente, do que se orgulha esta direita do que foi feito com uma intervenção que obrigou o povo português - e os mais pobres - pagar um empréstimo ruinoso ao Estado, para salvar bancos alemães e franceses que tinham apostado no saque das finanças públicas portuguesas, obrigadas a elevar as taxas de dívida pública porque um BCE inoperante não estava para regular esse saque... E tudo foi aproveitado para desregular o emprego e o desemprego, a ponto de presentemente se viver uma situação de calamidade no Trabalho, com salários e condições contratuais própria de um cataclismo social. Quais foram as vitórias conseguidas com essa intervenção? Onde estão os ganhos de competitividade prometidos? Onde está o saldo das contas externas equilibradas?
E questiona-se Maria João - sem estranhamente conseguir responder - onde estão os "oficiantes (...) que ninguém os viu cuidar da herança"? Mas a resposta existe: Vítor Gaspar fugiu para o FMI. Paulo Portas foi tratar de negócios para o México. Álvaro Santos Pereira foi para a OCDE. E se Passos Coelho aparece ainda, é já com um novo visual, também para lembrar que nada nele tem a ver com os desastrosos momentos que foi aquele mandato de 2011 a 2015.
Não funcionou! Repita comigo, Maria João: não funcionou! O legado foi um desaatre.
8 comentários:
A herança foi mesmo essa:baixos salários e um autentico assalto/confisco ao contribuinte.Depois conheço "empreendedores" de PME`s que se vangloriam dos rendimentos que auferem,ao mesmo tempo que choram a rir dos salários que pagam.Pequeno exemplo:empresa de mecânica e vendas de peças onde os 2 sócios levam 5 mil euros para casa,pagam ordenado mínimo,continuam com a técnica"com factura ou sem factura",e cereja no topo do bolo,são financiadores e elementos activos do Chaga.Chega? João lopes
« havia uma "herança" a comemorar. Não, não houve. Foi um desastre.»
Como assim?
Quem comemorou e fez a festa foi a geringonça, com reversões e distribuições, e chegamos à pandemia com tal fulgor económico e social que dificilmente haverá bazuca que nos desperte...
Outros na TAP, EDP, Arrow, e por aí adiante. Criou-se muito emprego, de facto.
Maria João Avillez não é propriamente brilhante…
A senhora, ao contrário de outros pafistas, não se deu conta ainda que o “não há alternativa”, “não sejam piegas”, “saiam da zona de conforto”, “desemprego é uma oportunidade” e “emigrem” não são uma herança que se deve andar por aí a vangloriar.
Outros pafistas mais inteligentes que a Maria João Avillez, tendo alguma noção do que realmente foi o pafismo, ficam calados ou tentam defender a mesma coisa de forma dissimulada, e mesmo dissimulando os pafistas têm dificuldade porque a ladainha austeritária está mais fácil de identificar em 2020.
Maria João Avillez, outra que vive em uma bolha de privilégio, não sentiu a austeridade, logo, toca a defender mais do mesmo.
Neoliberalismo não falhou, está a produzir precisamente aquilo que estava destinado a produzir, e é esta a herança que Maria João Avillez se orgulha…
Imaginem quando a população portuguesa finalmente descobrir que não houve nem “bancarrota” nem “socialista”, e que a União Europeia, seus tratados e o Euro são construções ideológicas destinadas a forçar a austeridade. Cabeças vão explodir (metafóricamente), incluindo as cabeças de não tão poucos “socialistas”…
Quem quiser vê-los, podem observá-los na lavagem de cosmética televisa aos fins de semana, aproveitando o esquecimento deste povo de por onde passou e que está enterrado até ao pescoço com cumplicidades múltiplas, banqueiros salteadores dos próprios bancos, políticos dos mais corruptos do mundo e ainda outros de maior importância que certamente não acreditam no Divino, apesar irem vendo sua família sendo devastada, depois de terem sido responsável pela morte de milhares através das misérias que impuseram aos seus donos, BCE, FMI e companhia. Um karma terrível para qualquer, mas não para aqueles que teimam estar à espreita do desgaste de outros companheiros do assalto ao poder, para um dia destes se banquetearem em mais um piquenique de abutres com a mudança de turno e gamelas dos que nos dizem que nos governam.
Funcionou, amigo!
Foram 25 biliões de calotes que não foram pagos.
Foram caloteiros que não foram presos, cujos bens não foram executados, que continuam no ativo, que continuam a receber empréstimos a descoberto dos mesmos bancos.
Foram 50 biliões (que incluiu parte do calote) que saíram do País para as offshores, com os cumprimentos do então Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, que "não viu" as transferências entre 2011 e 2015.
Também não devemos esquecer outro "feito" dos "além-da-troika", os 6+ BILIÕES que foram para pagar as dívidas do grande bastião laranja no oceano Atlântico- a Madeira.
De facto, amigo, o correr bem ou correr mal depende do ponto de vista.
Repare que até conseguiram eleger uma maioria nos Açores.
O facto de esta maioria ter sido alcançada com a ajuda de um partido populista de tendências xenófobas mostra que a narrativa da direita continua a vender.
O problema está em pensarmos que a alminha penada que escreveu aquela coisa estava a falar para todos;não, estava apenas a falar para a classe a que pertence.
Tal como o Pasquim onde escreve.
Mais uma vez, muito bom
A questão não está nas bolhas em que "jornalistas" vivem ou não vivem nem nas cabeças que vão explodir como num desenho de má banda desenhada.
Nem os instrumentos mediáticos se destinam a falar para a "classe a que pertence"
Nem os pafistas são uns mais inteligentes e outros menos inteligentes, porque calados ou a falar.
Nem o chega é apenas "um partido populista com tendências xenófobas".
A poeira rebolucionária serve para quê? Para fazer passar o TINA por entre os pingos da chuva
Ah e não são "calotes". É o "sistema" a funcionar.
Entretanto: Os "oficiantes ... Vítor Gaspar fugiu para o FMI. Paulo Portas foi tratar de negócios para o México. Álvaro Santos Pereira foi para a OCDE. E Passos Coelho aparece ainda com um novo visual.Montado na sua clássica segunda derivada e a gritar pelo diabo
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