quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Salário mínimo: combate empírico


Mas deixemos a teoria. Qual tem sido a avaliação empírica da introdução ou aumento dos salários mínimos? A discussão tem sido animada nos EUA, com um número crescente de estados a imporem aumentos do salário mínimo acima do estipulado pelo governo federal. Aqui encontrão um bom número de trabalhos dedicados aos efeitos da introdução de aumentos do salário mínimo em diferentes estados e condados norte-americanos, da Florida à Califórnia. Por exemplo, na Florida, o salário mínimo horário foi aumentado dos 5.15$ dólares federais para 6.15$. Um aumento de quase 20%. O número de trabalhadores beneficiado pela fixação do salário mínimo passou de 310 000 para 850 000. Os custos associados aumentaram de 140 milhões de dólares para 410 milhões. E, no entanto, mesmo nos sectores mais dependentes de mão-de-obra não qualificada, como a hotelaria, tal aumento traduziu-se num custo de 1% do seu volume de negócios. Eloquente, não?

4 comentários:

ngoncalves disse...

"E, no entanto, mesmo nos sectores mais dependentes de mão-de-obra não qualificada, como a hotelaria, tal aumento traduziu-se num custo de 1% do seu volume de negócios."

E o aumento do salário mínimo traduziu-se também num aumento do emprego ? Ou traduziu-se num aumento do desemprego ?

Entendo o argumento dos custos acrescidos para o patronato, mas o que está em causa é a criação de emprego.

Nuno Teles disse...

Caro nelson,

A questão é que os custos acrescidos foram marginais. O impacto foi tão pequeno que dificilmente se pode argumentar que houve qualquer destruição de emprego.

Anónimo disse...

Bem, este texto refere o impacto do aumento do salário mínimo sobre o volume de negócios e não sobre o desemprego, logo não há grandes conclusões a tirar.

Por exemplo, nada impede que metade dos hoteis tenham encerrado, e que os turistas se tenham instalado nos que continuaram abertos. Neste caso, haveria um significativo aumento do desemprego e um pequeno decréscimo apenas no volume de negócios.

Mas mesmo que o aumento do desemprego tenha sido apenas de 1%, parece-me um valor relevante.

alexandre disse...

Caro anonimo.
Tem toda a razao, isso e' uma possibilidade em mil, a mais pessimista diga-se de passagem. Mas lembremo-nos que os hoteis nao sao infinitos em espaco, nem os seus trabalhadores omnipresentes.
Veja-mos o contrario, normalmente, em Portugal por exemplo, o desemprego e o fecho de empresas resulta da falta de volume de negocios e nao do contrario.
E' verdade que a Banca e o Mercado expeculativo sao uma excepcao, ai' sim, muita coisa e' infinita.