quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Do neoliberalismo dito progressista

Para lá de alardear um cosmopolitismo na melhor das hipóteses inconsequente, o neoliberalismo em versão progressista continua a querer promover a consolidação de formas globalizadas de capitalismo, de resto cada vez mais desiguais, instáveis e insustentáveis. Estas continuam a ser acompanhadas por intervenções supletivas para apanhar alguns “cacos”, em modo “correcção das falhas de mercado”, em modo de políticas públicas na margem, entregues a uma tecnocracia tão arrogante quanto limitada. 

António Costa é em larga medida um produto desta filosofia europeia, da Terceira Via ao PRR, passando pela Agenda de Lisboa. É este no fundo o consenso das políticas públicas europeias no seu melhor. A expressão políticas públicas desagrada-me cada vez mais neste contexto estrutural, tendendo a evacuar a política propriamente dita, a que pode mudar a economia enquanto processo instituído num território delimitado. 

Entretanto, lembram-se do Fundo Europeu de Ajustamento à Globalização? É compreensível se não se lembrarem, já que foi uma das políticas inconsequentes nesta lógica. Agora, temos o Fundo de Transição Justa. A mesma lógica, apenas cada vez mais “cacos”. 

Todo o artigo dito de esclarecimento sobre a Galp do coerente António Costa assenta na palavra fundo, um significante em larga medida vazio, que não esconde uma política conformada com um capital financeiro obcecado com a distribuição de dividendos e gerador de custos sociais, de resto apoiado e tudo. 

A social-democracia numa periferia sem instrumentos de política capazes parece estar reduzida a estas figuras. Já são mais de duas décadas demasiado marcadas por esta desmobilizadora política, terreno fértil para todos os monstros e monstrinhos reacionários.

4 comentários:

TINA's Nemesis disse...

Se fizermos uma avaliação de governos assumidamente conservadores e governos euro-liberais de "esquerda" quem lidera no combate aos interesses da classe trabalhadora e que mais tem contribuído para a nossa decadência?

No Reino Unido é uma azáfama para purificar o Labour de qualquer coisa esquerda e para anular o Brexit.

Os cosmopolitas da "esquerda" euro-liberal não se podiam estar mais a marimbar para o bem comum...
Só posso desejar que estes partidos da "esquerda" euro-liberal sejam punidos, alguns já foram, ainda faltam vários.

Jaime Santos disse...

Então seja consequente e defenda uma moção de censura do PCP ou do BE ao Governo de António Costa. Pode é ser que leve depois com a Direita de Rui Rio e de Carlos Moedas, o secretário de Estado da Troika.

De resto, não se vê em que os Partidos de Esquerda ganhem com esta crítica permanente a um potencial aliado. Os resultados do PCP nas autárquicas são aqueles que se sabem.

Se as pessoas que votam no PS quisessem uma política mais à Esquerda, há muito que teriam votado no PCP ou no BE, que pelo contrário definham a olhos vistos, fruto provável do desaparecimento dos grupos profissionais e sociais que os apoiavam. Têm que ir pregar para outras freguesias, mas já se sabe que isso custa.

O João Rodrigues não consegue perceber que o PS ganha eleições porque é um Partido inter-classista e no dia em que deixar de o ser, a Esquerda nunca mais é poder em Portugal. Oxalá Pedro Nuno Santos seja capaz de compreender tal coisa...

E, já agora, para quem se queixava de Ana Catarina Mendes o criticar em público, dizendo que nunca faria isso a um camarada, convenhamos que as críticas bem públicas ao seu antecessor e agora a João Leão soam a hipocrisia. Um Governo funciona a uma só voz, se dá sinais de divisão, cai. Se PNS quer assumir críticas que se vá embora.

E, já agora, as cativações são uma excelente maneira de evitar derrapagens orçamentais, crises de dívida e regressos de troikas e FMIs.

Parece que também não quer perceber que, com ou sem Euro, a soberania de um País falido é igual a zero...

TINA's Nemesis disse...

O Partido "Socialista" é mantido por um eleitorado que tinha idade para votar na altura da entrada de Portugal para a CEE, Tratado de Maastricht e Euro.

O Partido "Socialista" não está a ser mantido por eleitorado que não tinha idade para votar na altura da entrada de Portugal para a CEE, Tratado de Maastricht e Euro, aliás, este eleitorado não é dado a votar, mas isto pode mudar, e quando mudar duvido que este eleitorado vá a correr às urnas para votar no Partido "Socialista".

O eleitorado mais novo e que não mantém o Partido "Socialista" têm muito boas razões para querer a punição do Partido "Socialista" pois este é responsável pela sabotagem da economia portuguesa e sabotagem das suas vidas.

Era bom que os europeístas fossem, para variar, honestos sobre quem é o eleitorado do Partido "Socialista".
Só porque o PCP e BE não têm mais votos isto não significa que muito do potencial eleitorado não despreze o Partido "Socialista", e como eu disse, eleitorado que não vota agora (e é tanto) pode começar a votar...
Vamos ver se o inter-classismo do Partido "Socialista" lhe vai valer de trunfo ou veneno.

Anónimo disse...

O bloco central dos interesses sente-se realizado, ser o PS ou PSD a governar os seus interesses nunca são postos em causa a corrupção prospera,a justiça é branda com os poderosos,as leis laborais do tempo da troika permanecem,a maioria dos reformados tem reformas miseráveis,os jovens trabalho precário...........Urge refundar a esquerda.