quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Três notas de nojo


1. Amílcar Correia – “Rita Marques e um mês e meio de nojo” – distancia-se da vulgata neoliberal típica dos editoriais do Público escritos por Manuel Carvalho. Valoriza uma noção de serviço público nos antípodas do individualismo possessivo promovido pela lógica do mercado sem fim que vem do cavaquismo (e daí as sanções fracas para uma corrosão de carácter cada vez mais forte).

2. Infelizmente, como as declarações de Luís de Sousa ilustram, quem se dedica à “transparência” continua a dar para o peditório das “regras de mercado concorrencial”, sem se aperceber que a corrupção institucionalizada que denuncia é o produto do alastramento dessas mesmas regras, na medida em que as empresas têm cada vez mais incentivos para lançar mão de todos os expedientes. É assim que podem ganhar vantagem num contexto de concorrência generalizada, de luta de todos contra todos.

3. O PS bem que pode distanciar-se de Rita “somos um país muito sexy, apetitoso para estrangeiros” Marques, mas esta antiga Secretária de Estado do Turismo encarna o deslumbramento governamental com um sector estruturalmente pouco produtivo e com patrões que querem ir sempre para lá da troika na promoção da selvajaria laboral. Um P sem S que só pensa em seduzir estrangeiros ricos, favorecendo um ambiente institucional tão insalubre quanto desigual, propenso a toda a corrosão dos valores republicanos que estavam na base da sua matriz política.

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