Acabei de assistir a uma cena tristemente reveladora: uma funcionária dos CTT a tentar impingir uma raspadinha a uma senhora idosa. O serviço de correios foi privatizado e é cada vez menos fiável a todos os níveis. A destruição do serviço público e da sua ética, substituídos por incentivos para vender toda a espécie de porcaria, acentuam a desconfiança e a insegurança populares.
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4 comentários:
De facto!
Neste nosso mundo neoliberal tudo é oportunidade para "fazer dinheiro", tudo tem que ser monetizado.
As empresas têm que vender tudo e mais alguma coisa mesmo que a sua especialidade inicial não fosse vender tudo e mais alguma coisa.
O trabalhador tem que ter uma miríade de conhecimentos, tem que ser relações públicas, ser fluente em 2 ou mais idiomas, ter a carta de condução, saber programar, editar vídeos e ainda tem que vender bolos pelo Facebook pois ganha mal com o emprego principal.
Esta suposta necessidade de fazer render tudo o máximo possível não é mais que uma tática para precarizar o trabalho e extrair o máximo de renda por parte da classe dominante,
Neoliberalismo é uma brutalidade, aqueles que gostam dele são os que estão a ser protegidos da sua violência, não vou mencionar nomes pois se tornou muito fácil identificar quem anda a fazer a defesa desta execrável ideologia e a ser protegido dela...
Devo dizer que fui muitas vezes abordado por funcionários dos CTT para comprar raspadinhas, lotarias e livros... anos antes da privatização! A incorporação de métodos "privados" na gestão pública normalmente antecede a privatização.
Sou do tempo do fonix. As tristes empregadas eram obrigadas a perguntar a todos quantos lá iam se queriam um. A minha irmã respondeu uma vez "para que quero isso, já tenho um telemóvel.". A empregada respondeu "desculpe lá, mas tenho mesmo de perguntar. É aí de mim se não pergunto". É claro que com a privatização a coisa piorou. É impingir raspadinha a idosos parece ser simplesmente roubar os pobres tendo em conta a fragilidade económica que afecta a grande maioria dos nossos idosos. É que justamente por essa fragilidade podem ser levados a gastar numa raspadinha o dinheiro do pão.
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