Numa perspectiva de Economia Política, e pelos relatos dos participantes à época, sabemos que era impossível avançar em simultâneo com uma política monetária e uma política orçamental únicas. Esta pressupõe um Orçamento supra-nacional e as suas escolhas são, por natureza, políticas. Não havia, ainda não há, e não haverá num horizonte imaginável, um "povo europeu" com o respectivo Parlamento e instituições democráticas.
Ainda assim, contra as recomendações dos relatórios que a Comissão encomendou, decidiram avançar num projecto estruturalmente deficiente: não há (nem haverá) transferências orçamentais para as regiões mais frágeis numa escala idêntica à das que a Alemanha hoje faz, todos os anos, para as suas regiões mais pobres. Nem haveria unanimidade na UE para dar esse passo: a dissolução dos Estados, convertendo-os em regiões (pouco) autónomas.
Para preservar os convites, Stiglitz não pode ir mais longe. Mas, lendo-o, ou ouvindo-o com atenção, percebe-se que ele sabe que o salto qualitativo que poderia salvar o euro não é possível. Stiglitz conhece a raiz do problema, pelo menos na sua dimensão orçamental, mas quer continuar a ser conferencista muito bem pago.
Cabe-nos a nós, economistas da Economia Política, explicar ao cidadão comum que o € pode arrastar-se penosamente até ao colapso. Com muito sofrimento para "os de baixo" e muita responsabilidade de vários sectores da esquerda.
13 comentários:
Stiglitz é um economista com um trabalho notável e que, se bem me recordo, aconselhou a Grécia durante o período da tentativa de negociação de um pacote de resgate menos penoso. O Jorge Bateira diz-se um 'Economista Político', seja lá o que isso for, e que tem passado os últimos cinco ou seis anos a dizer a mesma coisa, e que agora, na impossibilidade de atacar o curriculum de Steglitz, lhe ataca antes a integridade. Da sua parte, só ouvimos generalidades, sem que se perceba quais as políticas que permitiriam ao País sair do Euro sem que isso gerasse inflação, instabilidade e uma mais que provável perda de rendimentos, sobretudo dos mais pobres, ou na inevitabilidade de tais efeitos, quais as medidas de contingência a tomar para os minimizar (e como atuar perante a mais que provável reação dos nossos parceiros internacionais perante aquilo que seria uma reestruturação unilateral da dívida). Não vamos lá só com discursos motivadores de PMs ou com uma Frente de Libertação do Euro (só o nome dá vontade de rir). É interessante que Stiglitz, entre outros, criticou Le Pen numa carta ao Le Monde: http://www.lemonde.fr/idees/article/2017/04/18/25-nobel-d-economie-denoncent-les-programmes-anti-europeens_5112711_3232.html, ao passo que Jacques Sapir, que gosta de citar amiúde, tinha isto a dizer segundo o Liberation: «le second tour montrera si les électeurs français préfèrent garder d’anciennes solutions vouées à l’échec ou décident d’en essayer des courageuses et certainement jamais éprouvées» (ver aqui: http://www.liberation.fr/france/2017/05/03/l-appel-au-vote-pour-marine-le-pen-encore-tabou-pour-les-neo-reacs_1567030). A bon entendeur... Depois, não querem ser metidos no mesmo saco da Extrema-Direita... Cuidado com as companhias... Na verdade, o que o discurso da 'Soberania' pretende esconder é a falta de vontade (ou a incapacidade) em apresentar uma política económica alternativa, porque tal como Le Pen foi esmagada por Macron no debate devido à sua falta de preparação, os 'Economistas Políticos' também seriam esmagados nas urnas...
Mais um sério aviso à navegação
A pergunta é.
Em que saco quer ser metido Jaime Santos?
A que propósito este seu propósito de comentário duma agressividade descabelada?
O que faz correr desta forma Jaime Santos mais os seus insultos pequenos e vesgos?
Esmagados nas urnas? Mas por todos os santinhos , saberá este tipo o que diz?
Jaime Santos:
O que os Jorges Bateiras e suas claques nunca explicam é porque razão se vivia tão mal no escudo e tivemos 2 resgates entre 1977 e 1983 (e sem nenhuma crise internacional como a de 2007).
E que as flores cavaquistas, que lhe deram 2 maiorias absolutas, só foram possíveis graças aos fundos europeus: só no 1.º quadro comunitário (entre 1989 e 1993) entraram 14,6 mil milhões de euros.
Por isso passámos a ir de Lisboa ao Porto em 3,5 horas.
Que experimentem ir pela EN1 ou de Lisboa a Faro pela EN2.
Não foi você que mostrou agressividade no seu comentário, quem o faz são os que estão receosos de que (com o Brexit e Macron, as coisas melhorem na UE, aliás, já estão a amenizar-se os discursos, até o quadrado do vice-presidente Dombrovskis já fala de crescimento em vez de austeridade), repito, os que estão receosos de que os seus desejos «independentistas» (com o escudo como moeda) fiquem para novos amanhãs que cantem lá para as calendas gregas (que, como devem saber, não existiam, o que existia eram as calendas romanas).
Os Jorges Bateiras e suas claques têm sempre soluções do tipo «chave na mão», que podem vender baratas porque sabem que nunca as porão em prática.
Se pusessem é que se iria ver a sua «bondade» e a «ausência» de problemas que elas trariam.
De muito mau gosto chamar para aqui um debate televisivo entre Macron e le Pen.
Quem coloca aqui as suas opiniões não está a ser candidato a coisa nenhuma. Para aquilatar da validade das suas teses ou simplesmente para ajuizar uma sua opinião própria, ainda não se exige o veredicto nas urnas.
Parece que há uma grande confusão na cabeça de Jaime Santos. E o que é grave é que, independentemente de outras questões, é no cerne do conceito da liberdade de opinião que JS mostra que há qualquer coisa de errada com ele. Sob o ponto de vista democrático.
Stiglitz e Jorge Bateira, Jaime Santos ou qualquer um exprimem o que exprimem. Usam argumentos em sua defesa. Saltar daqui para uma votação sabe-se lá a propósito de quê,é um acto que, mais do que desonesto, parece tresloucado.
Sinceramente, como é possível tal anquilosamento anti-democrático? Tal perturbação perturbada?
Coitado de Darwin. Olha se a sua teoria da origem das espécies tivesse sido posta à votação?
Lê-se o texto de Sapir ( em inglês, que é para lá que atira o Liberarion) e percebe-se que ele é muito mais do que a síntese traçada pelo dito jornal e replicada por Jaime Santos
http://russeurope.hypotheses.org/5929
Mas o que não se percebe é que, para criticar Bateira, se vá buscar Sapir a pretexto de ser por aquele citado muitas vezes.
Parece que há algo que não cola. É o mesmo que para criticar Jaime Santos se usasse as suas referências a Macron, um assumido traidor do Partido Socialista e amante confesso dos grandes interesses económicos.
Seria tentador equacionar aqui uma frase rasteira do género:
Depois não se queixem que se colem estes tipos a vulgares traidores do seu ideário e que os acusem de franquear as portas à extrema-direita.
Mas francamente este tipo de discurso não me interessa. Deixo-o para Jaime Santos
O Jorge Bateira até pode discordar de Stiglitz mas posso assegurar - lhe de que ele não precisa de fazer conferências para viver muito bem! Só o seu status aqui na Columbia University e-lhe mais do que suficiente! Já para não falarmos das outras actividades,além das conferências, em que está envolvido. Já voce...continue a ser economista político?!
Avelino País
Ó Avelino, deixe-me agradecer-lhe penhorado. Você foi tão pressuroso a demonstrar a razão, que acabou por mostrar a vacuidade que a suporta. Pois claro Avelino, o sucesso (traduzido em bem-estar e riqueza pessoal) é que é o nosso farol - ético, académico, científico. A razão, os princípios, a verticalidade? Que se lixem com f grande, que o Mundo é dos empreendedores.
Mas já agora e um bocadinho capciosamente, não tenho dado por si nas listagens da Universidade de Columbia. Há-de ser tudo um mero lapso que rapidamente será corrigido, pois claro.
A resistência à ausência de almoços grátis transformada em factor cultural e político.
Jorges Bateiras e claques?
Linda argumentação. Assim do gênero da bondade transmitida pelo Jaine Santos.
Assim nao vao lá.
Os " almoços grátis " vieram de Friedman, se não me engano, e são papagueados por esse expoente da nossa cultura que se chama João César das Neves.
Ora bem. Quando o discursito tende a replicar " mestres" desta categoria estamos conversados.
Como o algodão, a mediocridade não engana. Mesmo que escondida em comezainas da legiao, que parece que não eram mesmo pagas para os protegidos regimentais.
Mas isso sabe melhor herr jose que andou para aqui a propagandear tais almoços...grátis pois claro. Ao som do " lá vamos cantando e rindo"
Anónimo das 9.47: o meu comentário apenas se refere a parte final do Post do JB em que diz que
que Stiglitz "quer continuar a ser um conferencista bem pago". E pelo que conheço ele não precisará disso.
Não me encontrou nas listas de Columbia porque eu não lecciono, não estudo na Columbia Universidade. Estudei no ISEG e na Fordham University. Mas vivo em NY há 40 anos e tenho alguns amigos na Columbia que conhecem bem Stiglitz. Daí o meu comentário. Se dei a entender que trabalhava na Columbia,peço desculpa. Não foi minha intenção em por me em bicos de pes!
Mas por certo assino os meus comentários,não me escondo atras do anonimato...
Avelino País
Para os que não sabem o que é a "Economia Política", vide a Enciclopédia Britânica:
https://www.britannica.com/topic/political-economy
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