quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Portugal é mesmo um país tão desigual assim?

Na passada 3ª feira mostrei o gráfico abaixo durante o programa "Números do Dinheiro" da RTP3, onde se discutia a proposta de Orçamento de Estado para 2016 (OE2016).


O gráfico dá conta da distribuição das famílias portuguesas por escalões de rendimentos e o meu objectivo ao mostrá-lo era duplo:

1) mostrar que a maioria dos comentadores fomenta uma noção errada do que é a "classe média" em Portugal (as famílias que têm em mente auferem, na verdade, rendimentos muito acima da média e da mediana da distribuição); e

2) contestar a ideia de que o OE2016 penaliza as famílias portuguesas de classe média.

Várias pessoas se mostraram cépticas em relação aos dados apresentados no gráfico - e têm boas razões para isso. Os dados correspondem à distribuição do rendimento colectável (o rendimento bruto menos as deduções específicas; caso se trate de um casal o valor é dividido por dois), com base no qual se definem os escalões do IRS a aplicar. Ora, sabemos bem que há muita fuga aos impostos em Portugal. Isto significa que muitas famílias que oficialmente se encontram no escalão mais baixo de rendimentos, na verdade, auferem rendimentos superiores. Nalguns casos, muito superiores: em Dezembro, José Azevedo Pereira, ex-Director-Geral dos Impostos, afirmava ao Jornal de Negócios que havia cerca de mil famílias muito ricas que apenas asseguravam 0,5% da receita de IRS, cerca de 500 vezes menos do que seria expectável.

Note-se, porém, que isto em nada invalida as duas mensagens que acima referi.
Para o perceber, façamos um exercício simples. Imaginemos (provavelmente exagerando) que nada menos do que metade dos 68,4% de famílias que são incluídas no escalão inferior subdeclara os rendimentos que aufere. Se distribuirmos esses 34,2% de famílias pelos restantes escalões de acordo com a sua proporção (como faço no próximo gráfico), verificamos que as conclusões fundamentais se mantêm.


É verdade que o número dos muito ricos aumentou neste novo cenário hipotético – há agora mais 11 mil famílias (muitas mais do que as mil referidas pelo ex-Director-Geral de Impostos). Ainda assim, elas representam apenas 0,22% dos agregados familiares portugueses (só mais 0,02 pontos percentuais do que no caso anterior). O escalão seguinte (dos 40 mil aos 80 mil euros) pesa agora 2,5% (apenas mais 0,9 pontos percentuais do que anteriormente). Ou seja, mesmo supondo que o IRS distorce, e muito, a verdadeira distribuição de rendimentos, Portugal continua a ser um país muito desigual. E as famílias com rendimento colectável superior a 40 mil euros - as tais que são menos favorecidas, ou até penalizadas, pelo OE2016 - não representam mesmo a "classe média" portuguesa.

Note-se também que se o segundo gráfico estiver mais próximo da realidade do que o primeiro, então o OE2016 é ainda mais justo - e não menos.

Há quem critique o OE2016 pelo facto pretender resdistribuir os rendimentos fundamentalmente através redução da sobretaxa do IRS. O problema é que as famílias de rendimentos muito baixos não pagam IRS; como tal, não beneficiam da redução da sobretaxa. Importa, porém, notar dois aspectos.

Primeiro, a redução de sobretaxa não é a única forma prevista no OE2016 para promover a redistribuição de rendimentos; há que considerar, nomeadamente, o reforço das transferências sociais (RSI, CSI e abono de família) e a forma como são considerados os filhos e ascendentes a cargo (que é menos regressiva do que o anterior quociente familiar). Em geral, estes são benefícios menos sujeitos a fraude, pelo que tendem a deixar de fora os supostos "falsos pobres".

Segundo, se o número de famílias pobres é menos elevado do que as estatísticas oficiais sugerem e se uma parte significativa das verdadeiramente pobres beneficia de outras formas de distribuição, então a ideia de que o OE2016 favorece a classe média-baixa mas não os mais pobres dos mais pobres também é incorrecta. Quando muito podemos dizer que o OE2016 não favorece as famílias que não declaram rendimentos para efeitos fiscais, mas que têm situações mais folgadas do que as estatísticas sugerem - o que não se pode considerar propriamente uma injustiça.

Demos as voltas que dermos, Portugal é mesmo um país muito desigual - e o OE2016 dá algum contributo para corrigir esta situação. Mas continuaremos a ser um país muito desigual enquanto estiver por resolver a principal fonte dos problemas: a falta de empregos em condições. Mas esse é tema para outros textos.

24 comentários:

Dias disse...

“Portugal é mesmo um país muito desigual - e o OE2016 dá algum contributo para corrigir esta situação.”

Esse é o ponto!
(O postal, além de serviço público, desmistifica a propaganda pafista de que o Orçamento 2016 atinge em cheio a tal classe média.)

Jose disse...

Quanto ao orçamento o que interessa reter é que a função pública é e continuará a ser uma classe privilegiada em relação ao restante proletariado - e isso é obra de políticos, a começar no Cavaco e a terminar na geringonça.

Quanto ao gráfico, entre 7.000 e 20.000 vai a distância entre o remediadinhoo e o confortávelzinho

Carlos Sério disse...

Tudo bem. Mas como explicar as divergências entre o gráfico que apresenta e o gráfico da PORDATA?
http://www.pordata.pt/DB/Portugal/Ambiente+de+Consulta/Tabela

Pyros disse...

"É verdade que o número dos muito ricos aumentou neste novo cenário hipotético"

Não, não aumentou. É que com a eventual excepção de mas 200 pessoas os ricos - e muito menos os muito ricos - nem sequer aparecem nesse quadro, nem antes, nem depois. E nem tal significa que fogem aos impostos - simplesmente não têm de os declarar ou então são sujeitos a taxas liberatórias (rendimentos de capital, ...).

O que aparece aí é classe média trabalhadora por conta de outrem, onde não há propriamente ricos, mas classe média e média alta.

A não ser que se tenha uma noção de rico sui generis ("rico é ter carro", "rico é ter casa", "rico é ter televisão", "rico é ter de comer", ...). 80 mil euros de rendimento bruto anual ser rico? Um casal, que ganhem 8.000 euros brutos mensais (e.g médicos, juízes, pilotos, controlador de tráfego aéreo em que a contraparte está em casa...), terá um rendimento de 112 mil euros, dos quais, após impostos e SS, ficarão com uns 65 mil. 5.500 euros mensais.
Se tiverem 3 filhos (colégios + ... 1.200 cada: 3.600), casa para pagar (1.500 + despesas gerais de 200) e dois carros gama média alta (450x2 => 900 euros) sobra... olha, já não dá. E onde estão as férias em lugares paradisíacos com viagens em primeira classe? Muito ricos... ricos da treta.

Sim, há pessoas que vivem pior - muito pior, mas as coisas estão longe de ser lineares (desde a clara existência de níveis de preços distintos no território nacional, diferentes níveis de risco e penosidade associada a rendimentos similares, benefícios claramente assimétricos dos sistemas sociais e investimentos públicos que são financiados por todos, ...).

O esforço de distribuição hipotética é interessante (bom, seria mais se fosse um pouco mais elaborado)- Mas se os "ricos" não estão no IRS, a repartição de números a nada nos leva. Apenas a constatação que temos muito pouca gente na classe média / média alta.

Mas ficam aqui duas propostas de análise:

-Redimensionar os escalões de rendimento com base na compra de um bem internacionalmente comparável, ajustado em termos de PPP e sobre os quais tenhamos números fidedignos: automóveis.

-Ver como evoluiu o escalão dos "ricos" ao longo da última década. Desconfio que sei como foi, mas diremos que a AT foi bastante reservada (e atrasada) na divulgação do número de contribuintes por escalão de rendimentos brutos, pelo menos desde 2011 (poderá até ser sempre assim, mas...).

Pyros disse...

É verdade, o , José Azevedo Pereira há-de dizer em que país é que 0,02% dos agregados (as tais 1.000 famílias mais ricas) pagam 71,4% (500x mais) do total dos impostos que incidem essencialmente sobre o factor trabalho...

Desconfio que esse país só existirá na cabecinha do senhor em causa...

Anónimo disse...

Eu não percebo o que o Ricardo Paes Mamede afirma, por um lado defende os impostos indirectos porque têm um papel de desincentivo(a meu ver de exclusão) importante relativamente ao consumo desses bens ou serviços, como imposto regressivo que é irá prejudicar mais os que menos têm mas depois afirma que o rendimento das famílias vai aumentar garantindo que está salvaguardado o não desincentivo do consumo do bem em causa, que confusão...

João Titta Maurício disse...

Se me permite, duas perguntas para, melhor percebendo este gráfico, poder ser capaz de produzir inferições menos incorrectas ou injustas:
- os valores referidos são bruto ou líquido?
- os valores são rendimentos individuais ou por agregado familiar?

Anónimo disse...

Já tenho idade suficiente para não me enganar – Sei que vou morrer pobre--. Mas, sempre vivi lutando contra a pobreza moral e material que me foi imposta pelo sistema capitalista. E, mesmo que me saísse amanhã o Euro milhões total, continuaria pobretana na mesma!
E´ que esta coisa de ser pobre tanto tempo, centúrias e centúrias, ganha de tal forma e força uma “Cultura” junto das massas que se torna difícil, eu diria impossível de destruir tal “cultura”.
Será que e´ obrigatório existir “Classe Media” entre os humanos cidadãos ?
E por que razão os “Senhores dos Anéis” a usam como referencia?
Afinal, como se viu ontem na TV, nos N&D, eles sabem onde esta´ a raiz do mal… só que não querem extirpa-la, são ruins, preferem continuar bamboleando-se em economias cavernícolas, em curvas ziguezagueantes, ao respeito que devem a quem lhes pagou o saber adquirido…
O 1 ministro sabe da poda tal como os que o antecederam, tal como os partidos que os apoiaram e apoiam…Afinal para que serviriam os partidos políticos e as religiões se não houvessem pobres nem ricos e a classe media, já agora? De Adelino Silva

FelicianoDeCarvalho disse...

A Direita em Portugal e seus Serviçais(Oficiais ou Oficiosos)alguma vez foi intelectualmente séria?Não!

Contra factos,infelizmente,não há argumentos.

Aquilo,que,brilhantemente,Ricardo Paes Mamede nos dá como contributo para melhor compreender o que se vai vociferando(travestido de comentário politico/económico)acerca do Orçamento de Estado,também serve para que melhor saibamos o quanto tem de desumana e ignóbil a obra que a Direita em Portugal, construiu ao longo de muitas e muitas décadas com o seu especial sublinhado(a grosso)entre 1926 e 1974.

Anónimo disse...

Percebe-se a acrimónia com que alguns falam do prof José Azevedo Pereira,o ex-diretor da Autoridade Tributária e Aduaneira , que esteve na AR. Uma sua entrevista incomodou (obviamente…) a direita que – no caso do PSD - o atacou de forma inqualificável.
A tentativa de aumentar o fogo mediático sobre tudo o que seja incómodo para as hostes neoliberais não é um processo novo. Ainda nos lembramos do ar atabofado de Passos Coelho, simultaneamente irado e comprometido, quando precisamente José Azevedo Pereira apontou Paulo Núncio como tendo sido de longe o secretário de Estado “mais propenso a intervenções diretas” nos assuntos da administração fiscal. Isto quando se debatia a tal lista dos contrinbuintes VIP.

Anónimo disse...

Caro Ricardo Paes Mamede,
Este seu post está muito longe da clareza que geralmente caracteriza as suas análises. Confesso que não o percebi (peço desculpa pela minha ignorância).

Não entendo esta questão da "classe média": o que me parece importante são as classes mais desfavorecidas.
Para além disso, afirma "OE2016 dá algum contributo para corrigir esta situação [desigualdade]":
- Concordo com o objectivo mas questiono-me se a forma extremamente complexa como isso pretende ser atingido compensa o "algum contributo" (não o quantificou, presumo que seja mesmo marginal, um sinal digamos). Em vez de medidas e contra-medidas (aumento do ISP / majoração de 20% no abatimento dos custos com combustível para as empresas) e de regras e excepções complexas (IVA da restauração que afinal é só da alimentação) não era preferível apostar tudo numa única medida que fosse clara e universal (aumento das taxas de IRS dos escalões mais altos / aumento das prestações sociais)? A sensação que fica é que para cada medida há uma contra-medida para amortecer o seu efeito e no final, o que fica, é "algum contributo" para diminuir a desigualdade e um mar de regras e contra-regras que tornam o sistema mais complexo e opaco. Qualquer dia ninguém consegue saber exactamente quanto recebe, quanto paga de impostos, ... e a máquina fiscal deixa de conseguir dar resposta.

Anónimo disse...

Ao longo de décadas apregoaram, e com razão, que o PS representava a ‘esquerda da ordem’ – a ordem comprometida com a reprodução do capitalismo. De repente, como quem tira “coelho da cartola”, virou progressista, defensor de quem trabalha…
Como foi possível esquecer o processo “Fonte Luminosa”?
Será que o custe da nova crise que se avizinha não ira ser feito mais uma vez nas costas dos trabalhadores, questiono?
Acreditar em gente que, enquanto governantes do Pais, entregaram de mão-beijada a soberania nacional ao Colosso Imperialista Europeu não e´ nada fácil…
Fico-me a pensar na possibilidade de grandes transformações sociais. Na força política capaz de organizar a sociedade e a economia em função das necessidades efetivas do povo. Só!
De Adelino Silva

Anónimo disse...

Porque o tema é importante, relembremos as notícias que sairam sobre o que José Azevedo Pereira disse na AR. O processo é mais complexo do que aqui se tenta fazer crer.

"José Azevedo Pereira disse ter criado uma equipa para estudar os grandes contribuintes individuais e que foi desmantelada pelo executivo de Passos Coelho, revelando ainda a existência de contribuintes com património ou rendimentos elevados, mas que pagavam impostos muito abaixo dos valores que deveriam ser tributados.
Azevedo Pereira afirmou existirem cerca de mil famílias ricas que pagam apenas 0,5% do total de imposto pessoal quando deveriam pagar cerca de 25% do IRS. Estão em causa rendimentos acima de cinco milhões de euros e 25 milhões de euros em património.
.“Para além das possíveis manipulações políticas a que a Autoridade Tributária esteve sujeita durante os últimos anos, foi referida a existência de um grupo de trabalho, entretanto desmantelado, com o objectivo de estudar a aplicação da lei e do princípio de equidade tributária aos contribuintes mais ricos”
Em Dezembro, no programa "Negócios da Semana" da SIC Notícias, Azevedo Pereira disse que as tais cerca de mil famílias mais ricas têm influência directa na legislação: “Este tipo de pessoas tem fácil acesso aos decisores políticos que fazem as leis”.


A tentativa de minimização do denunciado por este faz lembrar aqueles que tentam contestar a referência aos 1% dos mais ricos através de piadas sobre indios e oowboys. Pequenas artimanhas em jeito de piadas de salão para esconder o essencial.E o essencial é indesmentível.

Anónimo disse...

"Neste momento está em curso uma gigantesca campanha para convencer a opinião pública que a proposta de Orçamento do Estado para 2016 do governo do PS representa um enorme aumento da carga fiscal ("o maior esforço fiscal" diz Paulo Portas; "um gigantesco aumento de impostos" afirma o PSD), sugerindo mesmo que tal não aconteceria se o PSD/CDS fossem governo. Infelizmente muitos jornalistas (mas felizmente não todos) e órgãos de comunicação social, perdendo a objetividade e sem analisar a totalidade da proposta de orçamento, transformaram-se em "caixa de ressonância" da direita e daqueles que estão frontalmente contra a atual solução de governo ( para concluir isso, basta ler as "caixas" dos principais media sobre o OE-2016, muitas delas revelando ignorância e falta de investigação, ou então falta de objetividade)....Para facilitar a reflexão dos leitores vamos começar por comparar a proposta de OE-2016 com o Programa de Estabilidade 2015-2019 enviado pelo governo PSD/CDS à Comissão Europeia que seria aplicado se a direita continuasse no governo (o PSD e o CDS já se tinham comprometido com a Comissão Europeia a executá-lo, tendo até sido o seu programa eleitoral).

A carga fiscal medida em percentagem do PIB vai diminuir em 2016
O quadro 1, construído com dados divulgados pelo INE (período 2010-2014), com dados da proposta de OE-2016 (período 2015-2016) e com dados do Programa de Estabilidade 2015-2019 do governo PSD/CDS mostra, de uma forma clara e objetiva, porque baseada em dados oficias (os jornalistas que falam destas matérias não podem ignorar estes dados se quiserem respeitar a objetividade jornalística), a evolução da carga fiscal em Portugal no período 2010-2016, e a que seria em 2016 se o PSD/CDS continuassem no governo
https://www.eugeniorosa.com/Sites/eugeniorosa.com/Documentos/2015/6-2016-OE-2016-PS.pdf

Anónimo disse...

Assim, entre 2010 e 2015, ou seja, com o governo PSD/CDS, as receitas de impostos
aumentaram em Portugal em 6.126 milhões €, tendo a carga fiscal subido de 22% do PIB
para 25,6% do PIB. Isto é que é “um gigantesco aumento de impostos”. E o imposto cujas receitas mais aumentaram foi o IRS, cujas receitas subiram em 3.007 milhões € (+31%),quase metade da subida verificada neste período nas receitas de todos os impostos. As receitas do IRC sobre as empresas registou apenas um aumento de 349 milhões €(apenas + 7,1%). E o IRS incide fundamentalmente sobre os rendimentos de trabalho e sobre as pensões já que, segundo dados do Ministério das Finanças (A.T.), estes rendimentos representaram em 2013 (últimos dados disponíveis, e a situação não se alterou) mais de 92,8% dos rendimentos declarados para efeitos de IRS. Em resumo, foi neste período que se verificou “um gigantesco aumento de impostos”, ou o “maior esforço fiscal registado em Portugal” para empregar as palavras dos dirigentes do PSD/CDS.
Em 2016, segundo o Programa de Estabilidade 2015-2019, se o PSD/CDS continuasse
no governo a carga fiscal continuaria a aumentar, pois passaria, entre 2015 e 2016, de 25,4% do PIB para 25,6% (em valor as receitas de impostos cresceriam de 45.628
milhões € para 47.759 milhões €, ou seja, em mais 2.131 milhões € em apenas um ano).
A proposta de OE-2016 apresentado pelo governo PS de António Costa representa um
menor aumento de impostos (1.334 milhões €, em vez do aumento de 2.131 milhões € do
PSD/CDS) e uma menor carga fiscal medida em percentagem do PIB (OE-2016 do
governo PS:25,2% do PIB; Programa de Estabilidade do PSD/CDS: 25,6% do PIB).

Anónimo disse...

O quadro 2 mostra de uma forma clara as diferenças na carga fiscal resultantes da
proposta de OE-2016 do governo PS e do Programa de Estabilidade 2015-2016 do
governo PSD/CDS enviado por este à Comissão Europeia.
http://www.eugeniorosa.com/Sites/eugeniorosa.com/Documentos/2015/6-2016-OE-2016-PS.pdf

A execução do Programa de Estabilidade que o PSD/CDS já se tinha comprometido com
a Comissão Europeia (era o seu programa de governo), representaria, entre 2015 e
2016, um aumento de 2.131 milhões € de impostos, ou seja, mais 797 milhões € do que o
aumento que resulta da proposta de Orçamento do Estado para 2016 do governo PS. Por
grandes categorias de impostos, o programa do PSD/CDS significaria, a nível do IVA, umaumento de impostos de 740 milhões € superior ao que resulta da proposta de OE-2016, e a nível do IRS mais 417 milhões do que resulta da proposta de OE-2016 do governo
PS. Afirmar, como fazem o PSD e CDS, que o OE-2016 representa o “o maior esforço
fiscal” e “um gigantesco aumento de impostos” , afirmação que depois é repetida pelos
principais media, e infelizmente por muitos jornalistas, sem qualquer contraditório e pelos comentadores de direita que têm acesso fácil aos órgãos de comunicação social, é não só não ter descaramento, como mentir descaradamente e darem mais uma vez uma prova clara de desonestidade politica. E tudo isto após terem feito, e pretenderem continuar, o maior aumento de impostos que se conhece em Portugal."

Anónimo disse...

"O AUMENTO DE IMPOSTOS DO OE-2016 É NÃO SÓ INFERIOR AO DO PSD/CDS COMO SE
DISTRIBUI DE UMA FORMA DIFERENTE PELAS DIFERENTES CLASSES SOCIAIS
A proposta de OE-2016 apresentada pelo governo de António Costa, para além de
significar menos 797 milhões € de impostos do que aquilo que os portugueses teriam de
suportar se o PSD/CDS fossem governo, significa também uma distribuição diferente da
carga fiscal pelas diferentes classes, procurando poupar as classes de rendimentos mais baixos, preocupação que nunca teve o PSD/CDS, e que certamente também não teria
em 2016. É tudo isto que vamos procurar mostrar utilizando dados e referindo normas
constantes do Relatório do OE-2016 e da proposta de Lei do OE-2016.
Comecemos então pela redução da sobretaxa de IRS. Esta medida, como consta do
OE-2016, significa já uma redução em 2016 de metade da sobretaxa de IRS paga pelos
portugueses em 430 milhões € conforme cálculos constantes do mapa da pág. 52 do
Relatório do O.E-2016. O PSD/CDS pretendiam eliminar a sobretaxa em 4 anos (até
2019, conforme consta da pág. 91 do seu programa eleitoral), ou seja, um quarto (25%)
por ano. Isto significava que, em 2016, os portugueses teriam de pagar mais 215 milhões € de sobretaxa de IRS do que com o OE-2016. Em 2017, o governo PS comprometeu em eliminar logo no inicio a sobretaxa de IRS, portanto os portugueses deixarão de pagar mais 430 milhões €, que era a outra metade da sobretaxa. No entanto, o PSD/CDS, se fossem governo, pretendiam obrigar os portugueses em 2017 a pagar metade da sobretaxa, ou seja, 430 milhões €. Em 2018, ainda teriam de pagar mais 215 milhões € de sobretaxa e, em 2019, mais 215 milhões € de sobretaxa se ela vigorasse neste ano como constava do programa PSD/CDS; somando, os portugueses em 4 anos pagariam mais 1.075 milhões € do que pagam com o PS e com os outros partidos da esquerda".

Anónimo disse...

Para além disso na redução da sobretaxa, há uma preocupação também de índole social,
o que nunca existiu com o governo PSD/CDS. Assim, a redução em 2016 será feita de
acordo com Lei 159-D/2015 já publicada, e como consta da pág. 36 do Rel.OE-2016 da
seguinte forma: até ao rendimento coletável de 7070 €, o que corresponde a um
rendimento de trabalho de cerca de 12.000€/ano, em 2016 já não pagarão sobretaxa de
IRS; de 7.000€/20.000€ de matéria coletável a sobretaxa será apenas de 1%; entre
20.000€/40.000€ a sobretaxa de 1,75%; e entre 40.000€/80.000€ a sobretaxa será de
3%; apenas os contribuintes com rendimento coletável superior a 80.000€/ano suportam
ainda a sobretaxa de IRS de 3,5%. É evidente a preocupação social desta politica fiscal."

É ler todo o artigo de Eugénio Rosa e comparar com o debitado pelos media e pela coorte dos seus "Serviçais(Oficiais ou Oficiosos)"

Frederico Saraiva disse...

Mas acha que uma família que ganha 7000/ano é de classe média??
Ou que deve ser incluída no mesmo grupo de quem ganha 20000?

Anónimo disse...

"até ao rendimento coletável de 7070 €, o que corresponde a um
rendimento de trabalho de cerca de 12.000€/ano, em 2016 já não pagarão sobretaxa de
IRS; de 7.000€/20.000€ de matéria coletável a sobretaxa será apenas de 1%; entre
20.000€/40.000€ a sobretaxa de 1,75%; e entre 40.000€/80.000€ a sobretaxa será de
3%; apenas os contribuintes com rendimento coletável superior a 80.000€/ano suportam
ainda a sobretaxa de IRS de 3,5%. É evidente a preocupação social desta politica fiscal."

Complicar mais era impossível. Já não bastavam os escalões e as taxas do IRS, os escalões e as taxas da retenção na fonte, o Governo PSD/CDS acrescentou a sobretaxa (com escalões e taxas diferenciadas?) e os pagamentos em duodécimos dos subsídios, e agora o Governo PS acrescenta a redução da sobretaxa com escalões e taxas, e a opção de receber os subsídios por duodécimos ou concentrados no Natal e Férias!!!!

Cada um acrescenta cada vez mais complexidade: porque não se limitam a mexer nos escalões e taxas iniciais para obter os impostos que pretendem!?

Alvissaras a quem conseguir saber afinal quanto vai receber no final de cada mês. Alvissaras a quem conseguir perceber se o que recebe é efectivamente o que tem direito.
Boa sorte para quem tem de adaptar os sistemas informáticos das entidades pagadoras e do fisco.
Finalmente um aviso: quem trata dos pagamentos de salários bem pode retirar 10% para si próprio que ninguém nota no meio de tanta complexidade!

Anónimo disse...

Outras delícias são as que se referem à classe média e à austeridade.
Com a mesma ligeireza dizem uns que afinal a carga fiscal do novo Orçamento sobrecarrega a classe média . A abstracção " classe média " mete no mesmo saco sujeitos com rendimentos muito diferentes
Mais acertado seria falar em camadas médias e é uma evidência que este Orçamento embora de forma imperfeita desagrava fiscalmente a maioria das camadas médias.
Pena Preta

Anónimo disse...

"Quanto ao orçamento o que interessa reter é que os judeus , perdão, a função publica continuará a ser uma classe privilegiada".
Que interessante. E nós a pensarmos que a classe privilegiada fosse a do poder dominante, a que governa o Estado, a que subscreve Swaps e PPP, a que governa bancos, a que anda a viver das rendas , a que ganha com a dívida pública.

"Em relação ao restante proletariado"
Isto não é para comentar.É apenas para rir

"isso é obra de políticos, a começar no Cavaco e a terminar na geringonça"
Estranha-se esta zanga com Cavaco vinda dum fundamentalista dos mercados e do espectro ideológico mais à direita .

Mas a 7 de Outubro o mesmo expressava assim a sua opinião sobre as opções do PR:
"O que lhe compete é indigitar como 1º quem lhe apresente um governo viável.
Se ninguém lhe trouxer esse governo viável (e decente em propósitos) fica quieto ou arma bronca.
Palhaçada partidocrática já houve a bastante!"
(gosto deste democrático "palhaçada partidocrática")

Ah! Afinal trata-se mesmo dum estado furioso contra Cavaco.Vinda de facto dum fundamentalista dos mercados e do espectro ideológico mais à direita.

Anónimo disse...

Pronto, estamos tramados, pior do que o José, voltou o idiota que espeta aqui com a transcrição literal de artigos completos. Qualquer dia, a pretexto de que se fala no povo português, reproduz a lista telefónica nos comentários.

Anónimo disse...

Alô! Páginas amarelas? Por favor será possível, a pretexto de se falar no povo português, não se falar da última entrevista do Passos, a dizer que no tempo dele o Banif não dava prejuízos? Ou os tipos querem tudo,mesmo tudo, menos falar no povo português, o da nação valente e imortal, com idiotas ou não à mistura, tão ao gosto dos tramados desta forma tão cruel?