terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Quem vai ao fundo?

Tive a oportunidade de participar no colóquio do IDEFF sobre a vinda dos fundos, que nos levará (ou não) ao fundo, a convite de Eduardo Paz Ferreira, o seu grande dinamizador. Uma iniciativa que permitiu um debate plural e muito participado. Baseado, entre outros, neste artigo, defendi que a União Europeia está a recuperar o neoliberal Consenso de Washington para as suas periferias, impondo brutais processos de ajustamento deflacionário, com cortes nos salários e aumento do desemprego, para tentar debelar desequilíbrios económicos impulsionados pelas forças dos mercados financeiros, que o processo de integração ajudou a soltar, e pela competição desigual entre economias com graus de desenvolvimento distintos. Os actuais Fundos, com as condições existentes, conduzem ao aprofundamento do desastre económico. A história das crises é sempre escrita pelos credores e as políticas são definidas pelas suas necessidades, pela necessidade de salvar o sistema financeiro do centro à custa das periferias. O que surpreende é como o pensamento hegemónico entre as elites nacionais ainda é tão marcado pela visão do centro. Paradoxalmente, como afirma Ilene Grabel, o FMI exibe hoje uma maior flexibilidade em algumas áreas, em particular no campo dos controlos de capitais que muitos países em desenvolvimento estão a adoptar, no que é uma das mais interessantes transformações recentes na economia política internacional. Tenho é medo da actual União Europeia. Precisamos, à escala da União, de romper com o Consenso de Washington em Bruxelas, ou seja, de simultaneamente reconquistar espaço de desenvolvimento à escala nacional em algumas áreas, como a política industrial, e de corrigir a regulação assimétrica da União com reforço da integração noutras áreas. Isto porque sem orçamento, fiscalidade e dívida não há moeda sustentável. É por aqui que passam as reformas estruturais de que necessitamos e não pela continuação das políticas de liberalização e de privatização que estiveram na base da crise. A rebelião das periferias é o meio...

3 comentários:

Anónimo disse...

Mas a rebelião de quem?Em Portugal não será do povo certamente(pelo menos enquanto 50% do povo não passar fome)pois as divisões sociais,raciais e culturais imperam.
As elites,claro está,estão sempre bem,e jogam com isso mesmo,resta uma classe média(funcionários publicos?)que vai conforme o vento sopra...depois de votarem ps vão votar de novo psd!?

Anónimo disse...

Isto anda tudo ligado!

http://www.anovaordemmundial.com/2011/01/video-george-soros-clama-por-uma-nova.html

Anónimo disse...

Quem seria o governo desse tesouro único? continua a desprezar o factor nacional. Existiria um partido socialista europeu? Dirigido por alemães e holandeses? Os portugueses votavam nele com que critérios? É impossível responder a esta pergunta. O tesouro único é uma fantasia. Ninguém deseja isso na periferia.


Jorge Rocha