Contudo, como o João afirma, a teoria económica, mesmo a mais ortodoxa, é mais sofisticada do que isto. Se, em vez de um modelo competitivo, adoptarmos um modelo de concorrência mais próximo de um monopsónio, onde o empregador detém poder de mercado na fixação do salário, os equilíbrios potenciais são múltiplos, podendo um aumento do salário mínimo resultar num aumento do emprego (Card e Krueger, vale a pena ler o resumo). Por outro lado, se adoptarmos o modelo de «salários de eficiência», dos Nobel Akerloff e Stiglitz, um aumento dos salários, aumentando os custos directos do trabalho, pode influenciar positivamente a produtividade do trabalhador e reduzir os custos indirectos do trabalho (recrutamento, controlo, etc). E isto dentro da ortodoxia. Se complicarmos um pouco e considerarmos que as empresas têm algum grau de discricionariedade na fixação dos seus preços e processos de produção, salários mais altos podem ser ajustados através de diferentes mecanismos que não afectam o nível de emprego: melhores técnicas de produção, melhores técnicas de vendas, aumento dos preços, redistribuição da massa salarial na empresa em benefício dos trabalhadores mais mal pagos, etc.
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2 comentários:
Mas ou escolhemos a hípotese que o salário mínimo não causa desemprego ou escolhemos a teoria do "salário de eficiência."
Parece-me que são incompatíveis porque a segunda vive exactamente do desemprego que cria.
luispedro
Não percebi.
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