quinta-feira, 29 de junho de 2017

Distopia social

Rui Tavares denunciou na segunda-feira uma distopia social – a “sociedade custo-benefício”, ou seja, uma sociedade onde a dignidade humana corre o risco de ser posta em causa por quem julga que sabe o preço de cada vez mais coisas, quando apenas está a obscurecer muito do seu valor.

Na realidade, a análise custo-benefício é uma derivação não tanto da gestão, mas essencialmente da filosofia espontânea da economia convencional, o utilitarismo. É um guia ideológico para as políticas públicas, mas que passa por neutro, e que tem múltiplos problemas, como Ana Costa e eu defendemos num artigo publicado há quase uma década. Infelizmente, creio que pouco mudou nesta área.

É então preciso distinguir o esforço de deliberação racional, que passa também por uma avaliação dos custos e dos benefícios, em sentido amplo e multidimensional (sabendo que o que é visto como custo e como benefício depende de uma estrutura prévia de direitos e obrigações), da ilusão perigosa de que todos os custos e benefícios podem ser reduzidos a uma mesma métrica de natureza pecuniária, como se os mercados idealizados estivessem por todo o lado, o que apodámos de nexo comensurabilidade-mercadorização.

27 comentários:

Anónimo disse...

Mais uma vez na mouche

Jose disse...

A dignidade é um valor eminentemente individual que nesta cena anti-individualização anda tratada ao nível de mercadoria com cotação e dados técnicos bem definidos ao gosto de cada onda de politicamente correcto.

Como correcto mesmo é o político-esquerdalho logo resulta que fazer contas é já de si uma ofensa à dignidade humana.

Anónimo disse...

Pilitico-esquerdalho?

Isto é linguagem?

Isto é a prova provada de desnorte e de inquietação.

E tambem de pesporrência.

Que fique vincado este nível argumentativo

Anónimo disse...

A cena anti-individual é também outra cena curiosa.

Não se sabe(ou talvez se saiba) qual a cena de se invocar uma cena que não se invocou

Como a dignidade humana é tratada como uma mera mercadoria pelos agiotas do mercado e pelo grande patronato já se percebe que todo o paleio deste sujeito é afinal puro paleio.

As contas que ele atribui à dignidade variam de acordo com o perfil na escala de classes.
Perguntai o choradinho que faz pelo nao pagamento de impostos a proletários como o Antonio Borges

E a sua raiva quando convoca aos despedimentos da arraia miúda

Anónimo disse...

Seja dito em abono da verdade que a dignidade humana é um valor inerente à pessoa.

Mas é relevante referir que o reconhecimento da dignidade se faz inerente a Todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis.

É ler também Kant.

Pelo que a dicotomia com a " anti-individualizaçao" é por um lado puro disparate porque bebe de grosseira ignorância.

E por outro, de marca ideológica ainda mais grosseira e sinistra

Anónimo disse...

Rui Tavares está maioritariamente equivocado quanto à sua crítica, assim como João Rodrigues. Na Saúde o facto base que justifica a análise custo-beneficio, é o não haver dinheiro para tudo, logo, é necessário estabelecer prioridades, para maximizar os efeitos benéficos do dinheiro disponível! Isto é uma verdade geral em todos os países, sendo que alguns escondem melhor este facto do que outros...
Em relação a João Rodrigues continua a confundir o que é o Utilitarismo! Não, não é uma filosofia espontânea da Economia, é antes uma corrente (das mais importantes) dentro da Filosofia Moral, que tem sido usada em vários campos fora da Filosofia, como por exemplo na Economia do Bem Estar.

Anónimo disse...

Na saúde o facto base que justifica a análise custo-beneficio é o não haver dinheiro para tudo? Logo, é necessário estabelecer prioridades, para maximizar os efeitos benéficos do dinheiro disponível!?

Mas isto é uma justificação?

Isto é apenas a confirmação do denunciado no post de João Rocrigues
Apresenta-se como "neutro" o que tem múltiplos problemas, escondendo que o "estabelecimento de prioridades" é um "sítio" mal frequentado, dependendo de múltiplos factores

As políticas de saúde não têm assim a racionalidade com que se querem apresentar através duma anódina relação custo-benefício.

É ler o texto:"É então preciso distinguir o esforço de deliberação racional, que passa também por uma avaliação dos custos e dos benefícios, em sentido amplo e multidimensional (sabendo que o que é visto como custo e como benefício depende de uma estrutura prévia de direitos e obrigações).

E ler o trabalho que nos é linkado

Anónimo disse...

"Algumas das fragilidades da Análise custo-benefício (ACB) em parte radicam na adesão a um conjunto de pressupostos teóricos que se tornam tanto mais questionáveis quanto pretendem servir de suporte para a intervenção sobre uma realidade social cuja complexidade são incapazes de captar. De facto, os métodos utilizados revelam-se extremamente frágeis face à variedade das motivações e dos comportamentos humanos em múltiplos contextos. Esta fragilidade é ainda mais significativa se considerarmos que, na maioria dos contextos, há razões morais e/ou sociais que influenciam a escolha e a acção individuais. A adopção de uma outra visão da racionalidade, em que o indivíduo é dotado de capacidade de auto-reflexão, determina que a incomensurabilidade e a possibilidade de conflito entre valores estejam presentes em várias situações de escolha. O pluralismo de valores, assim como a possibilidade de conflito serão ainda mais evidentes quando estão em causa situações de interacção social. Perante isto, a validade da aplicação da Análise custo-benefício como instrumento primordial de avaliação das políticas públicas é bastante questionável.

Esta visão da racionalidade corresponde um entendimento mais vasto do processo de deliberação que se estende aos próprios fins da acção. Segundo Richardson (2000), a possibilidade de deliberação sobre os fins põe em evidência novas limitações da ACB, uma vez que esta supõe que os fins da acção são fixos e já estão perfeitamente estabelecidos. Richardson (2000: 987‑990) argumenta que a possibilidade de se poder deliberar sobre os fins pode ser uma das formas de ultrapassar a tensão entre valores incomensuráveis, sendo possível: (1) procurar novas e melhores soluções para o problema em causa, o que significa que os fins não são fixos e definidos a priori, tal como acontece na análise custo‑benefício, e que a resolução do problema é iterativa; (2) resolver ou ultrapassar conflitos entre fins ou valores distintos através da sua redefinição, de modo a estabelecer um quadro mais coerente de fins; (3) discriminar entre diferentes fins de acordo com as circunstâncias ou o contexto da acção; (4) promover certos meios a fins. As preferências são assim potencialmente maleáveis e volúveis, porque são construídas durante o próprio processo deliberativo, tomando como referência as circunstâncias que caracterizam o contexto específico que envolve a escolha".

Anónimo disse...

"É então preciso distinguir o esforço de deliberação racional, que passa também por uma avaliação dos custos e dos benefícios, em sentido amplo e multidimensional (sabendo que o que é visto como custo e como benefício depende de uma estrutura prévia de direitos e obrigações), da ilusão perigosa de que todos os custos e benefícios podem ser reduzidos a uma mesma métrica de natureza pecuniária, como se os mercados idealizados estivessem por todo o lado, o que apodámos de nexo comensurabilidade-mercadorização."

Jose disse...

A dignidade sendo um valor eminentemente individual não nega que seja um direito de todo o homem (aqui o politicamente correcto diria de todo o homem e de toda a mulher!)
Notem que aí acima logo se introduz em tom 'científico' que com «seus direitos iguais e inalienáveis». Tanto basta para colocar no 'mercado da igualdade' a definição do que é digno ou indigno.
E queixam-se que haja quem se sintam autorizado a definir o que seja a dignidade dos outros!

Cada um age segundo a sua dignidade e, minha opinião, há muita gente indigna - que não tem a minha noção de dignidade.

Anónimo disse...

Abandonada a patetice trafulha da dicotomia individualização /anti-individualização .

A ignorância tem limites. Ainda bem, mesmo que seja preciso colocar alguns pontos nos is

Anónimo disse...

Mas infelizmente a ignorância ( ou outra coisa) aparece aí mascarada de outra forma

Não vale a pena citar a idiotice pura do "politicamente correcto ", a propósito do homem e da mulher. Isso é simplesmente conversa para boi dormir.

O que persiste é esta amostra de alguém que fala de "dignidade" sem saber o que isso seja. E depois a referencie ao seu umbigo e à sua noção específica de dignidade.

Infelizmente os conceitos estão para alem das "noções ou não noções". Uma má notícia para os ignorantes





Anónimo disse...

A acusação do "tom científico" quando se fala em "direitos iguais e inalienáveis terá sido a mola para uma tal manifesta expressão de ignorância ? ( ou outra coisa mais?)

A questão não tem nada de científico. A questão não tem a ver com o "mercado" invocado do que é digno ou indigno ( ????). A questão tem a ver com avanços civilizacionais. Com a própria dignidade humana. Com o " valor moral e espiritual inerente à pessoa. Todo o ser humano é dotado desse preceito, e tal constitui o princípio máximo do estado democrático de direito".

Se se conhecesse alguma coisa de Kant era obrigatório saber que "as pessoas deveriam ser tratadas como um fim em si mesmas, e não como um meio (objectos)."

"No reino dos fins, tudo tem ou um preço ou uma dignidade. Quando uma coisa tem preço, pode ser substituída por algo equivalente; por outro lado, a coisa que se acha acima de todo preço, e por isso não admite qualquer equivalência, compreende uma dignidade."( Kant)

"[...] temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que asseguram a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação activa e co-responsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos." (Wolfgang Sarlet).

E este reconhecimento da dignidade é extensivo a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis. É o fundamento da liberdade, da justiça, da paz e do desenvolvimento social.

Isto pode-se ler em qualquer sítio.

Não se pode é deixar passar em claro o rancor face à "ciência" ( aqui evocada desta forma tão despropositada) nem sobretudo o carácter racista e xenófobo de tentar limitar o princípio da dignidade humana a apenas uns tantos eleitos. Estes princípios não respeitadores da universalidade da dignidade humana tem mais a ver com teorias eugénicas que sustentaram o nazismo e francamente não merecem o mínimo respeito nem consideração. São lixo e eexcrementos a evitar

Anónimo disse...

A questão não tem a ver assim com a "opinião" que há gente digna e indigna. Ou com a opinião do que é a dignidade por parte de a , b ou c. É natural que um adepto do racismo ou da tortura invoque a sua "opinião" sobre o que ele considera ser digno ou não digno.

Só que isso não permite fingir que não se percebe ou fugir para idiotices sobre a sua própria noção do que é a dignidade humana.

Os nazis também tentaram produzir doutrina sobre o assunto, considerando que os judeus e os comunistas não tinham dignidade. Invocavam assim a sua própria "noção" de dignidade

Estamos assim, para este tipo de argumentos, no reino da defesa do que é simplesmente abjecto.


Anónimo disse...

Esta questão do custo-benefício na Saúde já é requentada! Quem não se lembra da controvérsia Racionalidade VS Racionamento na saúde por altura da Troika, que mobilizou os agentes da Saúde e as suas instituições, envolvendo inclusive CNECV?! No análise custo-benefício geralmente vem quantas vidas são salvas em relação com o dinheiro gasto, entra portanto com taxas de mortalidade (e também morbilidade). Isto é usado por exemplo pelo Infarmed para aceitar a introdução de um medicamento ou tecnologia inovadora, comparticipada pelo Estado. Portanto as limitações económicas reflectem-se em vidas que não são salvas! No Reino Unido esta metodologia é amplamente divulgada e a instituição responsável chama-se NICE, sendo que existe um cut-off de custo-beneficio, acima do qual o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido não disponibiliza a intervenção!

Anónimo disse...

Pois esta conversa sobre o custo-benefício da saúde já é requentada.

Mas pelo facto de o ser não quer dizer que deixemos de a ter. Sobretudo quando se apresentam como "argumentos" a troika ou o Infarmed ou o Reino Unido.

Precisamente este caso do RU é um bom exemplo da forma enviesada como se analisam estas questões de custo-benefício. Causou grande polémica o facto de algumas das unidades neste país excluírem das suas listas de candidatos a transplantes pessoas que fumavam. Ou que tinham fumado um x número de anos Houve casos em que foram retirados de listas pessoas que tinham adquirido cirrose hepática e posteriormente tumores pelo facto da origem destes ser...pelo álcool.

Verificamos assim aquilo que é denunciado no artigo de João Rodrigues. Vemos também que o exemplo citado é um mau exemplo.

A degradação do SNS inglês é um facto. Os seus indicadores assim o mostram. A opinião pública também.
E para tal degradação contribuíram fundamentalmente questões políticas. Que não cabem nas pretensas questões assépticas da relação custo-benefício.

Tal como não caberá dizer a forma como se atribui a fatia de bolo dedicada à saúde. Quando o RU dedica um montante extremamente elevado ao seu orçamento de defesa estará a pensar no cut-off do custo-benefício para uma determina intervenção médica?

Infelizmente a pedantice vai de par com a ignorância. Atentemos ainda num pormenor maior. Quando se convoca o CNECV (Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida) para a discussão começamos logo a ver que o debate extrapola logo para outros aspectos que não os "tecnicistas" que nos querem impingir.

Anónimo disse...

Mas o estado requentado que nos é referido com o enfado típico de quem acha que o "assunto" está arrumado demonstra, voluntariamente ou não, algo mais.
Que ao contrário destes enfados, não há que ter medo de discutir assuntos, pretensamente arrumados por um "utilitarismo" suspeito. E que as pretensas verdades definitivas são uma farsa, de resto comprovada pela própria Ciência.
Ninguém coloca em questão a importância de tais estudos ( é ver o que o autor do texto diz) O que se questiona é a pretensa pureza destes.E que todos os custos e benefícios possam ser reduzidos a "uma mesma métrica de natureza pecuniária, como se os mercados idealizados estivessem por todo o lado".

Mesmo do ponto de vista da área da saúde uma questão controversa é a valorização da vida humana. Isto de resto foi reconhecido pelos defensores de tais avaliações usando análises de custo-utilidade, em que os benefícios são expressos em unidades não-monetárias, como anos de vida ajustados pela qualidade (quality-adjusted life year) apontado aí em cima de forma um pouco esconsa. Mas o que se passa é que se formos objectivose estas têm utilidade limitada para avaliar políticas alternativas com resultados substancialmente diferentes. Além disso, muitos outros benefícios ou prejuízos podem derivar dessas políticas, e métricas como o custo por vida salva podem levar a uma ordenação das alternativas substancialmente diferente da que se obtém com a tradicional análise custo-benefício.

Anónimo disse...

"O valor da análise custo – benefício depende da precisão das estimativas dos vários custos e proveitos. Estudos comparativos indicam que tais estimativas são muitas vezes imperfeitas, impedindo melhorias em termos de eficiência de Pareto e de eficiência de Kaldor-Hicks.
Nas causas destas imperfeições contam-se:

-Confiar demasiado em dados de projetos anteriores (muitas vezes diferindo significativamente em função ou da dimensão ou dos níveis de perícia da equipe que os dirige)
-Uso de impressões subjetivas pelos membros da equipe de avaliação
-Uso de métodos inapropriados para derivar o custo monetário dos elementos intangíveis
-Enviesamento de avaliação pelos apoiantes do projeto (à procura de razões para prosseguir).
-Os grupos de interesses podem tentar incluir ou excluir de uma análise custos significativos para influenciar o resultado."

Anónimo disse...

Sabemos que a análise custo-benefício (ACB) pode ser usada para fins políticos. Debates sobre os méritos da comparação de custos e proveitos são usados para desvios a regulamentos, regras e objectivos políticos ou filosóficos. Começa a perceber-se que o utilitarismo é afinal um pretexto para fins claramente obscuros

A ACB não é uma ferramenta de análise neutra. É eminentemente anti-reguladora Este é um argumento ético: a monetarização dos impactos das políticas é uma ferramenta inadequada para avaliar coisas tais como riscos de mortalidade e impactos distributivos.

Que o período de tempo necessário para completar a ACB pode criar atrasos significativos, que podem impedir medidas regulatórias.

Ora vejamos quem lucrou com tais políticas?
Exactanente. Os mercados uberalles.

E quem deu um impulso acrescido da ACB no processo regulatório dos EUA?
Precisamente, a administração de Ronald Reagan, aquela que esteve na base dos processos desregulatórios que conduziram à presente situação em que nos encontramos.

Jose disse...

«Os nazis também tentaram produzir doutrina sobre o assunto...»
Já cá faltava a besta invocadora dos nazis!

Alice disse...

A questão pode ser requentada, claro. Mas então talvez me possa esclarecer: afinal de contas, quanto vale a minha vida? E, já agora, a sua?

A acb determinaria então que nem sequer vale a pena tratar doenças incuráveis e/ou com sequelas permanentes. De acordo com as limitações desta teoria, nem vejo como chegar a outra conclusão.

Pela mesma lógica, para quê pagar pensões de reforma, quando sairia mais barato, em termos montários, dar a providencial injecção atrás da orelha?

Nós já sabemos onde vai dar o caminho de tudo medir a dinheiro, por mais que os novos vendilhões do templo nos anunciem um novo e certamente admirável paraíso terrestre.

Além do mais, dinheiro não é propriamnete coisa que falte no nosso país. Segundo o que vi, o que meteram em bancos somado ao que voou com os passarinhos para offshores, há dinheiro mais que suficiene para salvar vidas e até para as tornar melhores!

Temos é que acabar com o direito adquirido ao parasitimo social de que estes preguiçosos se julgam imbuídos.

Anónimo disse...

A besta invocadora dos nazis?

A besta? Mas a besta não são os nazis?

Ah, esta subliminar indirecta será uma envergonhada defesa dos nazis, escamoteando estes dum seu qualificativo: "besta"?
(E já agora,que palavra tão medieval. Faz lembrar o inquisidor-mor num auto-de-fé. Autos-de-fé replicados precisamente à sua maneira pelos nazis)

Anónimo disse...

Vejamos

Começa o da "besta" pelo "político-esquerdalho". Depois tenta impingir uma dicotomia entre a dignidade humana e a "anti-individualização". O disparate dá para rir, mas foi escalpelizado de forma séria e arrasadora. Ficou também arrasado o tipo da "besta".

Tanto que envereda por uma outra via: pelas suas "noções de". E arremete contra a "dignidade humana, extensiva a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis". E vira-se contra o "tom científico" (?). E mostra que nem sequer sabe minimamente do que se fala, ignorando a origem e o significado de. Tenta limitar o princípio da dignidade humana em função da opinião de uns tantos, a começar pela dele. E fica a extravasar de "bestialidade" pelo facto de se ter recordado que "princípios não respeitadores da universalidade da dignidade humana tem mais a ver com teorias eugénicas que sustentaram o nazismo"

Que fazer quando os factos são mais poderosos que as elucubrações ignorantes e ideologicamente sintonizadas dum tipo que assim procede?

Que fazer quando serenamente se relembra que os nazis também tentaram produzir doutrina sobre o assunto, considerando que os judeus e os comunistas não tinham dignidade, invocando assim a sua própria "noção" de "dignidade"?

Talvez este tipo, apanhado desta forma nas malhas do seu próprio texto, pudesse estigmatizar os nazis, como de bestas se tratassem, em vez de tentar elogiar-lhes a canalha cúmplice e conivente, como o fez em relação a Pétain, de que se mostrou um admirador néscio?

Talvez admitir que afinal se equivocou e que não sabe do que fala?

Ou talvez confessar que lá no fundo compartilha certas teorias eugénicas. Uns mais iguais do que outros, não será mesmo?

De qualquer forma lamentável. E com o seu quê de sinistro, pela ignorância e/ou pela ideologia

Anónimo disse...

É uma verdade para mim óbvia que os recursos são limitados! Não vou discutir com quem nem sequer compreende isto. O custo benefício pode ser expresso por euro/vidas salva. Se estamos a avaliar o ultimo euro disponível é melhor usa'lo com uma intervenção que salva 10 vidas do que com uma que salva apenas 2 vidas! Isto é o básico, depois disto existem outras avaliações que são mais complexas e menos sólidas, dou de barato. Vou dar outro exemplo, do que é feito em Portugal, no SNS, e que usa o utilitarismo. Os poucos fígados existentes para transplante, em relação às pessoas que dele precisam para viver, são usados preferencialmente para pessoas mais novas e sem alcoolismo crónico activo! Eu concordo com isto e penso que a maioria dos portugueses também concordam, por isso existem certas excitações morais, que apenas compreendo tendo em conta certas crenças pessoais, que não podem ser impostas aos restantes portugueses, pelo menos numa verdadeira Denocracia!

Anónimo disse...

"Não vou discutir com quem nem sequer compreende isto".

Ora se se deixasse de pedantices baratas e voltasse a ler o que se escreveu?

Francamente não tem vergonha de mostrar que nem percebe o que se debate fuja desta forma cobarde ? ( enquanto insulta os demais).

A mostrar que o canudo pode esconder uma ignorância e uma falta de carácter surpreendentes?

Anónimo disse...

Escusa de dar de barato o que quer que seja. Estamos a discutir como adultos. Debruce-se sobre a metodologia que é usada para determinar quantas vidas são salvas e pelo enviesamento já demonstrado em tantos desses estudos, que faria corar de vergonha qualquer aprendiz de bio-estatística.
Debruce-se sobre as acusações de violação de princípios éticos que a aplicação da ACB pode trazer.
Debruce-se sobre as fundadas dúvidas que surgem e deixe-se de "excitações pessoais" que só o deviam envergonhar pela vulgaridade e pela invocação de maiorias em questões que não suportam votações.

O exemplo da exclusão de doentes pelo facto de estes partilharem perfis de comportamento diferentes de quem faz as análises custo-benefício foi denunciada pela comunidade científica, médica e pela sociedade civil. Saia da sua zona de conforto e veja a polémica que tal trouxe quando se revelaram algumas das "razões" convocadas para a exclusão de doentes.

Estamos em Londres. Há uma vintena de anos.Um dos doentes é excluído da lista de transplantados hepáticos porque bebe...1 copo de vinho às refeições. Os responsáveis insistem nos princípios do "alcoolismo crónico". O conceito é discutido em comissões várias. Aduzem que a esperança de vida deste sujeito é menor que os outros candidatos. Têm azar. Um dos grandes nomes da Hepatologia, Sheila Sherlock, testemunha que a esperança de vida do doente,após o cabo das tormentas do transplante e sob o ponto de vista da área em que domina é de 20 anos. Quatro vezes maior do que um dos candidatos ao dito transplante. De forma involuntária um dos médicos desabafará ...!..."sim, mas ele bebe"

Anónimo disse...

Veja-se o caso Ford-Pinto ( que antecedeu o Ford Escort)

No caso do Ford Pinto (onde, por causa de falhas de projecto, o Pinto podia incendiar-se no caso de colisão com a traseira do veículo), a decisão da empresa foi não recolher os veículos defeituosos. A análise custo-benefício da Ford tinha estimado que com base no número de carros em circulação e a taxa de prováveis acidentes, as indemnizações por mortes devido a falha de projecto custariam aproximadamente US$49,5 milhões o que comparava com os custos de recolha das viaturas de US$137,5 milhões. A Ford ignorou (ou considerou insignificante)na altura os custos da publicidade negativa que resultariam da decisão, que forçaram depois à recolha das viaturas e a um prejuízo nas vendas.

Análises custo-benefício primariamente para quem? A trampa do utilitarismo...em função da empresa