quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Covid-19: uma nova fase, com um novo padrão? (II)

Quem acompanhe as notícias diárias, que com maior ou menor alarme continuam a abrir telejornais, dando conta do número de infetados e de óbitos (ou explorando aspetos mais específicos da pandemia), poderá ficar com a noção de que estamos a entrar numa situação idêntica à registada na fase inicial. Contudo, a tendência aqui assinalada há uns dias - para que ao aumento vertiginoso do número de infetados não corresponda um ritmo idêntico no número de óbitos (como sucedeu na primeira vaga) - parece ter-se reforçado entretanto.

De facto, quando se comparam os 80 dias iniciais da primeira e da segunda vaga da pandemia na UE28, verifica-se que tendo sido já atingido, na segunda fase, um número acumulado de casos superior ao da primeira (respetivamente 1,5 e 1,2 milhões), a diferença em termos de óbitos é, felizmente, abissal. Aos quase 150 mil óbitos registados na primeira fase em 80 dias corresponde, para igual período, um valor a rondar os 13 mil óbitos (ou seja, cerca de 12 vezes menor). O que traduz, por sua vez, uma segunda diferença marcante na comparação entre as duas vagas: se na primeira o rácio entre óbitos e infetados aumenta ao longo do período, na segunda regista-se uma clara tendência de declínio.


A evolução recente da pandemia em Portugal acompanha estas diferenças de padrão, entre as duas vagas, registada na UE, sendo apenas de referir que, no caso português, nos primeiros 50 dias de comparação das duas vagas (dados até 25 de setembro), o número acumulado de infetados na segunda (cerca de 19 mil) ainda não tinha ultrapassado o valor registado na primeira (25 mil). Quanto aos óbitos, também no caso português a diferença é expressiva (com um valor cerca de 5 vezes menor na segunda fase), o mesmo sucedendo em relação ao rácio de óbitos por 100 infetados, que descresce na segunda fase e sobe na primeira, ao longo do período considerado.


Não sabemos, evidentemente, se este padrão da segunda fase da pandemia, caraterizado pelo aumento do número de infetados mas com valores comparativamente muito mais baixos de óbitos e internamentos, se irá manter. Tal como não sabemos quando começará a diminuir o atual ritmo de contágios, sendo de admitir, porém, que estamos perante um horizonte temporal bastante mais dilatado que o da vaga inicial. Mas também por isso, e pelos sinais de estarmos a atravessar uma fase menos letal, importaria começar a relativizar o peso porventura excessivo que a pandemia (não o da sua prevenção) tem tido no nosso quotidiano individual e coletivo. Sob pena de, por estarmos demasiado focados na crise pandémica, continuarmos a deixar a descoberto todos os outros problemas que entretanto se agravaram, das respostas na saúde à condição dos idosos, ou da economia e do desemprego às desigualdades.

14 comentários:

Anónimo disse...

Ainda gostava que alguém me explicasse porque é que o vírus se espalhou por todo o mundo, menos na China onde, supostamente, teve origem.

Lowlander disse...

Caro Nuno Serra,
O numero de casos confirmados positivos durante a primeira fase da pandemia e uma sub-representacao grosseira da verdadeira prevalencia durante esses primeiros meses.
Lembrar que a capacidade de testagem era muito inferior e portanto o uso dos testes confirmatorios racionado.
No Reino Unido por exemplo, as estimativas epidemiologicas actuais apontam para que durante o pico epidemico de Marco, chegou-se talvez a uns 100000 (cem mil) novos casos/dia - oficialmente o record absoluto de casos confirmados diarios no Reino Unido foi 7143.
E isso traduz-se numa taxa de positividade muitissimo superior durante essa fase da pandemia do que agora.
A comparacao de nr de internados e a melhor metrica neste contexto. Nr de obitos tem de ter em conta a altura do ano, a sazonalidade de outras patologias e o facto de que os servicos de saude estavam a rebentar pelas costuras na primeira fase da pandemia.

Anónimo disse...

Seria interessante conhecer a série nr infetados / nr testes (total e escalões etários).

Manuel Galvão disse...

Boa pergunta Anónimo 15:42

A resposta só pode ser uma:

Ou os chineses são mentirosos, ou os chineses já tinham a vacina no início do ano...

Concluam o que quiserem...

JE disse...

(Manuel galvao responde ao anónimo das 15 e 42.
João pimentel ferreira responde a joão pimentel ferreira. Com a China atravessada na garganta.
João pimentel ferreira não foi vacinado. Não é chinês.E é isso mesmo que diz que os chineses são)

Penso que serão fundamentais três dados: o nº de internados, o nº de internados em cuidados intensivos e o nº de mortos. Estes dados condicionarão inevitavelmente as medidas a adoptar

Anónimo disse...

Quando se não quer ver a evidência, o disparate racista e xenófobo (racismo e xenofobia na sua declinação sinófoba, para sermos mais precisos) metamorfoseia-se em evidência automasturbatória (e sabe Deus o quanto o onanismo mental é o derradeiro reduto cavernoso onde se acoita a escória ultraliberal e globalista de todas as cores e "ideologias" em fuga desesperada da tenebrosa visão do naufrágio do seu sonho lindo de dominação global...
A epidemia não se espalhou na República Popular da China? Pois a resposta só pode ser uma de duas: ou os chineses são mentirosos (uma vez) ou os chineses já tinham a vacina (e são mentirosos duas vezes).
De fora da inteligente resposta binária fica a realidade das coisas: o Governo da República Popular da China tomou a luta contra o covid19 como ela deveria ser tomada, ou seja, uma luta do povo contra uma ameaça ao povo; o Governo da República Popular da China mobilizou o dinheiro e os meios humanos do país para salvar aquilo que é prioritário- a vida das pessoas, não se coibindo de decretar uma gigantesca quarentena que, ao contrário das decretadas por todo o Ocidente, não fez um Chinês que fosse perder o seu emprego ou o seu tecto (são as malhas que o ordenamento político-económico de cada país tece...).
Que temos nós na RPC? Pois temos a epidemia controlada, a volta à produção e à vida normal. Pois temos um crescimento do PIB no mês de Setembro na ordem dos 3% quando toma como referência o PIB de Setembro do ano passado. Enquanto tais desgraças se passam na não menos desgraçada RPC, a "Comunidade Internacional" (um eufemismo anão para essa gigantesca parte do Mundo e da Humanidade que são os E.U.A, o Reino Unido, o Canadá, a Austrália, a Nova Zelândia, a U.E.. e essa pátria de arianos honorários que é o Japão (e esta ordem da escala não é inocente...) sobe aos píncaros do crescimento económico, da coesão social e da escala de satisfação dos seus povos... Quando se tem saúde, pão e habitação "a la vonté", que mais podemos desejar para atingirmos o Nirvana?

Anónimo disse...

Chapeau, caro anónimo das 23 e 27

Jose disse...

Ó China, ó Ideal!
Quem livremente te visita, por toda a parte encontra os livres ecos da felicidade do teu povo!
Quem pode recusar a bondade do BigBrother por trás de cada câmara, por trás de cada agente regulador do formigueiro povoado de novi hominem?

E tão grande e tão antigo império!
E tão antigo e permanente plano de sempre se poder fechar sobre si!

Anónimo disse...

Falou-se em xenofobia e racismo e eis que aparece - quem se espanta? - o magnífico Herr José mais a sua cornucópica e enciclopédica imbecilidade que mete a complexidade histórica, política, económica e social de um bilião e quatrocentos milhões de seres humanos entre os seus dois neurónios, os mesmos dois neurónios que não chegaram a entender, não entendem e nunca entenderão as circunstâncias históricas, políticas, económicas e sociais da Rua da Betesga com dez milhões de viventes onde ele vegeta e nos torra a paciência com as suas olímpicas inanidades.
Anda Herr José muito atento à sebenta cheia de recadinhos anónimos do Senhor Presidente da República dos afectos: ele há que gritar, muito alto e a plenos pulmões, a nossa suposta "superioridade democrática" (eficientíssima no que diz respeito ao combate ao covid19, disse o excelentíssimo e afectuoso catedrático que se faz testar de quinze em quinze dias como outro qualquer português, aliás...) face às milhentas (mas nunca por ele directamente nomeadas) "ditaduras" que por esse planeta abundam. E, ó chatice das chatices, a República Popular da China é, para muita mágoa dos Marcelos e dos Josés deste Mundo, uma daquelas "ditaduras" que se não pode tentar democratizar, "malgré elle", à bomba e ao míssil de cruzeiro sem correr o risco de ver o próprio e mui democrático país cujas multisseculares democráticas proezas tanto se admira desaparecer numa nuvem de fogo e de fumo atómicos... Domage, Herr José, domage...
Enquanto rumina a sua muitíssimo democrática, mas não menos impotente (e a essa impotência, paciente Herr José, não há comprimidinho "Made in USA" que valha...), dor de cotovelo, argutíssimo Herr José, veja lá se aplica essa sua lúcida inteligência no destrinçar do porquê do êxito económico dessa pérola da União Europeia que é a Alemanha (crescimento de 1% do PIB em período de pré-pandemia) e do paralelo e quase simultâneo afundamento económico dessa anã da economia mundial que é a República Popular da China (crescimento homólogo do PIB em Setembro de plena pandemia de 3%).Boa sorte!

Anónimo disse...

E, já que vem a propósito de "superioridades democráticas", faça-me lá o favor de, ó gentilíssimo Poirot de botas cardadas e tiquezito peculiar no braço direito, tentar descobrir em que "feira" apanhou o ilustríssimo Conselheiro de Estado doutor Lobo Xavier a bicheza que é a fruta da nossa época.
Dadas as afinidades electivas do ilustre Conselheiro, já sei que se não contaminou na por ele apodada "Feira do Avante!", esse verdadeiro antro de doença que junta, num casamento de Inferno bolchevique, a peste ideológica à peste sanitária... Terá sido numa devota e muitíssimo ordeira festarola ali para os lados da Cova da Iria? Tenha lá a bondade de, ó sherlockiano Herr José, me tirar isso a limpo... Combinado?

JE disse...

Jose e a China

Tocou-lhe no novi hominen. Ele bem tenta passar por tal, mas irremediavelmente está ligado aquele traste do botas de quem ele anda a elogiar a anatomia. Coisas de senex,claro

Quanto à bondade do big brother...por trás de cada cãmara, de cada agente regulador,por cada par de botas dos Botas de todo o mundo, o que vamos encontrar, qual gigantesco formigueiro de canalhas sem escrúpulos?

O ex-técnico da CIA Edward Snowden foi acusado de espionagem por vazar informações sigilosas de segurança dos Estados Unidos e revelar em detalhes alguns dos programas de vigilância que o país usa para espionar a população americana – utilizando servidores de empresas como Google, Apple e Facebook

Em 31 de julho de 2013, o "Guardian" publicou uma reportagem, mostrando que um sistema de vigilância secreto conhecido como XKeyscore permite à inteligência dos EUA supervisionar "quase tudo o que um usuário típico faz na Internet". O sistema seria o de maior amplitude operado pela agência nacional de segurança americana.

No fim de outubro, o "Washington Post" revelou que a NSA invadiu em segredo links de comunicação que conectam data centers do Yahoo e do Google ao redor do mundo, e teve acesso assim a dados de centenas de milhares de contas de usuários.
Em dezembro, o jornal americano voltou a fazer revelações, informando em reportagem que os EUA monitoram diariamente a geolocalização de centenas de milhões de celulares no planeta.

Três semanas após a divulgação dos primeiros dados, a revista alemã "Der Spiegel" publicou uma reportagem afirmando que a União Europeia era um dos "objetivos" da Agência Nacional de Segurança (NSA). A publicação sustentou as acusações com documentos confidenciais a que teve acesso graças às revelações do ex-funcionário americano.

Da mesma maneira também foi vigiada a representação da UE na ONU, segundo os dados, nos quais os europeus são classificados de "objetivos a atacar". Em 2003, a UE confirmou a descoberta de um sistema de escutas telefônicas nos escritórios de vários países, incluindo Espanha, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Áustria e Itália.

Em 30 de junho, o presidente do Parlamento Europeu (órgão legislativo da União Europeia), Martin Schulz, exigiu dos Estados Unidos que esclareça se espionou a União Europeia (UE). Em resposta, a Direção Nacional de Inteligência (ODNI) afirmou que os EUA responderiam através da via diplomática ao pedido de explicações.

Isto é apenas um pequeno começo

Se este jose não se importar que vá limpar as mãos à parede. Pode juntar a parede depois às peças anatómicas de que faz colecção.

Jose disse...

A conclusão óbvia da lusa sinistralha: se o Estado há-de espionar a população à sucapa, façamo-lo de modo institucionalizado, generalizado e incontestado.

Anónimo disse...

É isso tudo, Herr José...
"Institucionalizado"? Naaaa... No segredo é que está... o segredo: ele há que manter a bisbilhotice no escurinho das invisíveis agências de informação e adjacentes ONGs e alimentar a ilusão da liberdade transatlântica para melhor arrebanhar as ovelhas no redil do imperialismo humanitário e democrático.
"Generalizado"? Pois... Ele há coisa mais generalizada do que, do Brasil à Alemanha, pôr sob escuta os "celulares" de Dilma Rousseff e de Angela Merkel?
"Incontestado"? Certamente... E que o digam o Assange e o Snowden, os quais sentiram e sentem na pele o amor que os seus queridos USA e UE têm à democrática contestação.

JE disse...

Mais uma a juntar à colecção.

O big brother fundiu-se nos fundilhos das calças de jose.

Invoca jose o "Estado"de forma tinhosa a ver se passa.

Se passa ao lado desta verdadeira trampa, do big brother instituído pelos states. E se passa sem um pio ao que de substantivo é referido sobre a pandemia

É obra.