sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Quem é que é infantil?

Ao contrário de Helena Garrido, defendo que pode ser acertado instituir medidas de apoio aos cidadãos mais pobres, sobretudo aos cidadãos que caíram em situações de desemprego involuntário, e que se encontram a braços com um serviço da dívida que não cessa de aumentar devido, em parte, aos comportamentos irresponsáveis e «predatórios» dos bancos e a mais uma crise no regime financeiro liberal. Não percebo como é que se pode dizer que medidas sensatas deste tipo infantilizam os cidadãos. Mecanismos de protecção bem desenhados impedem, em momentos de crise, o acentuar de ciclos viciosos de pobreza, a contracção da procura, a generalização de fenómenos de insolvência ou o alastrar do pânico. Impedem que sejam sobretudo os pobres a pagar a crise. E depois há também a necessidade de criar mecanismos de regulação que atenuem os ciclos de crédito e a especulação. É que infantil aqui só mesmo alguns dos padrões de comportamento dos próprios agentes da finança de mercado.

Nota: a ilustração desta posta é da autoria do Pedro Vieira, o magnífico irmaolucia.

9 comentários:

Samir Machel disse...

E um Estado que permita campanhas de crédito fácil enganosas...

NC disse...

«Mecanismos de protecção bem desenhados impedem, em momentos de crise, o acentuar de ciclos viciosos de pobreza, a contracção da procura, a generalização de fenómenos de insolvência ou o alastrar do pânico.»
Será da rensponsabilidade de quem se endivida procurar esses mecanismos.

O Becas das laradas disse...

Este blogue é dois mais engraçados do país. Sou de esquerda, e mesmo não sendo "neo-liberal" não consigo deixar de largar uma gargalhada ao ouvir

", e que se encontram a braços com um serviço da dívida que não cessa de aumentar devido, em parte, aos comportamentos irresponsáveis e «predatórios» dos bancos e a mais uma crise no regime financeiro liberal"

Coitado de mim, e filhos das puta dos bancos, que me concedem um empréstimo quando eu peço para comprar a minha casa. deviam me dizer que não, sentia me muito melhor.

L. Rodrigues disse...

Este comentários lembram a primeira desculpa dos burlões profissionais:
"As pessoas querem ser enganadas, que é que eu hei-de fazer?"

Diogo disse...

Comentei desta forma no blogue da Helena Garrido:

Cara Helena Garrido,

Eu também não defendo a infantilização dos cidadãos. Defendo, pelo contrário, a sua maturidade. Maturidade suficiente para irem falar com Sócrates (o alegado patrão de Constâncio) e com Constâncio (Governador do Banco de Portugal e Membro do Conselho dos Governadores do Banco Central Europeu) e perguntar-lhes porque tem subido a taxa de juro. E exigirem uma resposta inteligível, porque a inflação mantém-se inamovível nos 2%.

Estamos a assistir a nível europeu a um roubo de proporções bíblicas às famílias, às empresas e aos estados. Os cidadãos adultos desta União têm o dever de exigir uma resposta. E muito rapidamente.

pedro vieira disse...

eh pá e tal, tudo bem, mi casa es su casa, os camaradas estão à vontade para utilizar imagens que pululam aí pela internet fora mas faz favor de mencionar a autoria da ilustração, até porque já jantámos na mesma mesa e deves-me essa consideração. afinal de contas não sou assim tão feio.

João Rodrigues disse...

Desculpa Pedro.

pedro vieira disse...

no pasa nada. só estive vai não vai para te inscrever na mailing list do cds

Oscar de Lis disse...

Tarzan:

Fica claro que os cidadãos devem agir para nom se endividar. É a sua responsabilidade, mas apenas até onde o é. Mas deve também haver mecanismos supraindividuais, chame-os de Estados, mutualidades ou qualquer outro tipo de cooperação de base de tipo protectora. Porque os indivíduos não podem prever as modificações do mercado dos juros, por exemplo. Veja-se o caso das hipotecas dos EUA, que já não só se extrapolou a Portugal, mas também à Espanha, com terminologia paralela. Parabéns polo blogue.