terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Taxa(s) de Desemprego

Ontem ficámos a saber que, segundo dados do Eurostat, Portugal é, actualmente, o país da zona euro com a mais alta taxa de desemprego. No entanto, os diferentes números existentes à volta do (des)emprego são fonte costumeira de confusão. Por isso, vale a pena esclarecer algumas questões.

Primeiro é preciso saber que existem diferentes (pelo menos três) organismos que calculam o desemprego em Portugal: o Eurostat (fonte da informação de hoje), o INE e o IEFP. O IEFP será a fonte menos fidedigna, pois só contabiliza os desempregados registados nos seus centros. Um jovem à procura do primeiro emprego, não inscrito no IEFP, não é contabilizado. Se não me engano, o IEFP tem mesmo o cuidado de não anunciar uma taxa de desemprego. Contudo, é recorrente ver na comunicação social as variações do número de desempregados registados como indicador para a evolução da taxa de desemprego em Portugal. O INE, fonte da taxa oficial de desemprego, serve-se de inquéritos para calcular as suas taxas. Contudo, a taxa do INE não inclui «os inactivos disponíveis» (desempregados mas que não procuraram trabalho no período em que foi feito o inquérito), «os inactivos desencorajados» (aqueles que estão desempregados mas desistiram de procurar emprego), os subempregados (aqueles que fazem algumas horas por não encontrarem emprego). Ou seja, a taxa de desemprego real é muito superior à anunciada. Ver aqui, para uma boa análise destes números. Por último, senão me enganaram, o Eurostat serve-se dos dados dos anteriores dois organismos para o cálculo da sua taxa de desemprego. Será, pois, uma taxa necessariamente diferente.

Finalmente, é de notar a forma como o governo tem abordado a questão do desemprego, realçando o número de empregos criados nesta legislatura - mais de cem mil. No entanto, como este artigo do DN mostra, estes dados são brutos - não têm em conta o aumento da população activa e a destruição de emprego. Uma manipulação grosseira que só serve para atirar areia aos nossos olhos.

2 comentários:

Pedro Sá disse...

1. Os jovens à procura de 1º emprego, como sabe, não contam para a taxa de desemprego. Pelo menos foi o que aprendi em Economia no 9º ano.

2. Essa da "taxa de desemprego real" é muitíssimo habilidosa. Aliás, o subemprego não deixa de ser emprego, ainda que seja a coisa horrenda que todos sabemos.

Anónimo disse...

Pedro Sá aprendeu mal no 9º ano. A taxa de desemprego dá o número de activos não empregados sobre o nº de activos...

E como diz o IEFP não disponibiliza nenhuma taxa de desemprego. O que o IEFP disponibilisa é o nº de desempregados inscritos nos centros de emprego. O que os media e o governo fazem é a desonestidade do costume... usando e abusando dos números e das contas que melhor sirva as necessidades do discurso...
E sim poderemos falar em taxa de desemprego em sentido lato, termo que é reconhecido no plano estatístico.

Ricardo