Foi hoje divulgada uma Carta Aberta à ministra da Saúde, assinada pelo bastonário da Ordem dos Médicos, e os ex-bastomários António Gentil Martins, José Manuel Silva e Germano de Sousa.
Mas nada traz de novo. Apenas tem a coincidência de surgir no dia seguinte ao da apresentação do Orçamento de Estado.
Nessa carta, o
bastonário da Ordem dos Médicos traça um cenário de ruptura do SNS, mas peca na
terapia. Aliás, pouco diz sobre essa terapia. Sugere.
A Carta refere que a estratégia do SNS tem de ser mudada. Mas como? Quando o bastonário é questionado sobre o que deve ser feito, engasga-se. Quer mais
investimento no SNS? A
Carta Aberta evita chamar as coisas pelos nomes. Que o SNS "utilize" os recursos dos sectores
privado e social, que "se envolva" esses sectores no SNS. Mas como?
Requisitando-os neste "estado de emergência"? Não, claro. É mais uma
parceria... Mas "essa pergunta tem de ser feita à ministra e não a nós".
No fundo, em vez de o dinheiro ser investido no SNS, pagaria os actos médicos no privado, para colmatar as lacunas por resolver no SNS. O défice orçamental aumentaria na mesma, mas os recursos iriam para fora do SNS, tudo em nome dos doentes. Ou seja, nada de diferente do que defende o PSD e o CDS... na discussão do Orçamento de Estado!
Mas nesse caso, homem!, por que razão não o defende abertamente?
10 comentários:
Por uma vez, assino por baixo. O mal de muitas iniciativas políticas neste País, sobretudo à Direita, é não assumirem em pleno aquilo que propõem e as consequências disso. Como alguém dizia, atira-se o barro à parede para ver se cola...
Muito bem. Um excelente e oportuno comentário
Os abutres nunca tiveram vergonha
Caro Jaime,
Neste caso, parece um caso de má consciência. O bastonário já foi apanhado em contradição sobre o SNS. Até foi "chamado" a S.Bento. E saiu de lá um pouco mais calado, após uma declaração pública de tréguas. E agora volta ao ataque. Mas o Jaime tem razão: tudo se sanava caso se defendesse claramente ao que vem, sem receios de perder "votos", nem a cara junto dos seus eleitores.
O Germano também assina a coisa? Mas,este tipo não tem a puta de vergonha na fuça? Então este merdoso ligado ao PS está farto de mamar á pala do COVAS,ele era " só" 200 euritos por analise, depois começou a fazer uns " descontos"... que F. da P.! Ainda tem a lata de se por na fila dos " pobrezinhos/ privados " e mui piedosos que " só" desejam o benzinho á populaça. Só ao estalo.
Há duas ordens profissionais neste Pais que conseguem ser 3 em 1: ordem, sindicato e partido político (estava para dizer 4 em 1, mas não vale a pena...).
Todas as outras ordens fazem aquilo que está nos respetivos estatutos, mas nestas 2 ordens, parece existir uma agenda, que se sobrepõe aos estatutos...
Há verdadeiros sindicatos de médicos que têm criticado o rumo do SNS, mantendo o discurso mesmo quando o poder muda de cor política.
E eles criticam precisamente o desinvestimento que tem sido feito no SNS, ao longo dos anos, com o "alto patrocínio" da UE, visível no reles "semestre europeu".
Mas, o discurso da destas 2 ordens não é bem o mesmo dos sindicatos.
Critica-se o governo - se for PS.
Omite-se qualquer crítica aos privados (aqueles que o semestre europeu embala no colinho).
E, agora, até fazem inspeções a lares de idosos - se isso comprometer o PS.
A VASTA MAIORIA dos lares, que continuam a ser palco de infeções atrás de infeções (não se aprendeu nada desde março?), não suscitam às alminhas qualquer reparo.
Curiosamente, continua-se a fazer de conta que a chuva de acusações que continuam a cair sobre alguns dos membros de uma destas ordens- de coisas tão banais como negligência - não são mais que pequenos episódios de uma novela que não lhes diz respeito.
O PS não é modelo para ninguém em termos governativos (é tão euro-fofinho como o PSD), mas há gente neste Pais que acha que ainda está para nascer alguém que se possa apontar um político sério.
De facto, parecem ser todos de uma geração de "servidores públicos" geneticamente modificados, para resistir às pressões do povo.
No mês passado foram mais explícitos. De mansinho ..
https://expresso.pt/economia/2020-10-05-Privados-querem-ajudar-a-recuperar-consultas-e-cirurgias
Uma recomendação:
A sigla SNS tanto dá para Serviço Nacional de Saúde como para Sistema Nacional de Saúde e, cada vez mais, é usada de forma dúplice. Convém pois fazer anteceder a sigla SNS da expressão por extenso para evitar mal entendidos, procurando vender gato por lebre,
O sofisma primeiro está em falar como se o pagar actos médicos por incapacidade do SNS fosse criar serviços. Acontece que tais serviços já existem porque foram investidos grossos capitais e a haver a sua expansão mais capitais irão ser requeridos.
O sofisma segundo, criado a partir do horror à remuneração de capitais - o lucro (e logo com os doentinhos!) - é falar em investimentos de capital no SNS, como se isso não requeresse impostos, e imagine-se (!) dar aos fabricantes de equipamentos os mais variados lucros (e logo com os doentinhos!).
Sejamos claros: o SNS é o mais óbvio e mais bem aceite motivo para criar emprego público, e esse é o objectivo maior de tudo que é esquerda.
Não me venham com o choradinho da saúde pública, e quanto aos lucros também os têm quem faz parafusos.
O sofisma primeiro e o segundo sofisma e mais os sofismas de jose aí estão.
Encavalitados não no choradinho invocado por jose, mas sim na baba dos que se babam pelos lucros à custa da saúde dos demais
Jose atira-se à saúde pública desta forma de parafuso sem vergonha. Comparar a saúde pública, as funções sociais do Estado, com os parafusos que um qualquer cangalheiro pouco honesto falsifica para aumentar a sua margem de lucro é francamente descer demasiado o nível.
Mas se jose tem este rancor esganiçado pela "saúde pública" ( não lhe falem nela, que ele tem um chilique), não se lhe veda o amor e a subserviência pelos "grossos capitais". E a querer mais, mais"expandidos", mais, mais, mais.
Porque para jose, tudo isto é uma questão de grossos lucros.
"Saúde pública"? Não, que isso não lhe interessa. Não lhe venham com essa história da "saúde pública", como atira nesciamente
O negócio dele é outra coisa
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