quarta-feira, 26 de setembro de 2007

A captura das elites (II)

«É bom, no entanto, ter bem presente que hoje a mais frequente e preocupante promiscuidade de interesses que mina o SNS, não está naqueles profissionais que acumulam com o privado, mas sim na política liberal e privatizadora de Correia de Campos, que introduz, na organização e funcionamento do SNS, os interesses próprios dos mais variados grupos privados, através da privatização de determinados serviços, desde administrativos (por exemplo, o sistema informático e a conferência de facturas do SNS) até à entrega da gestão e exploração de hospitais públicos a grupos privados (como é o caso do Amadora-Sintra e das 10 novas parcerias público-privadas - PPP), através das quais Correia de Campos oferece a gestão e exploração de mais 10 hospitais públicos aos grandes grupos económicos».

João Semedo, deputado e um dos mais denodados defensores do SNS. O problema da captura é também o problema do rotativismo do bloco central que «governa para interesses, usando o que é público e devia ser de todos como um benefício para alguns». Isto tem que ser quebrado. Politicamente.

2 comentários:

NC disse...

O que propõe?

Oscar de Lis disse...

Acho que fica bem claro que a tendência á sub-contratação e à implicação operativa do sector privado nas tarefas do que é público tem sido definido como um modelo de poupamento para a administração porquanto no lugar de assalariar os seus empregados direitos está a investir um capital de exploração com a que a companhia privada vai assalariar.

Por suposto, a redução de gasto vem asinha que o sector privado vai aplicar o modelo de oferecer um menor custo para a administração com o fim de atingir ou conservar o contrato.

O resultado, como é lógico, é especialmente dramático para os trabalhadores, que acham a se esvaescer seu salário na parte que a empressa privada reserva para si e na parte que a empressa privada vai oferecer de poupamento para a administração, sem que por isso o volume de trabalho possa baixar de modo a se equilibrar com o salário apercebido. Eis justo nesse ponto onde a questão se faz diária e se passa do "escuro universo dos economistas" para o mundo dos mortais assalariados.

Talvez mesmo nisto haja algo de épico, como diriam os poetas.