sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Podem voltar a guardar os fantasmas no armário, se fizerem favor

Sim, é verdade, sondagens são apenas sondagens. Mas quem acalentava a expectativa e o desejo de que o processo de convergência e negociação à esquerda causasse um terramoto, uma reacção de repulsa e rejeição no eleitorado, bem pode tirar o cavalinho da chuva. É isso que indicam, de forma inequívoca, os resultados do estudo de opinião efectuado pela Eurosondagem entre 29 de Outubro e 3 de Novembro.

Considerando os resultados obtidos nas eleições legislativas do passado dia 4 de Outubro, a coligação PàF apenas aumenta as intenções de voto em cerca de 2% (de 39 para 41%); o PS mantém-se próximo dos 33%; e o BE e o PCP/PEV apenas reduzem, respectivamente, em 0,2 e 0,3%. De acordo com a sondagem (que tem uma margem de erro máximo da amostra na ordem dos 3%), a esquerda decresce uns irrisórios 0,4%, representando agora, no seu conjunto, os mesmos 51% das intenções de voto. A campanha da desinformação, do medo e da intimidação rendeu apenas uns míseros 2% à direita.


Fracassaram portanto, tudo assim o indica, as diversas tentativas da direita (com o despudorado apoio de uma parte muito relevante da comunicação social) para convencer a opinião pública de que se estaria, com a construção dos entendimentos à esquerda, perante um processo «ilegítimo», de «usurpação» e de verdadeiro «golpe de Estado». Tal como parece não terem colhido, junto da opinião pública, todas as tentativas de sugerir a existência de uma turbulência nos «mercados» ou o agitar infantil de todos os medos e fantasmas em torno dos perigos do ingresso da «extrema-esquerda» no campo da governabilidade, nomeadamente com a iminência da saída da zona euro, da Europa, da NATO e demais incumprimentos dos «compromissos internacionais».

A reflectir, como tudo indica, a forma como a opinião pública encara e interpreta os acontecimentos históricos que estão em curso, esta sondagem tem um destinatário muitíssimo especial: o presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.

6 comentários:

Anónimo disse...

É preciso dizer, a ser fiável a sondagem, que tudo isto aconteceu sob um fantástico tiroteio da direita em todos os órgãos da nossa pluralista comunicação social.
Ah, e com um fraturante! Assis (há quem o apelide, coitado, desse modo).
A cereja no topo do bolo é a nova RTP 3, paga por todos nós, que tem feito um esforço louvável em levar o PS (o do contra) às famílias portuguesas.

Mas eu não estou satisfeito. Parece-me, francamente, tudo demasiado irreal: como podem subir nas intenções de voto, depois das mentiras da sobretaxa, depois dos programas políticos e económicos prêt-à-porter, depois da contratação abusiva de membros do governo por parte do governo, depois do zero que tem sido tudo isto.

Estou mesmo muito insatisfeito com as gentes deste país.

Jose disse...

A opinião muda com factos mais do que com o falatório que sempre a bombardeia com entediante persistência.
Espero que a direita tenha uma só conclusão para as abordagens do governo PS: NADA DE CONCLUSIVO.

Um PS embrulhado na esquerda é o desafio histórico que é preciso fazer cumprir até ao limite.

Edgar disse...

Finalmente "há luar"!

Anónimo disse...

Penso que, no que se refere à aliança PCP com a burguesia -- PS e BE ( socialdemocracia ) nunca deveria ter alcançado a densidade e o posicionamrnto que atingiu.
Um partido comunista dócil à burguesia nunca será proletário nem revolucionário e terá, como sina inexorável, que perverter a aliança política. “O segredo da vitória esta´ no povo”.
O eixo de gravitação das alianças está, portanto, na solidariedade entre os oprimidos; em suas lutas antiimperialistas, nacionalistas e democráticas, tanto quanto nas suas tentativas de domar a supremacia burguesa, conquistar o poder ou implantar o socialismo.
Há´ qualquer coisa no ar (intranquilidade) que enturpece as pessoas. E´ como se um pressagioso pensamento escureça o raciocinio politico das gentes.
Os patroes dos midias com seus escribas vao detreorando o tecido informatico nacional deixando um lastro prejudicial de obscura comunicaçao social.
A desconfiança gerada pela espera não augura coisa boa!
Esperemos pelos resultados…E´ so´ mais um pedacinh…
De o “Catraio” com respeito.

Unknown disse...

Mas o PS não é um partido "alegadamente" de esquerda?

Anónimo disse...

Coligação sobe 2 pontos percentuais num mês. Vamos ver o que se segue.