sábado, 28 de janeiro de 2023

Vantagens e capacidades


Na verdade, esta nova vantagem competitiva desleal [“deriva protecionista antieuropeia dos EUA”] vem acrescentar-se às que já existiam, nomeadamente energia mais barata, que a guerra da Ucrânia veio agravar, não sendo esta, aliás, a única desvantagem europeia resultante da invasão russa e das sanções e contrassanções dela resultantes. 

Será que Vital Moreira se apercebe da concessão que faz a perigosos “protecionistas”, como os que estão neste blogue? Se bem a entendo, a teoria (neo)liberal do comércio internacional, que geralmente subscreve, não advoga a replicação de medidas supostamente ineficientes de política industrial. Estas são tipicamente norte-americanas, chinesas ou de qualquer outro país que se preocupe ou passe a preocupar com as suas capacidades colectivas. Como bem assinalou Ricardo Paes Mamede, estamos perante o “regresso em força da política-cujo-nome-não-se-pode-pronunciar” também à boleia dos choques climáticos e geopolíticos. 

Haja esperança: pode ser que até Vital Moreira, com quem tendo a convergir no que à guerra na Ucrânia diz respeito, tenha regressado a uma visão mais realista e estratégica da política económica em sentido amplo, mesmo sabendo que a sua UE é demasiado internacional, heterogénea e cada vez mais dependente dos EUA para ser consequente na linha “protecionista” que sugere. E isto à boleia de um muito elástico “campo de jogo nivelado”.

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