O estudo de três economistas do banco central - Marien Ferdinandusse, Carolin Nerlich e Mar Delgado Téllez - identifica a insuficiência do investimento público relacionado com a sustentabilidade ambiental: representa apenas 1/4 do investimento público total na Zona Euro, o que corresponde a cerca de 1% do PIB da região.
Além de ser um dos países com maior défice de investimento verde, e apesar da ênfase dada pelo governo ao PRR, Portugal surge neste estudo como um dos países que destina menor percentagem dos fundos europeus a este tipo de investimentos. Isto acontece num contexto em que os fundos provenientes da União Europeia são cada vez mais utilizados para substituir, em vez de complementar, o investimento nacional: Portugal é também o país da UE onde os fundos europeus mais pesam no investimento público total, devido à restrição sistemática do investimento financiado pelo orçamento nacional.
É preciso ter em conta que os benefícios do investimento público tendem a superar o custo inicial. Uma estratégia de investimentos verdes permitiria não apenas combater as alterações climáticas, como também ajudar a diminuir a dependência energética do país face ao exterior, reduzindo o consumo de combustíveis fósseis importados e melhorando o saldo da balança comercial. Num país como Portugal, que tem elevados níveis de pobreza energética e onde quase 1/5 das pessoas não consegue aquecer a sua casa no inverno, este tipo de investimentos seria também um mecanismo de combate a esta desigualdade. Mas a obsessão em alcançar o défice zero (ou mesmo um excedente orçamental) continua a ser um travão ao investimento público necessário para responder aos verdadeiros défices estruturais do país.
2 comentários:
Sustentar a rentabilidade das eólicas e congéneres não é investimento verde?
Quem diria. O Ze a apelar a mais estado.
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