sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Greve Geral


Só a acção colectiva organizada permite superar o medo, a fragmentação e a ausência de esperança. Há alternativas a esta lenta corrosão do nosso ainda embrionário estado social. Há alternativas a uma política económica errada e a uma engenharia mercantil iníqua e irresponsável. Hoje, os trabalhadores da função pública enviam mais um sinal. Espero que seja bem forte. Se algumas das suas razões se fizerem ouvir, as coisas podem começar a mudar no nosso país.

6 comentários:

Pedro Sá disse...

Irresponsáveis são os sindicatos na sua defesa de modelos absurdos. Pior. Muito tinham a ganhar se fizessem como os sindicatos italianos e aceitassem a mudança para contrato individual de trabalho. Até porque o seu poder aumentaria substancialmente.

oscar carvalho disse...

Lembro Lenine: "oportunismo de esquerda é exigir mais do que aquilo que é possível". Os sindicatos ainda não perceberam que não é possível o que querem? O mundo mudou e vai mudar mais e um pequeno país, em economia aberta, ou se faz à competição internacional ou se afunda em crise. Há que repensar a estratégia da esquerda e não vejo ninguém a fazê-lo.

José M. Sousa disse...

Eu trabalho na administração público, tenho contrato individual de trabalho e não faço greve. Não porque não pense que haja motivos para ela, mas porque julgo que os sindicatos têm muita falta de credibilidade perante a opinião pública. Pode parecer mesquinho, mas, para começar, a greve não deveria ser à sexta-feira, por exemplo. Mas é assim que são avaliados pelos outros cidadãos, quer queiram, quer não....

Vitor Correia disse...

Temos, portanto, a apologia da
"coragem do desespero". Bem...
é melhor que nada. Mas acho que existe outra, e mais eficaz, maneira de superar o medo... Dá é muito trabalho...
Em matéria de embrionário, e proto-aborto , estado social, vejo uma alternativa - a Sociedade-Providência, ainda detectável em certos meios rurais. Há arcaísmos que vêm por bem... e se ajustam perfeitamente à "sociedade de redes".
Tudo somado, incluindo a famosa 6ª feira, também espero que seja, ao menos, audível/visível. Porque não há sinais, e eles são muito necessários...

José Manuel Dias disse...

Fogo! Que post datado...Esta malta ainda não percebeu que vivemos num num mundo globalizado. Pagamos mais aos funcionários públicos? E quem suporta o acréscimo de despesa? Os nossos impostos. E a competitividade para onde vai? E os chineses? E os indianos? Andam a nanar? Fechamos as fronteiras?
Por outro lado, temos todos aqueles que não têm emprego. Quanto mais pagarmos aos que estão no sistema menor é a probabilidade dos "sem emprego" arranjarem colocação. É dos livros...Ainda não descobriram que não temos "planeador central".
Cumps

João Rodrigues disse...

Não percebo o seu ponto sobre o contrato individual de trabalho.

A questão da competitividade é boa. Uma coisa parece ser certa. Sem um corpo de funcionários públicos dedicados e bem formados não há estruturas públicas que resistam e sem elas também não há competitividade que seja sustentável. A não ser que se queira continuar a fazer assentar o nosso perfil de especialização nos baixos salários (O fantasma dos chineses e dos indianos). A ideia de que os "de fora" devem os seus dramas aos direitos dos "de dentro" não é correcta na minha opinião. A questão é assegurar a convergência. Eu até estaria disposto a aceitar algumas "reformas dolorosas" na função pública se isso fosse parte de um "plano" de convergência de direitos. A questão é que não é assim. O que acontece quando se quer derrotar e vergar os de "dentro" e fazê-los perder "direitos" unilateralmente é que a situação dos de fora também acaba por piorar. O aumento da precariedade não beneficia ninguém.

Tem razão José M. Sousa quanto ao ponto da sexta-feira. Dado o ataque feroz aos funcionários que este governo patrocinou, não se pode dar o flanco. A sexta-feira desvaloriza o valor de uma greve que foi apesar disso um sucesso.