segunda-feira, 26 de novembro de 2007
Aprender com os EUA
É difícil encontrar nos EUA um economista mais convencional do que Lawrence Summers. Professor em Harvard e antigo secretário do tesouro. Neste artigo no Financial Times, Summers traça um quadro negro para a evolução futura da economia norte-americana: quebra do mercado imobiliário, contracção do crédito, fragilidade financeira, redução da procura. Que fazer? Ficar à espera que o mercado «opere a sua magia»? Nem pensar. Essa crença ingénua é para os outros. Para os países em vias de desenvolvimento e para os Europeus que compraram a ideia de que a política económica deve estar constrangida por regras muito apertadas. «Manter a procura deve ser a prioridade suprema» afirma Summers e as políticas orçamental e monetária são para isso mesmo. Keynesianismo puro e duro: redução das taxas de juro e política orçamental contra-cíclica com aumento do défice. Se isto não chegar, então é preciso «intervir» no mercado de crédito imobiliário, o que já está a acontecer, e promover uma reestruturação da dívida acumulada pelas famílias confontadas com as insolvência devido às subidas dos juros nos seus obscuros contratos. Tudo para salvar o mercado evidentemente. A conclusão não é nova: em matéria de política económica a Europa tem muito que aprender com o pragmatismo norte-americano. Aqui a macroeconomia ortodoxa, com as suas bizarras hipóteses, fica nos departamentos de economia. É que há uma crise para resolver.
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4 comentários:
A religião do mercado é mesmo coisa europeia? Ou será mais coisa portuguesa?
Ideologia e preconceito versus pragmatismo. Pouco pragmatismo e sobretudo muito preconceito, no nosso caso.
Em relação ao artigo, o tipo defende manter o consumo. Com quê? Crédito? Brincamos?
O crédito ao consumo foi a ficção que o neo-liberalismo inventou para esconder a perca de poder de compra real das classes médias e baixas. O problema é que não estica indefinidamente...
Alguém que (contrariamente a mim) até percebe do assunto, vale a pena ler
Obrigado pela referencia. Muito pertinente. É um excelente blogger. Uma referência. A questão das desigualdades tem de ser confrontada pela política.
Essa do crédito ao consumo é de morrer a rir.
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