No debate parlamentar que está a decorrer, António Costa afirmou que "são as contas certas que garantem a credibilidade internacional de Portugal, permitindo ter poupado 3.000 milhões de juros da divida face a 2015"
Relembremos: Portugal tem juros baixos, assim como todos os países da zona euro, porque o BCE tem expandido o seu balanço de forma significativa, como se vê na imagem, garantindo procura nos mercados financeiros. Sim, é de democraticidade muito discutível que o nosso futuro coletivo dependa tanto do que se determina Frankfurt. Mas isso é outra discussão.
Portugal foi dos países desenvolvidos que menos gastou em reação à pandemia, algo incompreensível face às condições de financiamento. E o resto são violinos.
O balanço de ativos do BCE está acima (e aqui). Mais importante do que as cores, é perceber a magnitude do seu aumento nos últimos anos.
Adenda:a convergência descendente dos juros começou ainda antes, em 2012, quando Draghi garantiu que faria o que fosse necessário para manter integridade da zona euro. As simples expetativas geradas foram suficientes. Mas desde 2015 o processo intensificou-se, pela ação concreta do BCE na compra de vários ativos privados e públicos em mercado secundário, causando a trajetória ascendente verificada no gráfico.
5 comentários:
Isto é tudo muito bonito, mas o que restará no final se o orçamento for reprovado com os votos contra de PCP e BE?
Restará dissolução do parlamento e a abertura de uma porta para o regresso da direita dura ao poder.
Que benefícios trará isso aos eleitores do PCP e BE? Eu não vejo nenhuns!
António Costa diz tudo e coisa nenhuma, ninguém deve ambicionar ter um primeiro ministro que não tem um projeto progressista para um país, aliás, António Costa nem um mísero projeto tem, ele é um excelente exemplo dos políticos vencidos dos nossos tempos, gente que está absolutamente resignada à sua condição de actores.
Não ir a eleições porque a direita pode ganhar é um argumento de uma enorme elevação.
Não é verdade que o mérito seja só do BCE.
Para prová-lo basta comparar a evolução, no periodo (2016/2020), da taxa de juros a 10 anos para a Espanha e Itália e constatamos que a baixa foi bastante maior para Portugal. É um facto e não uma opinião.
E apressar a ida a eleições porque acham que apanham a direita (serôdia e neoliberal mas apesar de tudo democrática) com as calças na mão, também é bonito.
Qualquer dos cenários afasta o BE e o PCP de influenciarem o poder como têm conseguido, até neste orçamento ou alguém acha que o PS em maioria absoluta apresentaria um orçamento mais de esquerda?
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