sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Leituras


«A austeridade é um programa de redistribuição da riqueza ao contrário, que passa pela transferência de recursos financeiros do Estado para as empresas, do trabalho para o capital e do sector produtivo para o sector financeiro. E é por isso que, no mesmo texto em que diz que não há dinheiro para tudo, João Miguel Tavares não tem qualquer dificuldade em defender os apoios à banca e não teria seguramente qualquer dificuldade em defender a redução de impostos para as empresas. O problema está, para ele, num governo que diga às pessoas que pode ser diferente. Um governo assim merece toda a ira dos trabalhadores. Porque lhes alimenta esperanças. Mais uma vez, tem razão: é quando a situação alivia e as pessoas sentem que podem reconquistar qualquer coisa que a luta ressurge. A sua receita é óbvia: as coisas nunca devem aliviar. Se a coleira estiver sempre apertada e a trela sempre curta ninguém vai exigir nada. Esta é a paz social que a direita nos propõe: a austeridade eterna em nome de um futuro que será sempre de perda».

Daniel Oliveira, A austeridade eterna como programa político

«Para eles, a desigualdade social é o único mecanismo que pode garantir o crescimento económico, e para existir essa desigualdade é fundamental que as “pessoas certas”, os partidos certos e os grupos sociais certos estejam no poder para manter uma hierarquia que garanta essa desigualdade. E este programa não dá ao “trabalho” uma função criativa e dinâmica na economia, logo na sociedade, e muito menos os dá aos trabalhadores, sejam do sector privado, sejam do sector público. Vivemos anos de uma crise provocada pelos desmandos do sector financeiro, mas cujos custos foram assacados ao “esbanjamento” dos trabalhadores. Os trabalhadores eram os responsáveis por uma sociedade que vivia “acima das suas posses” e teria de ser “ajustada”. É o que hoje ainda pensam: cada euro que vá para salários ou funções sociais é um risco para a “economia”, e quando o “Diabo” vier vai ter de ser tudo, outra vez, posto na ordem»

José Pacheco Pereira, O amor da direita radical pelos trabalhadores do sector privado

«Os quatro OE que o governo PSD-CDS elaborou, entre 2011 e 2015, espelham o que Pedro Passos Coelho e Paulo Portas pensaram ser o melhor para a sociedade portuguesa. Diminuição da carga fiscal sobre as empresas, o capital e os rendimentos financeiros, à custa de um enorme aumento de impostos sobre os trabalhadores por conta de outrém. Ora, a atual solução governativa fez da reversão dessas medidas o seu cimento. O OE de 2018 é claramente mais favorável ao trabalho que ao capital. Contempla um aumento extra de 6 a 10€ para os pensionistas e continua a repor os valores do RSI, o CSI e o Abono de Família. Desaparece o corte de 10% que se aplicava ao Subsídio de Desemprego ao fim de 6 meses. Acaba com os cortes nas horas extraordinárias dos funcionários públicos e as progressões nas carreiras serão totalmente descongeladas em 2018 e 2019. Em contrapartida, vai buscar dinheiro a bens importados ou prejudiciais à saúde, mantém a taxa de energia sobre a Galp, REN e EDP. Continuam as contribuições extraordinárias da banca, energia e farmacêuticas. E pode aumentar a derrama para empresas com lucros acima dos 35 milhões de euros. Por tudo isto, este é um orçamento de esquerda»

Nicolau Santos, OE 2018: desta vez ganham os trabalhadores e perdem as empresas

«Ao contrário daquilo que foram dizendo durante anos, é possível viver melhor em Portugal. Quando nós, neste orçamento, aumentamos as pensões, nós não estamos a ser eleitoralistas, nós não estamos a dar nada a ninguém. Nós estamos a respeitar quem trabalhou uma vida inteira e merece ter uma reforma com dignidade. Quando nós neste orçamento baixamos os impostos, não para os rendimentos do capital, mas para os trabalhadores da classe média e da classe média baixa, nós não estamos a ser eleitoralistas, nós estamos a respeitar quem trabalha e ganha pouco em Portugal e merece de todos nós respeito e um esforço orçamental importante. Quando nós descongelamos as carreiras, não estamos a ser eleitoralistas nem a dar nada a ninguém. Estamos a respeitar, a respeitar quem trabalha todos os dias nos hospitais deste país, nas escolas deste país, nas ruas deste país. Estamos a respeitar os trabalhadores do Estado, estamos a respeitar o contrato que o Estado tem com os seus trabalhadores»

Pedro Nuno Santos (intervenção no Debate na Especialidade do OE para 2018)

12 comentários:

Jose disse...

Que Oliveira é um economista, está ainda hoje sob sigilo, mas quando sair do armário onde a excessiva modéstia o mantém e explanar a sua teoria que iguala investimento a despesa teremos seguramente um Nobel reconhecimento.
Quando o Estado apoia empresas (normalmente faz empréstimos ou prescinde de receitas que de outro modo também não teria) que investem (há sempre umas taxas e umas alcavalas) criam empregos (subsidiados passam a pagantes de impostos) e geram lucros (impostos e derramas), o Estado cria rendas por uma miríade de receitas geradas para o Estado (...ainda que o cidadão não saia da cama).

Este pilar do esquerdalhamente justo, adora a despesa pública, revê-se em tudo que que seja dádiva de Estado, sente-se parte dessa generosidade, eleva-se a missionário da dádiva, e infesta a sociedade desse espírito herdado das jocistas.

Jose disse...

«a desigualdade social é o único mecanismo que pode garantir o crescimento económico»

O homem teve uma visão!
Viu a luz...mas não crê ainda!
Vê a chaga mas, temeroso, não mete o dedo!
Diz ‘para eles’; exclui-se da revelação, teme porventura perder o rumo de uma vida de fé!

Jose disse...

O Treteiro:
«a respeitar quem trabalhou uma vida inteira»
O que é uma vida inteira? Os 25 ou 30 anos de tanta reforma antecipada? As benesses de todo o tipo a quem descontou uma merda para sacar os melhores disto e daquilo; todo um rol de bandalheiras que é preciso manter, actualizar e incrementar!

Diógenes disse...



Têm toda a razão os liberais, acabe-se com todos os trabalhadores, mas todos sem exceções no seu lugar ponham autómatos que não fazem greves, não adoecem, não exigem férias, não pedem a reforma nu7nca, trabalham noite e dia e no fim os liberais também vão engrossar o número dos sem abrigo......

A.R.A disse...

Jose

Agora é que está a falar VERDADE ou é mais uma das suas MENTIRAS o que aí para cima regurgitou?

"Este pilar do esquerdalhamente justo, adora a despesa pública, revê-se em tudo que que seja dádiva de Estado"

Dádiva do Estado? Então os descontos para a segurança social, sábia criatura, são dádivas PARA o Estado, não é?
Bem sei que o Jose para dar não é com consigo, aliás, o Jose nem peidos dá ... deixa-os cair, portanto se DAR dinheiro para a banca não cair (desculpe? Quer desmentir-me? Ah, pronto, pensei que era agora ...) e para que tudo se mantenha comme il faut, com os bons alunos aprumadinhos e bem ensinados por essa força motriz "infalível (?)" que é o coração do "brave free world", sustentarem as crises da finança e a prestarem vassalagem com o dizimo do feudo, em períodos de pujança com a esperança de também a eles um dia lhes toque em sorte um cargo de conselheiro, perdão, consiglieri di cappi, ai!, senior adviser de uma qualquer Goldman Sachs.

E ai daqueles que ousem em falar a verdade ás massas com avisos de austeridade eterna ou com palavras de justiça em como respeitar quem trabalha ao repor o que lhes foi tirado para também dar a banca, pois o que esses comunas e esquerdalhas afins querem é envenenar o povo com ideias de direitos e "todo um rol de bandalheiras que é preciso manter, actualizar e incrementar!" porque o Jose não anda a dormir e está de olho vivo para vir para a praça publica dizer-lhes umas "verdades" e bufar a quem for preciso para por toda esta gentalha na linha.

Não é verdade oh mentiroso?

José Cruz disse...

A sua caracterização do ideário político da criatura é, altamente favorecedor.Qualquer ideia liberal,neo ou demo,é por esse lado um absoluto desperdício.

Jose disse...

Este A.R.A. sempre me parece mais uma encarnação do Cuco.

'Então os descontos para a segurança social, sábia criatura, são dádivas PARA o Estado, não é?' a iliteracia na sua expressão mais evidente!

Por outro lado, teria algum laivo de aproximação a um outro comentário que recordo ter escrito relativo ao PNSantos, mas que não viu publicação!

Anónimo disse...

"Que Oliveira é um economista, está ainda hoje sob sigilo, mas quando sair do armário ..."

Eis desta forma expresso um argumento contundente de jose.

Poder-se-ia dizer que estas palavras ressabiadas de jose provam o seu estatuto de economista, embora isso esteja ainda sob sigilo. Quanto a ele sair do armário sabe-se que teve dificuldades em sair nos dias imediatos a Abril de 74.

Mas este começo de palavreado de herr jose mostra ao que vem e o que procura. E atestam a mediocridade boçal e pesporrenta deste patronato

Anónimo disse...

Mas para la´do destrambelhamento ético de jose, mais o seu enraivecido intróito, percebemos outros destrambelhamentos

Veja-se a sua ode às empresas:
"Quando o Estado apoia empresas que investem, criam emprego, cria rendas...ainda que o cidadão não saia da cama"

As empresas uberalles. O lucro acima de tudo. E é o estado que tem que apoiar as empresas para que este tipo de patrões lucrem com o trabalho alheio mesmo que não saia da cama

Anónimo disse...

Tudo dito? Não

A que propósito jose se sai com este gemido ideológico cavaquista a perorar sobre as empresas?

Pelo que Oliveira disse antes:

«A austeridade é um programa de redistribuição da riqueza ao contrário, que passa pela transferência de recursos financeiros do Estado para as empresas, do trabalho para o capital e do sector produtivo para o sector financeiro. E é por isso que, no mesmo texto em que diz que não há dinheiro para tudo, João Miguel Tavares não tem qualquer dificuldade em defender os apoios à banca e não teria seguramente qualquer dificuldade em defender a redução de impostos para as empresas. O problema está, para ele, num governo que diga às pessoas que pode ser diferente. Um governo assim merece toda a ira dos trabalhadores. Porque lhes alimenta esperanças"

E jose ama as empresas, ama o capital, ama o sector financeiro
E é por isso que amou a troika. E que super-amou o processo austeritário

E é por isso que jose escreve assim, com esta raiva destrambelhada

Anónimo disse...

Jose vive para a defesa dos privilégios da sua classe.

Para a defesa da vampiragem dos seus mais que tudo

Para a defesa dos bordéis tributários para que o produto do saque não corra risco de confisco e, segundo as suas próprias palavras, para evitar os cretinos dos impostos sobre a fortuna.

E para defender a pseudo-honra familiar no que diz respeito aos cucos.

O espectáculo está mais uma vez aí em cima expresso.

A.R.A disse...

Jose

Ao invés de alvitrar, em modo de tweet, semelhanças numa busca esquizofrénica para saber quem é o seu interluctor acredito que lhe ficaria melhor fazer bom uso da sua mui refinada literacia para melhor defender os seus argumentos que, convenhamos, para alguém que se pensa tão erudito, são demasiado básicos e pejados de "mentirinhas"de ocasião para num esforço quasi infantil dar ênfase a uma história para "educar" jumentos como se este blogue fosse algum encontro de companheiros no Pontal ou de uma qualquer reunião "estratégica" no largo do Caldas.

Quanto ao seu esforço de partilha em conhecimentos em ornitologia, sabendo nós que o cuco é uma ave parasitária, é só reler o que escreve para concluir que todos os seus escritos são uma ode aos parasitas da sociedade, os privilegiados que ganham com as crises, que sorvem o dinheiro do Estado com contratos parasitas lesa-pátria e toda uma panóplia elitista que acredita que o povo é aquela coisa subjectiva sob a qual se deve fazer usufruto para a criação de mais riqueza ao estilo de Ulrich - "O país aguenta mais austeridade?... Ai aguenta, aguenta”. Se isto não é ser parasita, é o quê? Concluo,então, que o jose anda um pouco confuso e desnorteado.

Portanto, sabendo eu que o Jose, para além de confuso, manifesta um patológico deficit de atenção (deve ter tido uma infância complicada na mocidade) um trauma para o qual eu já lhe ofereci o meu divã para o escutar, cabe agora ao Jose decidir se deseja desabafar as suas maleitas e seguir a sua vida como uma pessoa melhor ou insistir na psicose ao som delirante da letra -"Lá vamos, cantando e rindo. Levados, levados, sim. Pela voz de som tremendo. Das tubas, clamor sem fim (...)
Assim sendo, prometo passar a ter uma abordagem mais pedagógica para com o jose tal como aconselho que outros que aqui escrevem façam o mesmo sempre que forem interlocutores dos seus devaneios politico-literários.

As melhoras!