São recorrentes as comparações entre os países mais desenvolvidos feitas por organizações como a OCDE ou o FMI, onde é mostrada a relação entre regulação do mercado de trabalho e a taxa de desemprego. Os países onde os trabalhadores beneficiam de maior segurança são os países com maior desemprego. Discussões, como a flexisegurança ou o desemprego jovem, partem sempre deste ponto de partida e são, por isso, claramente enviesadas. Não interessa se, por exemplo, segundo a OCDE, Portugal (a par do México) seja um dos países com maior protecção do trabalho (?!).
Neste artigo, um conjunto de economistas (com Andrew Glyn entre eles) desmonta estas comparações grosseiras. A análise empírica destes autores prova uma não-relação entre as duas variáveis. Pelo contrário, o estudo mostra como diferentes variedades de organização do trabalho podem resultar numa baixa taxa de desemprego. O mundo é complexo e o capitalismo variado.
No entanto, como explicar a aparente unanimidade da teoria económica? Os autores mostram: «(...) preocupação que a investigação empírica na explicação da alta taxa de desemprego no mundo desenvolvido tenha sido, a um nível perturbador, orientada por esforços para verificar ou confirmar a teoria ortodoxa, em vez de a testar criticamente». Pois.
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4 comentários:
Excelente post!
Desde que vos conheço, fiquei "agarrado" ao vosso blogie.
Parabéns!
Já agora um reparo: sempre que publiquem fotografias, não se esqueçam de citar os seus autores.
O que eu gostaria de saber o nome do autor da foto que acompanha este brilhante texto...
Cumprimentos
blogue e não blogie, claro!
Algumas das análises que "apoiavam" a dita flexisegurnaça apenas faziam uma análise cross-section, sem fazer uma análise longitduinal para cada país. Em suma não avaliava o percurso de cada país
e não estabelecia qualquer relação de causalidade.
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