quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Economia política e moral

O Alexandre Abreu escreveu duas análises, que vale a pena recuperar, sobre o papel da especulação nos alimentos e as revoltas no sul global: De Wall-Street a Maputo e O nexo finança-fome. O Negócios deu-lhe finalmente voz, a propósito das preocupações da própria Comissão Europeia, já que os efeitos destes processos também se sentem no centro e agora há tímidas propostas a circular para limitar a especulação nos derivados. Entretanto, e porque a economia política tem de convergir com a “economia moral da multidão” no século XXI, com a complexidade dos factores que levam as pessoas a dizer nós, ao protesto e à revolta, leiam Paulo Granjo. E. P. Thompson, cujo ensaio está disponível numa edição primorosa da Antigona, anda por aí.

5 comentários:

باز راس الوهابية وفتواه في جواز الصمعولة اليهود. اار الازعيم-O FLUVIÁRIO NO DESERTO disse...

ver especulação

com uma centena de milhão de hectares de cereais afogados pelas cheias no paquistão, na alemanha, na austrália

e queimados nos incêndios russos e nas secas da Africa e da América Central e do Sul

morreram 2000crianças de fome na guatemala

o milho não sai das cidades para ir para os campos

morriam há 50 anos morrem agora

só se começou a olhar para os famintos quando começaram a morrer aos milhões em frente das câmaras de tv

há 7000milhões de pessoas antes do ano chegar ao fim

e o combustível custa mais por litro do que um litro de grão

é simples

A economia da fome
chegará à europa

bastam mais dois anos iguais
para queimar as gargantuescas reservas

e há quem faça do milho óleo para fritar e biodiesel

especulação?

diria antes estupidez dos sobre-alimentados

باز راس الوهابية وفتواه في جواز الصمعولة اليهود. اار الازعيم-O FLUVIÁRIO NO DESERTO disse...

ou seja a especulação resulta de expectativas

e climaticamente as expectativas não parecem boas

até o arroz se afoga debaixo de um metro de àgua

Dias disse...

Os movimentos de libertação lutaram pelas independências, conseguiram-no, mas não aprofundaram a democracia, de dar voz à esmagadora maioria da população. A promiscuidade entre a política e os negócios acabou por vingar, por privilegiar os interesses particulares (Um flagelo para a multidão global).
As cheias, as secas, o risco total perante a contingência dos fenómenos da natureza, não explicam tudo, de maneira nenhuma. Deviam investir mais nessas áreas. Muitas vezes os programas de apoio internacional promovidos por várias instituições, não atingem totalmente os objectivos, por várias razões.
A tudo isto que é conhecido veio juntar-se a especulação financeira. Já há anos atrás, na Tunísia, ocorrera uma revolta pelo aumento do preço da farinha e do pão. Tal como em Moçambique. Tal como no México, com as tortillas.

Anónimo disse...

O império em mudança:

http://novadesordemmundial.blogspot.com/2011/01/liberdade-envergonhada.html

João Carlos Graça disse...

Obrigado Alexandre e João
Nos tempos que vão correndo, face à perda efectiva de poder de compra por parte da maior fatia da população (cá e em varios outros países do "centro" e da "semi-periferia"), é esperável que tendam a re-emergir à direita (e alimentados por certas "esquerdas" superficiais e desinformadas) mitos e fantasias mais ou menos tardo-malthusianos relativos à alegada inevitabilidade da escassez absoluta de recursos... e coisas mais ou menos aparentadas.
É natural, até, que às segundas, quartas e sextas os media passem a bombardear-nos com isso, reservando as terças, quintas e sábados para nos azucrinarem com a tragédia do "declínio demográfico" e subsequentes repercussões (igualmente inevitáveis, claro) sobre a (in)sustentabilidade da segurança social publica, etc. (Aos domingos, com um bocado de sorte, talvez se respeite o "dia do Senhor"...)
Face a este ambiente que começa a desenhar-se aqui e ali, é saudável e refrescante ler o que escreve o Alexandre.