domingo, 4 de novembro de 2007

Sicko (I)

Ontem vi finalmente o último filme de Michael Moore. Sim, eu sei que há demasiadas lágrimas (particularmente dirigidas a espectadores que as têm fáceis como eu). Sim, eu sei que para quem gosta de argumentos sofisticados e subtis, a coisa às vezes pode parecer um bocado simplista. Sim, eu sei que à esquerda há quem não aprecie o estilo «populista» e auto-centrado. Sim, eu sei isso tudo. Mas no final a força deste documentário popular, a sua utilidade (sim, é também neste plano «utilitário» que ele quer ser julgado e eu não vejo mal nenhum nisso), está na verdade que expõe e no poder da sua mensagem política. E eu digo que o que está em causa - chegar ao maior número de pessoas possível e quebrar o consenso que suporta um sistema injusto - justifica que se escrevam panfletos sob a forma de documentário.

Como sempre distribuí panfletos e como também já escrevi alguns, valorizo quem os sabe fazer. Dizer o essencial, de uma forma simples, sem ser simplista, sem erros, com o ângulo certo, a mensagem apropriada ao momento, a palavra de ordem justa. É uma arte. Agradeço a Michael Moore por a dominar tão bem. A luta contra a hegemonia neoliberal que pretende instituir a ficção da mercadorização universal, também depende destes artistas.

Sem comentários: