quarta-feira, 4 de novembro de 2015
Memória (XVIII)
«Há dez por cento da esquerda que tem representação ao nível parlamentar mas não têm representação a nível da governabilidade. Isso introduz assimetrias no sistema político e prejudica a esquerda. E basta haver uma aliança à direita para percebermos exactamente as consequências negativas para uma política que se situe à esquerda. Depois da queda do Muro, da desintegração da União Soviética, da falência do modelo marxista-leninista, acho que o PCP, não querendo mudar intrinsecamente, já mudou a sua posição na sociedade. Assim, devemos ter com os comunistas uma relação que é esta: eles são como são, têm as posições que têm e ainda a identidade que têm, evoluirão como evoluirão, não está ao nosso alcance determinar a maneira como vão evoluir. Agora o que penso é que deve haver um diálogo duro, sério, muitas vezes difícil. Como fazemos às vezes aqui na Assembleia da República e, por isso, já garantimos a aprovação de algumas coisas. (...) Se está demonstrado que ainda não é possível um entendimento geral de incidência governativa com este PCP a verdade é que já é possível estabelecer alguns acordos com vantagens. (...) Se não corremos o risco de, daqui a alguns anos, continuarmos a dizer que não há condições para uma coligação e a direita estará reorganizada.»
Francisco Assis (na entrevista concedida a Ana Sá Lopes e São José Almeida, a 25 de Março de 2001).
Quinze anos depois, será muito difícil a Francisco Assis não só sustentar que o PCP afinal reverteu a sua mudança de «posição na sociedade» (nos termos referidos pelo próprio Assis), como justificar que a esquerda com representação parlamentar (hoje na ordem dos 20%) não deva, afinal, ter representação «a nível da governabilidade».
Mais: não só a direita entretanto se «reorganizou» (como vaticinava o deputado socialista em 2001), como essa reorganização gerou um abismo ideológico que impede qualquer articulação com o mais moderado socialismo ou com a mais suave social-democracia, dado o alinhamento com as «reformas neoliberais destinadas a erodir os freios e contrapesos sociais e laborais no cada vez mais medíocre capitalismo nacional, em modo troika, favorecendo a redistribuição de rendimentos e de poder de baixo para cima», como já aqui assinalou o João Rodrigues.
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15 comentários:
A posição do Assis é parecida com a de Viriato Soromenho Marques, apoiante do Livre
A avaliar pelas medidas de um pretenso acordo de esquerda que têm vindo a ser filtradas nos jornais, só me apetece dizer que a montanha pariu um rato. Isto não é nada, ou quase nada. Pensões até 628 € atualizadas a 0,3%? Mas que raio de esquerda é esta?
A única vantagem que vejo é impedir medidas piores, mas não basta não aprofundar a política de direita para passar a ser de esquerda.
É a troco disto que o PS quer um compromisso de governação de quatro anos?
Ó meus amigos, têm o vosso programa, têm condições para formar governo (asseguradas pelos partidos à sua esquerda), façam o que quiserem, não venham é chamar esquerda a isto.
Razão tinha o deputado António Filipe, "chamemos-lhe governo PS", esquerda é outra coisa.
O que preocupa F:A: é que não se transfiram para a agremiação do lado as franjas do PS.
Um partido abrangente precisa duma oposição forte e visível, como tampão.
Há o Assis e a sua incoerência, mas também há outros…
Isto a propósito de me ter vindo parar às mãos uma folha de um tal MAS, que não elegendo qualquer deputado, aparece com um guião, a querer cobrar ou a exigir que o BE e o PCP façam isto, aquilo e aqueloutro, junto do PS, sem sequer pensar na sua viabilidade, atendendo às questões de proporcionalidade, de força e de oportunidade.
Dizem eles:” BE e PCP não devem viabilizar nem integrar um governo PS e sim chamarem um Congresso das Esquerdas”, etc. etc.
Eu dispenso esta tralha. O que faz falta são pessoas hábeis e inteligentes, que compreendam este momento, e dispostos ao lançamento da primeira pedra.
(e a ler aqui o que escreveu A. Abreu: http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2015/10/a-caminho-de-um-governo-de-esquerda.html)
Não temos que nos queixarmos – As vozes discordantes no PS sempre foram assim! Estão simplesmente a defender sua classe.
Não os levo a mal, mas da´ pena ouvir o que dizem.
Por vezes vem uma áurea de esperança. E´ agora…
Por vezes acontecem coisas ao PS. Ainda não e´ desta…
Se calhar o Assis escolheu mal o PS. Ou então foi o PS que que se enganou no Assis.
Neste caldinho de cultura politica em que vivemos, não e´ fácil falar verdade e tudo indica que há muitos Assis nos diversos partidos.
Na realidade o poder do capital corrompe o mais firme dos homens, Sejam Assis ou Soares, Salgado ou Ulricht.
Acontece que os coelhos já estão em vias de extensão, enquanto os cavacos se querem manter a todo o custo.
Afinal, este diálogo a´esquerda sempre serviu para alguma coisa…
De Adelino Silva
Francisco Assis a nova estrela da direita. E o pior é que o tipo gosta do papel e espera vir a colher louros, nomeadamente, no próximo congresso do PS (segundo ele diz...). Com um individuo destes como secretário geral do PS, duma coisa não tenho dúvidas, o PS passa a ser uma filial do PSD e pouco mais.
«representação a nível da governabilidade»
A governabilidade é, como a palavra indica, uma condição funcional e não de representação proporcional... para isso temos o falatório nacional.
Governa quem pode decidir e executar sem resistências excessivas.
O problema do Francisco Assis é o penteado. Com caracolinhos a mais ou caracolinhos a menos o Assis não tem estabilidade mental e organização de ideias que lhe permitam coerência. Elas -as ideias- desaparecem pelos orifícios circundantes e esbarram nos gravadores dos jornalistas dos meios de Comunicação Social. Como se libertam ainda numa fase prematura de amadurecimento mostram-se pouco coerentes e algo anárquicas. E nós espanta-mo-nos com isso, mas sem razão, a natureza é assim. Difusa, incoerente, algo atabalhoada, filosófica, ziguezagueante, caracoleante, pastosa, brilhantinosa, espinhosa, acnosa, mal vestida e cheia de tiques nervosos.
o problema do Assis é que nunca comeu uma gaja de jeito
estes tipos depois odeiam os seres humanos no geral
"Se está demonstrado que ainda não é possível um entendimento geral de incidência governativa com este PCP a verdade é que já é possível estabelecer alguns acordos com vantagens. (...) Se não corremos o risco de, daqui a alguns anos, continuarmos a dizer que não há condições para uma coligação e a direita estará reorganizada."
Isto foi afirmado por Francisco Assis há 15 anos. O que ocorreu desde então? Verificou-se algum tipo de mudança ou aproximação gradual entre PS e PCP, ou o PCP continuou a referir-se ao PS como "farinha do mesmo saco da direita", fazendo do PS o seu principal adversário político, até ao dia anterior a estas eleições?
A citação que faz justifica a posição actual de Francisco Assis. Durante 15 anos nada aproximou o PCP do PS. Pelo contrário, o PCP contribuiu para derrubar o último governo PS. Agora, em 15 dias, o PCP quer fazer crer que mudou e está disposto a assinar (?) um acordo para viabilizar um governo minoritário PS. Perante isto (a prática e o discurso dos últimos 15 anos), é correcto afirmar que o PCP se aproximou do PS? Que a vontade de fazer um acordo não é meramente táctica, de curto prazo, e que resulta apenas de uma rejeição da Coligação?
No fundo a grande questão é: durante os últimos 15 anos, e até ao último dia 4 de Outubro, que aproximação de fundo, estratégica, ocorreu entre PCP e PS?
A aproximação, a ter ocorrido e para ter algum significado - 'vontade positiva', teria de se ter manifestado nesse período de tempo (15 anos permite muita evolução), e não nos últimos 15 dias sob pressão da 'vontade negativa' de impedir um governo da Coligação.
Fica a questão, caro Nuno Serra.
Discute-se hoje se o PS está mais próximo do PSD ou do PCP (deixando para já o BE de fora da análise). É verdade que PS e PSD se afastaram nos últimos 4 anos, fruto de uma inflexão à direita por parte do PSD, do crescimento da maior influência da ala à esquerda do PS ('jovens turcos'), da maioria absoluta do PSD (qualquer maioria absoluta conduz a uma menor predisposição para o compromisso), das circunstância da queda do governo Sócrates e da implementação do Memorando. Tudo isto é factual. Mas é também conjuntural. Basta pensar o que ocorreria se Rui Rio, por exemplo, sucedesse a Pedro Passos Coelho. Ou, eventualmente, se Assis sucedesse a António Costa. Não tenho dúvidas que qualquer destes acontecimentos (haverá outros possíveis) criaria imediatamente condições para uma re-aproximação. Porque as causas do afastamento são conjunturais e não estruturais.
E entre PCP e o PS? As dificuldades de entendimento são conjunturais? O que nos dizem os últimos 15 anos? A mudança de liderança do PCP (por exemplo) faria alguma diferença?
Nada. Porque as diferenças e o afastamento são estruturais, não são meramente conjunturais.
No fundo é isso que Assis está a chamar a atenção. No fundo é isso que a sua citação de Assis há 15 anos atrás mostra: em 15 anos (uma eternidade em política) mudaram as lideranças, mudaram as tendências (no PS) mas nada mudou de fundamental no PCP e no relacionamento PCP-PS.
Pode ser que um governo PS apoiado pelo PCP e BE seja a única ou a melhor solução neste momento. Mas não tenhamos ilusões: relativamente ao PCP tudo permanece igual e passada esta conjuntura, tudo voltará ao que sempre foi. Nada de estrutural mudou ou mudará.
eu acho uma piada a estes últimos anónimos
ou são muito ingénuos ou muito hipócritas
é óbvio que esta ligação ao PS é conjuntural nem o PS merece mais que isso
o último governo do PS então é preciso recordar a merda que fez ?
é preciso recordar jorge coelho e mário lino ?
que o paspalho do assis tenha razão que esta aproximação é meramente estratégica...so what ?
estavam à espera de milagres, de romances de amor eterno ? de cinema francês ?
moralismos da treta de gente ressabiada e desdentada do encéfalo
haja pachorra
Conclusão: o putedo de sempre!
O Assis nunca "comeu" uma gaja boa?...E podia? -O canibalismo está proibido em Portugal!
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