sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

Movimento real


Sem surpresa António Nogueira Leite, uma das mais representativas encarnações económicas da classe dominante portuguesa, celebra o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, faz hoje 34 anos, julgando que a história terminou. A sua vida ficou provisoriamente mais fácil e por isso o mundo não ficou melhor, antes pelo contrário. 

“Aprender, aprender, aprender sempre”, mas também repetir, repetir, repetir sempre:

Inspirados pelo célebre episódio de A Vida de Brian dos Monty Python, é caso para perguntar não o que os romanos fizeram por nós, mas antes: o que é que os comunistas, por exemplo através da Revolução de Outubro e da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, criada em 1922 e extinta em 1991, fizeram por nós? 

Para lá de terem metido medo aos ricos, obrigando-os a integrar os de baixo nas sociedades capitalistas ocidentais, assim menos limitadamente democráticas, para lá de terem dado o contributo decisivo para a derrota do nazi-fascismo ou para lá de terem ajudado a inscrever o anti-imperialismo e o anticolonialismo nas dinâmicas de um sistema internacional eventualmente menos hierarquizado? 

E os seus fracassos e derrotas não impedem outra pergunta: será que o mundo ficou melhor depois de 1991? 

Creio que, em 2025, e perante o ascenso das novas formas de fascismo, de forças políticas neofascistas, indissociáveis do capitalismo realmente existente, a resposta é clara e exige também um combate contra o fomento da desmemória anticomunista. Sem esta desmemória, este ascenso seria mais difícil. 

Felizmente, alguns dos efeitos progressistas das experiências socialistas ainda andam por esse sistema internacional afora. O socialismo é uma realidade tão concreta e espectral como todo o movimento real.

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