quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Rigor e compromisso


Devemos ser a favor da “disciplina” e do “rigor” orçamentais: de forma disciplinada e rigorosa, a política orçamental deve ser a necessária para garantir o pleno emprego. Nem mais, nem menos. O único equilíbrio que interessa é o externo para não se ficar na dependência de estranhos. Sim, precisamos de muitos e bons instrumentos de política.

Devemos ser a favor de “compromissos europeus”: numa Europa de nações, os compromissos devem ser com o primado da soberania popular, com a primazia dos Estados sociais de direito democrático, assim no plural, sobre o chamado direito europeu, assim num singular tão mercantil quanto furtivo.

No dia em que os partidos de esquerda abandonarem referências destas, perdem a razão de existir e acontece-lhes o que aconteceu aos que foram em modas passageiras. Nessa altura, o euro-liberalismo e os seus subprodutos fascizantes estariam sozinhos. A tática de curto prazo deve estar subordinada ao compromisso estratégico com a elaboração de uma visão emancipadora para este país.

Sim, talvez existam “assimetrias programáticas” maiores à esquerda do que à direita. Há social-democratas que fingem não compreender que a integração europeia milita contra tudo o que historicamente chegaram a defender: da economia mista ao equilíbrio institucionalizado nas relações laborais.

Afinal de contas, para lá da colonização ideológica pelas visões ditas de mercado do trabalho à la Centeno, para lá da força patronal, a verdade é que não há “destroikização” das relações laborais, porque o BCE, articulado com a CE, não deixa.

É a rigorosa racionalidade supranacional, com classe, de não termos um Banco Central subordinado à disciplina das finanças públicas com compromissos democráticos.

1 comentário:

Al disse...

Da leitura sugerida das "assimetrias programáticas" e da sua conclusão requentada de que o que resta à esquerda é ser de direita, fiquei a saber que o prof doutor Adão e Silva não sabe o que é entrismo. Imagina-se que isso não perturbe quem passa a vida na televisão a falar de tudo e um par de botas.