Vital Moreira acha que é impeditivo do debate à esquerda defender (como eu aqui faço) que as actuais políticas de «reforma» do Estado social (inseridas num projecto mais vasto de reconfiguração do Estado e da sua articulação com o sector privado) apontam para o seu esvaziamento e descaracterização. Gostaria de saber desde quando é que a divergência intelectual é obstáculo ao debate político profícuo? Desde que se partilhem valores fundamentais, o debate político que consolide ou obrigue a rever posições e que ajude a estabelecer as convergências possíveis é sempre fundamental. Existam espaços e oportunidades. Além disso, é urgente superar a divisão, que tantos gostam de cavar e que tão bem serve os projectos de retrocesso social, entre a esquerda com vocação «governativa» e a esquerda «pura» e «verdadeira». Não faz sentido outra esquerda que não seja a que ambiciona ser poder, não como um fim em si mesmo, mas sim como um meio, o melhor de que dispomos, para mudar o país.
Nota: sobre o debate à esquerda vale a pena ler esta posta de Nuno Ramos de Almeida.
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2 comentários:
"Implicitamente" a grande questão em debate bem para alem da questão do "estado social" não será a da democracia, e do exercício do poder pelos cidadãos, hoje, na Europa?
Aquilo a que chamamos ainda democracia não será hoje um "derivado formal" sem substância ao abrigo da qual, se subverteram as premissas emancipadoras em proveito do mercado?
Quais serão as "formas" que revestirão as futuras construções politicas realmente emancipadoras ninguém sabe, mas entretanto que a grande questão de saber como construir o "em comum", é por definição a grande questão eminentemente politica parece-me evidente.
Bem visto ab. A questão da democracia, da sua defesa e expansão, é parte integrante do ideal igualitário: assegurar que cada um tem as capacidades, os recursos e as oportunidade para moldar os destinos colectivos.
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