terça-feira, 13 de junho de 2017

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A vinculação da segurança na reforma à segurança no trabalho, com a correspondente articulação de políticas públicas nas duas áreas, vai sem dúvida continuar a suscitar a oposição de instituições europeias e internacionais, marcadamente neoliberais. Mas sem essa vinculação a orientar as escolhas políticas depressa se resvala para a substituição do Estado social por um regime assistencialista. Um regime que começa por trocar o direito ao trabalho digno, e para todos, pela exploração crescente de um exército de desempregados, precários e trabalhadores pobres, para acabar a gerir uma sociedade com cada vez mais pobres, quando em vez disso devia ter sido travado, logo no emprego, um combate tenaz às desigualdades.

SandraMonteiro, Segurança na reforma começa no empregoLe Monde diplomatique - edição portuguesa, Junho.

Aos olhos deles, a tempestade passou, a eleição de Donald Trump e o Brexit quase estão esconjurados. A ampla vitória de Emmanuel Macron entusiasmou os meios dirigentes da União Europeia. Um dos seus comentadores ajuramentados, ronronando de felicidade, considerou mesmo que se tratava do «primeiro golpe decisivo contra a vaga populista». Aproveitar o momento para fazer passar em força o programa neoliberal da Comissão Europeia entusiasma, portanto, os novos governantes franceses, que têm em mira o Código do Trabalho. Uma orientação política idêntica será agora representada em Paris por um homem mais jovem, mais culto e menos radicalmente desprovido de imaginação e de carisma do que o seu antecessor. Os milagres da comunicação e do «voto útil» permitem travestir esta ligeira mudança e apresentá-la como uma viragem histórica que abre caminho a toda a audácia. O apagamento da clivagem entre os dois campos, de que se faz chantre uma comunicação social ocidental à beira de desfalecer perante o seu mais recente prodígio, é também uma fantasia. Com efeito, desde 1983 que a esquerda e a direita francesas aplicam, à vez, a mesma política. Doravante, sectores de uma e de outra vão encontrar-se num mesmo governo. No futuro encontrar-se-ão numa mesma maioria parlamentar. Ganha-se em clareza, mas não mais do que isso.

Serge Halimi, Os anos loucosLe Monde diplomatique - edição portuguesa, Junho.

2 comentários:

Jose disse...

Duas caricaturas de uma solução que ignora donde parte o problema.
Sem garantirem a viabilidade de uma economia fechada, nem de lhe avaliarem as consequências, propõem-se regulá-la como se existisse e fosse um sucesso.
Só falta complementar o engodo com uma generosa abertura a emigrantes e refugiados.

Anónimo disse...

Duas caricaturas, dirá por ai alguém que fala depois em sucessos e em engodos.

Vai longe a regulação do estado-novo que lhe confortava a alma e lhe sustentava a ideologia.

Agora "isto".

Uma patetice confrangedora em jeito de fuga taralhouca.


O semblante carregado por lhe teren denunciado o estado à moda da Jonet e a promoção do desemprego pela tralha neoliberal.

Mais a impotência de não ter nada a dizer sobre i engodo do sistema eleitoral francês.

Infelizmente para estas coisas, a luta em França vai continuar. E isso transportá-lo-á para outras épocas em que foi apanhado com as calças na mao.

Sobra o racismo semi-oculto