16 Março 2011: «Inviabilizar o PEC IV "é empurrar o país para a ajuda externa e acho que devemos responsabilizar aqueles que inviabilizarem o PEC porque esse será o resultado inevitável, seremos empurrados para a ajuda externa", diz Teixeira dos Santos aos jornalistas na Assembleia da República.»
23 Março 2011: «O Parlamento rejeita o PEC IV. O documento não é sujeito a votação, mas a oposição em bloco aprova uma moção de rejeição ao PEC. Depois deste chumbo, o Governo português colapsa e José Sócrates pede a demissão. Portugal vai para eleições antecipadas e José Sócrates é novamente candidato.»
31 Março 2011: «Quando Sócrates ainda rejeitava o pedido de empréstimo, Passos Coelho assinou uma carta oficial do PSD, que escreveu com Miguel Macedo, e foi entregue pelos serviços de protocolo, defendendo o pedido de "resgate". Destinatários: Sócrates e Cavaco Silva.»
1 Abril 2011: «Os mesmos destinatários [Sócrates e Cavaco Silva] receberam outra carta de teor idêntico, desta vez subscrita pelo governador do Banco de Portugal, Carlos Costa.»
2 Abril 2011: «Paulo Portas, líder do CDS, declarou à agência Lusa o seu apoio à ideia [pedido de resgate]: "Não faço parte dos que diabolizam o FMI."»
4 Abril 2011: «Os principais banqueiros portugueses à época (Ricardo Salgado, Carlos Santos Ferreira, Faria de Oliveira, Fernando Ulrich e Nuno Amado) reuniram-se com Carlos Costa, na sede do regulador, e, de seguida, dirigiram-se para o Ministério das Finanças, onde fizeram o mesmo pedido ao ministro Teixeira dos Santos. Nos dias seguintes todos dirão, publicamente e em entrevistas coordenadas na TVI, que o resgate é necessário.»
5 e 6 Abril 2011: «Os banqueiros reúnem-se com Passos Coelho. A 6 é a vez de Cavaco Silva os ouvir, em Belém. Em São Bento, Mário Soares, que tinha falado na véspera com Carlos Costa, também pediu a Sócrates que chamasse a troika. "Eu queria que ele pedisse o apoio e ele não queria. Discutimos brutalmente", revelou o ex-Presidente. É nessa tarde, às 18h02, que o Jornal de Negócios publica declarações de Teixeira dos Santos que garantiam ser inevitável a vinda da troika. É só então, sentindo-se traído pelo seu ministro, com quem corta relações numa azeda conversa telefónica, que Sócrates anuncia ao país, às 20h38, que Portugal decidiu recorrer ao auxílio financeiro internacional.»
11 Abril 2011: «Passos reafirmou a sua concordância [recorrer ao "auxílio" financeiro internacional] na RTP: "O PSD já disse que apoiava o pedido de ajuda."»
*****
16 Maio 2013: «António Lobo Xavier disse na noite desta quinta feira que a entrada da troika em Portugal resultou da pressão exercida pelo PSD e pelo CDS-PP. A chanceler Angela Merkel "não queria uma intervenção concertada, regulada, com um memorando. Este aparato formal de memorando com regras, promessas e compromissos, tudo medido à lupa", sublinhou. Foi durante o programa "Quadratura do Círculo", exibido semanalmente na Sic Notícias, que o histórico do CDS-PP teceu estes comentários, acrescentando mesmo que a entrada em Portugal das três instituições que compõem a troika foi liderada por um "aprendiz de feiticeiro", referindo-se a Passos Coelho. "O aprendiz de feiticeiro é o primeiro-ministro", clarificou.»
14 comentários:
Chamem o 'animal feroz' ao poder, o 44, o único, o verdadeiro anti-troika.
Tudo o mais são troikistas!
Suspeita-se que esteja em curso o processo que a trará de novo...
as entrevistas à TVI deviam estar explicitadas com datas, para se perceber melhor o papel da comunicação social nesta questão.
Não é fazer minhas as palavras do comentário anterior...Mas a continuarmos com as intenções que a "verdadeira esquerda", leia-se, PCP e BE, vêem demonstrando nesta campanha...lá se vai a única alternativa de nos livramos do desastre de continuarmos a SOFRER AS POLITICAS DA DIREITA!
...Não esquecer que teria bastado os que nunca se juntam com o PS, não se terem juntado com a direita! ERA SÓ TEREM-SE ABSTIDO!
Caro Nuno Serra,
'Angela Merkel "não queria uma intervenção concertada, regulada, com um memorando. Este aparato formal de memorando com regras, promessas e compromissos, tudo medido à lupa"'.
Pois não. Merkel queria uma intervenção por etapas (PEC, PEC, PEC), discretamente controlada por Schauble, através do Eurogrupo e não só, e - na ausência de um resgate formal envolvendo dinheiros alemães - sem o risco de desagradar ao eleitorado do seu partido. Foi um governo PS (Partido de Sócrates desde 2004) que trouxe a austeridade por etapas, cada vez piores, a pretexto do cumprimento de metas do défice. E é bom lembrar que as metas do défice impostas em 2010, no PEC-2 e no PEC-3, e propostas em 2011, no PEC-4, eram ainda mais duras que as do Memorando da Troika.
A. Correia
Ó Joselito, contestação dos factos lembrados é que não apresentas.
Completando o meu comentário das 12:58, recordo agora as metas dos PECs 2, 3 e 4 quanto ao défice orçamental, em percentagem do PIB: 7.3% (2010), 4.6% (2011), 3% (2012) e 2% (2013)!
[No PEC-1, as metas correspondentes eram 8.3%, 6.6%, 4.6% e 2.8%]
A. Correia
Palavras de Teixeira dos Santos numa entrevista à TVI, no passado mês de Abril:
'A minha preocupação era convencer o primeiro-ministro da necessidade deste pedido de intervenção externa. Estou convencido de que o primeiro-ministro já tinha percebido que o país não podia evitar o pedido de ajuda, mas penso que achava que o país talvez ainda pudesse manter-se algum tempo e evitar o pedido de ajuda, dentro do período de governação que iria acabar em Junho com as eleições. Estou convencido que seria essa a sua intenção. Não faria sentido que um governo que tudo fez para evitar um pedido de resgate fosse o governo que afinal o iria fazer", afirmou Fernando Teixeira dos Santos.
"Tornei muito claro ao primeiro-ministro que teríamos de o fazer e que o país iria enfrentar grandes dificuldades se não o fizéssemos e que esse pedido de resgate era incontornável. Seria fatal como o destino", sublinhou Teixeira dos Santos, avançando que Sócrates ainda lhe pediu 24 horas para ver se não haveria alternativas. Contou ainda que, como não foi encontrada outra solução, decidiu sinalizar ao país, numa entrevista ao "Jornal de Negócios", que o resgate teria de ser pedido, empurrando o primeiro-ministro para essa decisão. '
Tudo indica que Sócrates não era contra o "pedido de ajuda" em si mesmo: queria apenas adiá-lo para depois das eleições (início de Junho), custasse o que custasse, para poder basear a campanha eleitoral na sua recusa a "governar com o FMI". O próprio pedido de demissão - logo a seguir ao chumbo do PEC-4, sem tentar negociar uma nova versão do PEC-4 ou solicitar o resgate - aponta no mesmo sentido: tratava-se de forçar a antecipação das eleições, para poder disputá-las não só como herói da resistência ao FMI mas também como vítima de um suposto "conluio" da "esquerda radical" com a "direita reaccionária".
A. Correia
Vejo um paralelo na argumentação, de que quem defendeu a vinda da troika como solução é o culpado das condições desastrosas em que as finanças estavam;
com as manifestações dos enganados do BES, que não vão manifestar-se a porta do R.Salgado e dos gestores de balcao onde foram enganados (e que sabem quem são), mas hipocritamente se manifestam com quem, não teve culpa das compras que fizeram.
Feitios retorcidos!! ou sofisma de chico esperto que quer que alguem lhes pague o que perdeu?
Falemos agora das taxas de juro implícitas da dívida pública portuguesa, nos mercados secundários, antes do dia 11 de Março de 2011, ou seja, antes de ser dada a conhecer aos portugueses a existência do PEC-4:
Em entrevista ao "Expresso" em Outubro de 2010 - poucos dias depois de ter
anunciado o PEC-3 -, o ministro das Finanças disse estar "convencido de que este pacote responde" (respondia) às incertezas e intranquilidade que se apoderaram dos mercados financeiros. E, questionado sobre qual o limiar de taxa de juro que poderia levar a que Portugal recorresse ao FMI/FEEF, Teixeira dos Santos recusou dar "um número certinho à décima", mas admitiu que "com taxas de juro que se aproximem dos 7% entramos num terreno onde essa alternativa começa a colocar-se".
Na véspera da cimeira europeia de 11 de Março de 2011, as taxas de juro com os prazos mais curtos registaram fortes subidas - subidas essas que se acentuaram ao longo do próprio dia 11, apesar da comunicação desesperada de Teixeira dos Santos logo no início da manhã, anunciando o PEC-4 [A tal comunicação que António Costa, então o nº 2 do PS, considerou "a mais desastrada de sempre no hemisfério norte"]. Foi assim: 7.64% (dia 9), 7.77% (dia 10) e 7.99% (dia 11), a 5 anos; 6.25% (dia 9), 7.26% (dia 10) e 7.44% (dia 11), a 3 anos; 4.69% (dia 9), 6.37% (dia 10) e 6.52% (dia 11), a 2 anos.
A. Correia
Jose aparece sempre para defender o dono
sabujo sujo
António Cristovão
vai vender banha da cobra para outro lado
estás a esquecer-te das declarações dos teus amigos a dar confiança a essa malta toda para comprar ?
e dos amigos dos media que diziam ( ahh o que eu me ri na altura) que uma coisa era o grupo e outra o banco ?!
antes de serem enganados pelo BES eles foram enganados pelo executivo e pelo regulador
depois o coelhinho vem, com uma lata descomunal dizer "recorram aos tribunais que eu apoio"...que grande lata
As pessoas fazem compras baseadas em informação falsa, são enganadas, mas para ti são eles os chico-espertos
és pouco palhaço és
Onde está a entrevista do Teixeira dos Santos que lhe valeu a medalha.
Lapsos selectivos, que a serem evitados fazem deste post um bom modelo para tratar um outro assunto popular entre os treteiros: o casoo BES.
Ainda quanto a esta cena: qual o espanto de o 44 querer ir para eleições e deixar para quem viesse a seguir pedir o resgate?
Não é o PS o reino dos oportunistas e dos inocentes compulsivos?!?!?!?!?!?
M.G.P.MENDES alia-se ao José para repetir a cassete. Lata, chama-se lata.
A austeridade que nos caiu em cima não começou com a chegada da Troika, nem vai acabar com a partida da Troika. A austeridade a que fomos - e corremos grave risco de continuar a estar - submetidos é da responsabilidade conjunta do PSD/CDS-PP e do PS. As responsabilidades do actual governo são enormes, mas é bom não esquecer o seguinte:
1. Foi um governo PS (Partido de Sócrates desde 2004) que trouxe a austeridade por etapas, cada vez mais duras, a pretexto do cumprimento de metas do défice. E convém lembrar que as metas do défice impostas em 2010, no PEC-2 e no PEC-3, e propostas em 2011, no PEC-4, eram ainda mais duras que as do Memorando da Troika: 7.3% (2010), 4.6% (2011), 3% (2012) e 2% (2013)! [No PEC-1, as metas correspondentes eram 8.3%, 6.6%, 4.6% e 2.8%]
2. Quanto ao pedido de "ajuda", convém recordar as palavras de Teixeira dos Santos numa entrevista à TVI, no passado mês de Abril:
'A minha preocupação era convencer o primeiro-ministro da necessidade deste pedido de intervenção externa. Estou convencido de que o primeiro-ministro já tinha percebido que o país não podia evitar o pedido de ajuda, mas penso que achava que o país talvez ainda pudesse manter-se algum tempo e evitar o pedido de ajuda, dentro do período de governação que iria acabar em Junho com as eleições. Estou convencido que seria essa a sua intenção. Não faria sentido que um governo que tudo fez para evitar um pedido de resgate fosse o governo que afinal o iria fazer (...).Tornei muito claro ao primeiro-ministro que teríamos de o fazer e que o país iria enfrentar grandes dificuldades se não o fizéssemos e que esse pedido de resgate era incontornável. Seria fatal como o destino" [Teixeira dos Santos contou ainda que, como não foi encontrada outra solução, decidiu sinalizar ao país, numa entrevista ao "Jornal de Negócios", que o resgate teria de ser pedido, empurrando o primeiro-ministro para essa decisão.] '
Tudo indica que Sócrates não era contra o "pedido de ajuda" em si mesmo: queria apenas adiá-lo para depois das eleições (início de Junho), custasse o que custasse, para poder basear a campanha eleitoral na sua recusa a "governar com o FMI". O próprio pedido de demissão - logo a seguir ao chumbo do PEC-4, sem tentar negociar uma nova versão do PEC-4 ou solicitar o resgate - aponta no mesmo sentido: tratava-se de forçar a antecipação das eleições, para poder disputá-las não só como herói da resistência ao FMI mas também como vítima de um suposto "conluio" da "esquerda radical" com a "direita reaccionária".
3. Em Abril de 2012, numa sexta-feira 13 de má memória, o PS votou na Assembleia de República A FAVOR do Tratado Orçamental, de braço dado com o PSD e o CDS-PP (nem sequer optou pela "abstenção violenta"). Este tratado equivale, na prática, a uma espécie de "memorando de austeridade perpétua", atendendo ao que objectivamente lá está escrito - metas do défice e não só - e à leitura "inteligente" que dele faz quem manda nesta Europa alemã.
A. Correia
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