terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
Tudo pior que antes?
André Freire, Professor de Ciência Política no ISCTE, escreveu ontem um excelente artigo no Público onde desmonta eficazmente as teses neoliberais que insistem, contra toda a evidência, em declarar que os sindicatos são parte dos problemas das economias. Podem ler uma versão mais desenvolvida no Le Monde Diplomatique deste mês. Na realidade, os sindicatos são cada vez mais imprescindíveis numa época em que se prova que não há uma relação mecânica entre o crescimento da produtividade e o crescimento dos salários, em que as desigualdades crescem, em que se esfarelam os direitos laborais arduamente conquistados e em que se corroem alguns dos pilares que sustentam os mecanismos públicos de provisão e de redistribuição. Mas a vida não está fácil para o movimento sindical. São muitas as forças e as pressões deliberadas que trabalham para o enfraquecimento das solidariedades de classe. Só um movimento sindical autónomo e plural será capaz de travar o declínio da influência da central sindical que é um dos esteios de muito do que de decente existe em Portugal. Só um movimento sindical liberto de tutelas de direcções partidárias será capaz de (re)construir formas de acção colectiva que derrotem o «fundamentalismo de mercado» ali onde mais importa: nos mundos do trabalho. Neste contexto, os desenvolvimentos que o Arrastão e o Zero de Conduta relatam são reveladores de uma situação sombria e que não augura nada de bom para o futuro do mais importante movimento social português.
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