segunda-feira, 27 de novembro de 2017

As palavras são importantes

Permitam-me um comentário: tenho estado atento ao debate interno no PSD e não consigo identificar as famigeradas reformas de que tanto falam. Não encontrei, aliás, mais do que vagas proclamações. E percebe-se porquê. O conceito de reforma para a direita é privatizar, liberalizar e desregular. Reforma que é reforma tem de doer. O que o PSD e a direita política em Portugal não entendem é que para nós reformas têm outro significado. Para nós as reformas são avanços, não são recuos. Não é privatizar, é investir; não é liberalizar, é proteger; não é desregular, é inovar.

Excerto da intervenção final de Pedro Nuno Santos, que vale a pena escutar ou ler, no encerramento do debate sobre o Orçamento de Estado. É por saber que as palavras são importantes que Pedro Santos usa sempre a a expressão solução governativa e jamais usou a palavra geringonça. Um exemplo que muitos dos apoiantes desta fórmula deveriam seguir, já agora.

A palavra reforma é no seu discurso reconduzida ao seu significado histórico social-democrata, resgatando-a da captura neoliberal que a perverteu ao associá-la a técnicas institucionais para transferir recursos e poder de baixo para cima, de resto impulsionadas pela lógica da integração supranacional. O reformismo social-democrata, de base nacional, precisa mesmo da força e da pressão daqueles que querem ir mais longe em defesa dos subalternos.

Agora, só falta o PS ser consistente com um sentido que comporta uma autocrítica ao seu passado e, já agora, a uma parte do seu presente. Por exemplo, na área onde muito do que é importante nas vidas das tais pessoas concretas se decide: o trabalho. Para quando uma reforma laboral que permita superar a pesada herança institucional da troika?

17 comentários:

Anónimo disse...

"Agora, só falta o PS ser consistente com um sentido que comporta uma autocrítica ao seu passado e, já agora, a uma parte do seu presente."

As palavras são importantes ... mas o que verdadeiramente conta é a acção. Sem acção concreta as palavras não passam de retórica para entreter.
Perante as palavras e a (falta) de acção sobre a reforma laboral, o João Rodrigues prefere subalternizar a (falta) de acção e enaltecer as palavras.

Jose disse...

Tudo resumido dá MAIS ESTADO.
Grande novidade vinda de quem não sabe fazer mais nada...

A.R.A disse...

- Tem razão, Jose, o que estes malandros querem é mais Estado ... quer concluir?

(- Caros comentadores, a concordância é fundamental para criar um elo de agradável bem estar com o paciente e consequente aproximação de confiança com o confidente)

A.R.A disse...

Realmente, palavras sem acção das mesmas de modo prático de nada valem a não ser para uma qualquer tertúlia literária de boas intenções de justiça social.

Urge que seja nesta legislatura que o Codigo de Trabalho seja revisto e que o PS de uma vez por todas morda a mão aos seus mecenas para que eles deixem cair as amarras que restringem uma reforma laboral mais justa e que o PS não se pense devedor de uma qualquer lealdade para com tais patronos pois, se bem me lembro, muito fizeram para boicotar a eleição do seu próprio candidato assim como demonstraram violenta apreensão aquando da solução governativa encontrada para governo.

Anónimo disse...

"MAIS ESTADO."

Isto gritavam no tempo da outra senhora, os tipos da outra senhora, exigindo mais estado policial, mais estado anti-democrático, mais estado de guerra,mais estado para sustentar o capitalismo monopolista de estado...
Grande novidade vinda de quem não sabia fazer mais nada para além de viver num estado fascista, aproveitando-se nesciamente da pobreza e da exploração do povo português e dos povos colonizados

Anónimo disse...

MAIS ESTADO

Gritam agora de forma depreciativa os que querem menos estado social ao mesmo tempo que querem as mãos livres para as suas negociatas, para a "boa gestão" patronal que exige salários de miséria ( isto de despesas permanentes tem que se ter em conta) e para os depósitos seguros e incógnitos nos offshores proxenetas.

Mas no fundo choramingam e vegetam em torno do estado quando se trata de assegurar as rendas. Ou quando se trata de cobrir os seus prejuízos. Aí exigem que se dê dinheiro aos bancos e aos banqueiros.

Anónimo disse...

Esta legislatura é politicamente marcada pela necessidade que o PS teve (finalmente!) de negociar acordos à esquerda para poder governar, após a séria derrota eleitoral que sofreu. Sem essa necessidade, não teria acontecido a solução governativa PS/BE/PCP/PEV e, muito provavelmente, estaríamos agora a lamentar mais uma governação PS muito parecida com as anteriores, independentemente de serem governações do PS sozinho ou em coligação com um partido à sua direita.

António Costa espera conquistar, pelo menos, uma maioria relativa no parlamento que resultar das próximas eleições legislativas, para que o PS volte a governar da forma a que nos habituou, sem compromissos de vulto com os partidos à sua esquerda. É que os compromissos à esquerda - tornados imprescindíveis na atípica legislatura em curso - inevitavelmente colidem com compromissos do PS que vêm de longe e que os dirigentes e representantes do partido, em geral (com uma ou outra honrosa excepção), não têm vontade política de abandonar:

- Compromissos "europeus", associados às regras da UE e do euro, bem como aos "consensos" entre as famílias políticas europeias a que PS e PSD/CDS pertencem;
- Compromissos "em sede de concertação social", que sempre privilegiam as confederações patronais (à CIP, nomeadamente, é concedido uma espécie de poder de veto) e marginalizam a CGTP;
- Compromissos com grandes interesses económico-financeiros privados (e aqui, infelizmente, "o polvo é quem mais ordena").

Eleitoralmente falando, António Costa tem hoje bons motivos para estar optimista: o PS subiu claramente dos 32.3% nas legislativas de 2015 para cerca de 39.5% (em média) nas sondagens deste mês, já depois da demissão de Passos Coelho; e os partidos à sua esquerda desceram dos 18.4% conjuntamente obtidos em 2015 (BE com 10.19%, PCP/PEV com 8.25%) para cerca de 16.5% (BE com 8.7%, PCP/PEV com 7.8%), para já não falar da descida, ainda maior, do PSD/CDS.

Palavras importantes, como as de Pedro Nuno Santos, merecem a atenção do "povo de esquerda". Mas a verdade é que elas não prenunciam necessariamente uma "nova política"; e podem mesmo vir a constituir a mudança necessária (no discurso) para que tudo continue na mesma (na política).


A. Correia

Unknown disse...

Agora só falta o PS ser consistente com o excelente discurso do Pedro, mas isso...

Jose disse...

O tal PNSantos é a negaça do PS para ganhar e manter o poder com o apoio da esquerdalhada.
E é uma boa escolha porque cumpre a credencial esquerdalha mais óbvia: sempre viveu pendurado nos cargos de Estado proporcionados pelo partido.

Só que todo o partido sabe desde sempre que não é a Economia de Estado que alimenta ou alimentará o país; e sabem também que socialismo é um rótulo útil mas não um destino.

A.R.A disse...

Ontem finou-se um dos sumo-pontífices do ideal parasitário, só que já foi tarde pois deixou um legado de sanguessugas que há muito fazem deste país o seu feudo, portanto, de frases bonitas e boas intenções não chegam ... urge mostrar ao povo que a função do Estado é servir os Portugueses e não para DAR dinheiro a banca parasita para que esta continue as falcatruas da sua "Economia de Mercados" com o incentivo Estatal quando a coisa dá para o torto:
« os portugueses podem confiar no Banco Espírito Santo dado que as folgas de capital são mais que suficientes para cumprir a exposição que o banco tem à parte não financeira, mesmo na situação mais adversa»

Anibal Cavaco Silva

A.R.A disse...

Jose

Quer concluir?

Anónimo disse...

"esquerdalhada, esquerdalhada, esquerdalhada"

Eis o discurso limitado e quase que idiota dum que sabe o que faz e o que diz do ponto de vista ideológico. Dos améns ao fascismo lusitano, das odes românticas aos "viva la muerte" até à vacuidade de quem afirma estas borreguices sobre rótulos úteis e destinos vãos.

A lembrar o bolor salazarento, pífio e cavernícola sobre destinos pátrios e colonialismos vis.

O país salazarista foi sugado pelos donos de Portugal. A economia do estado ao serviço de meia dúzia de senhores. Agora querem continuar a alimentar-se do trabalho alheio e do sofrimento de quem trabalha

O dinheiro dado à banca e aos banqueiros é o maná que pretendem manter em nome duma corja que que se alimenta do suor dos trabalhadores e das benesses do Estado

Depois depositarão os lucros néscios bem escondidos nos offshores manhosos

Anónimo disse...

"Só que todo o partido sabe desde sempre que não é..."

Mas o que é isto?

Uma confissão pública do desnorte de quem diz estas calinadas?

Uma tentativa canhestra de chamar idiotas a outros que possam acreditar em tais idiotices?

Uma missa rezada por um fundamentalista religioso a impingir a doutrina de alcoviteiro iluminado?

Uma manifestação impotente pela derrota pafista?

Uma generalização do particular para o geral , num exercício malabarista tonto para ver se passa?

Traços de senilidade a despontar?

O que é isto afinal?

Jose disse...

Só que todo o partido (PS, no caso) sabe desde sempre que não é a Economia de Estado que alimenta ou alimentará o país; e sabem também que socialismo é um rótulo útil mas não um destino.

Os soviéticos inquietam-se...

Anónimo disse...

"Só que todo o partido sabe desde sempre que não é..."

Às opções anteriores soma-se mais uma:

-Será que estamos perante um caso de ubiquidade e que depois da sua última conversão ao PSD, se meteu agora no PS?
Pela mão de...?


Anónimo disse...

"credencial mais óbvia: sempre viveu pendurado nos cargos de Estado proporcionados pelo partido."

É falso. Houve um período em que aquele génio Passos Coelho não vivia exclusicamente pendurado no Estado. Vivia atrás da Tecnoforma, agora acusada duma fraude de mais de 6 500 000 euros. Embora no fundo estivesse bem pendurado no dito

Pensava-se que o tal jose soubesse tal quando mudou estrategicamente o voto para aquela espécie de génio neoliberal-caceteiro com tiques de.

A.R.A disse...

Jose

(...) E lembra-te de que «parte» é a etimologia de «partido».
Agostinho da Silva

A meu ver, o José "parte" do pressuposto, com soberba e presunção, de "que todo o partido (PS, no caso) sabe desde sempre que não é a Economia de Estado que alimenta ou alimentará o país;" pois o que ele não fala é de que:
1º Um Estado detentor de sectores vitais para um país é uma mais valia para a manutenção da soberania do povo que governa e basta só ver o que aconteceu com a privatização do sector energético para a constatação do óbvio
2º Um Estado que é renitente em produzir "bem estar social" ao seu povo mas que por outro lado é ligeiro a injetar dinheiros públicos numa banca fraudulenta e a braços com a justiça, não é Estado ... é uma Seguradora S.A ou talvez um upgrade á "sua" versão de Economia de Estado
3º Um Estado não é um partido politico, muito embora, pela postura antipatriótica do PPD-PSD (e quejandos) que rogou pragas e outras coisas vis mais "praticas", que congeminou contra os seus cocidadãos (com o auxilio do PP Europeu) só para fazer o seu papel ressabiado de bom aluno, demonstra que a clubite partidária é o garante de interesses instalados contra o Bem Comum

Assim, o Jose ao afirmar saber como pensa um "partido" é a cabal demonstração do seu próprio pensamento monolítico ao alvitrar que todos são esculpidos pela mesma pedra e a recorrente assunção da palavra soviete para dar "cor" ao seu discurso ainda torna mais patética as suas loas ao suposto capitalismo "que alimenta o país" perante a constatação da falência do mesmo que tira, diariamente, o pão da mesa a cada vez mais famílias.

"A liberdade que há no Capitalismo é de um cão preso de dia e solto á noite"
Agostinho da Silva

-Quer concluir?