domingo, 2 de agosto de 2015

Libertações


Estes tempos DG (Depois de Grécia) têm obrigado a esquerda de matriz europeísta, nomeadamente os partidos filiados no partido da esquerda europeia, a rever na prática as suas orientações estratégicas, por exemplo, aquando das votações do “acordo” imposto à Grécia em alguns parlamentos nacionais.

O presidente do tal partido europeu, Pierre Laurent, dirigente máximo do PCF, ainda ensaiou uma defesa do “acordo”, indicando como o europeísmo pode talvez ser o produto de demasiado tempo passado na fétida bolha de Bruxelas e também do oportunismo alimentado pelo injusto sistema eleitoral francês a duas voltas. O contraste com o verdadeiro líder da Frente de Esquerda, que integra o PCF e o Partie de Gauche, o ex-socialista Jean-Luc Mélenchon, não podia ter sido maior. Entretanto, o PCF esteve à altura das circunstâncias, votando contra a imposição de Merkel e do seu parceiro júnior Hollande na Assembleia Nacional e, no fundo, divergindo da avaliação de Laurent.

No Bundestag, o partido da esquerda alemão (Die Linke) também votou contra. Dois dos seus membros escreveram entretanto um artigo, que a Jacobin traduziu, sobre o significado de tal rejeição, apelando a que esta seja o início de uma reorientação estratégica que rompa com o fetiche do Euro. O antigo Ministro das Finanças Oskar Lafontaine, dissidente da social-democracia esvaziada pelo ordoliberalismo e uma das referências do Die Linke, tem defendido o desmantelamento do Euro como a melhor aposta estratégica neste contexto e volta a fazê-lo no prefácio deste livro prestes a sair.

Nem de propósito, Stefano Fassina, um economista e dissidente recente do partido democrático italiano, esse símbolo maior do desaparecimento, esperemos que temporário, da esquerda no país, apelou à formação “de uma aliança alargada de frentes de libertação nacionais”, a começar nas periferias do sul da Europa, no melhor espírito unitário e anti-imperial do tal “nacionalismo internacionalista” de que temos falado.

Assinale-se ainda que este movimento de reorientação, ainda demasiado precoce nestes partidos integrantes do partido da esquerda europeia, parece ter origem em duas fontes: as alas esquerdas, comunistas, de partidos pós-comunistas e as dissidências socialistas dos partidos social-democratas colonizados. Talvez não seja por acaso: comunistas e socialistas de esquerda, em muitos países distantes, entre os anos cinquenta e oitenta, compreenderam bem a natureza desta integração capitalista supranacional. Nunca se regressa ao mesmo lugar, claro, mas é possível lutar de forma consequente contra o neoliberalismo e contra o neofascismo que se insinua nas crises geradas por aquele. Nós por cá até que nem andamos, antes pelo contrário, atrasados nesta história.

15 comentários:

Anónimo disse...

Como o Jose está ocupado a lamber o cu embalsamado do Salazar eu fui incumbido de o substituir

"mais uma vez os esquerdalhos vêm com as tretas do costume sempre habituados a viver à custa dos outros
até Hitler, exemplo máximo do marxismo, os topou e serviu-lhes aquilo que deve ser servido às bestas"

Ricardo disse...

"Nacionalismo internacionalista"?? Cantar a internacional e dizer-se patriota de "esquerda"?E eu sou dos que vê na actual linha político-económica(ordo-liberal,neo-coiso ou chamem-lhe o que quiserem)um desastre anunciado.Mas valha-nos S.Bonigrácio!Qualquer forma de internacionalismo é jogar o jogo a favor dos globalistas(que se andam a rir há mais de cem anos através de várias gerações)mesmo que se use como primeira palavra o "nacionalismo"(então essa não era uma palavra maldita?)de forma a sacar votos no jogo tactico-político de ocasião(como temos governos,incluindo o do sr Coelho,claramente de tendência internacionalista merkantil-capitalista,os "pensadores" da esquerda mencionada acima acham por bem usar a palavra anteriormente maldita,o "nacionalismo",para parecerem mais patriotas que os outros?Podem enganar mais alguns mas não a muitos.)

Anónimo disse...

3 de agosto de 2015 às 09:23, não era preciso substitires o lambe cus, tinhamos cá o Ricardo.

Anónimo disse...

Não se trata de fazer a aquisição de políticas nacionalistas ou de isolamento da comunidade intenacional. No entanto é nacessário que os países da Europa do Sul estabeleçam um Pacto de cooperação que possa abrir uma frente contra o Eixo do Centro Europeu Ocidental, mesmo que esse Pacto implique a saída do Euro.A existência de Governos fantoches no Sul da Europa impede a possibildade desse pacto o que irá implicar que o que aconteceu à Grecia venha a acontecer aos restantes países do Sul.Outro erro que se comete muito é confundir a Europa geográfica com a Zona Euro. Esta Zona tem apenas um numero muito reduzido de países em relação a toda a Europa.Podemos caracterizar essa Zona como atípica em termos de Direito Internacional Publico , com um Eixo dominante e uma série de países que funcionam como colónias.Estes são Sociedades cada vez mais desorganizadas e os seus governos funcionam como Cavalos de Troia. do imperialismo do Eixo. O fenómeno não é novo na Europa , pois a Alemanha Nazi conseguiu obter essa estratégia.
Entretanto a Margem Sul do Mediterrâneo é cada vez mais uma zona de grande instabilidade com conflitos armados e atentados diários aos direitos humanos sem que UE se preocupe mínimamente com isso.Os direito humanos na UE é apenas um chavão.

Aleixo disse...

A história de catalogar as opiniões, têm sempre interesses opacos.

Eu lá quero saber (!)

se é de Esquerda, Direita, Nacionalista, Nacionalista internacionalista, Marxista, Leninista, liberal, ordo-liberal, capitalista, comunista ou outra coisa qualquer!

O que eu sei, é que é ALEIXO e, não abdico de ser co-decisor,

em DEMOCRACIA.

Estou sempre disponível para formar opinião e confrontar argumentos.

Jose disse...

Divertido verificar ao que levam as acrobacias treteiras.
Quando eram serventuários do imperialismo soviético, a proclamação internacionalista era a chave para recrutar agentes e promover subserviências.
Implodido o Império, a palavra de ordem é recuar para os limites territoriais, e se não for possível cavar uma autarcia que sirva de exemplo da viabilidade das políticas de esquerda, promover um qualquer simulacro que sirva de referência para uma política 'patriótica de esquerda'.
Se isso puder ser realizado 'assaltando' o orçamento de um qualquer Estado capitalista tanto melhor como ilustração do patriotismo na luta anti-capitalista.
Uma espécie de versão actualizada e progressista do último conhecido nacionalismo-internacionalista, geralmente referido como colonialismo, que invoca uma missão civilizadora: sacar capital a quem o acumulou por qualquer modo é o princípio fundador do internacionalismo de esquerda.

Unknown disse...

Internacionalismo? Nem cá dentro se conseguem entender, num projecto comum as eleições!! E depois não querem que os eleitores aprovem quem diz sonhos de crianças?

Anónimo disse...

Ah, a democracia…já ca´ faltava essa!
Ela tem a particularidade de nascer onde lhe aprouver e como aprouver, e´ como a erva daninha, nasce onde menos se espera…A DEMOCRACIA. --Aquela coisa em que o povo e´ que mais ordena, chamada de Liberdade, `a mistura com aquela outra coisa de seu nome Fraternidade que por simpatia com a Igualdade outra das três irmãs gémeas que a compõem…sem qualquer uma destas três coisas, a Democracia pode mover-se mas, muito devagarinho, quase parada ou parada mesmo…Tal como hoje vivemos em Portugal! De Adelino Silva

Anónimo disse...

"Acrobacias treteiras"... será uma prática continua de quem as invoca, agora a fingir não se ser o que se é . Pormenores como serventuário do imperialismo ou essa maravilhosa proclamação de implosão do império colonial fazem lembrar uma verdade de La Palice. É que o "deutschland uber alles, é cantado hoje por uns tantos com a entoação do "angola é nossa".

Avancemos no debate não sem antes sublinhar o disparate agonizante duma afirmação tão tonta como piegas. Esta de choramingar pelo "assalto ao orçamento dum qualquer estado capitalista" é digna dum ... cavaco? Thomaz? Ou terá sido tirada dum qualquer malcheiroso e putrefacto discurso do salazar?

"O "projeto europeu" não passa de um mito para impor o neoliberalismo, a doutrina da decadência capitalista: o capitalismo rentista. Um mito imposto pela violência física e psicológica sobre as populações.

As forças progressistas têm de enfrentar o medo e o obscurantismo, precisamente características do fascismo. A propaganda esforça-se por impedir que as pessoas tenham o discernimento para compreender o significado das suas necessidades individuais e coletivas e o direito de dizer não.

O que o "projeto europeu" na realidade está a construir é uma sociedade de cidadãos sem capacidade de controlar as suas vidas, submetidos por estratégias de sobrevivência. Acentua-se o que é típico dos violadores e abusadores: a culpabilização das vítimas, a desculpabilização dos agressores, para que os cidadãos deixem de confiar em si próprios para construir um futuro comum.

Lutando pela liberdade de pensamento desde o fim da Idade Média surgiram na Europa a Reforma e o Humanismo. Os "europeístas" nem sequer dão um passo na direção de combater os dogmas a que a UE está hoje submetida, para que o humanismo seja um valor supremo. O seu valor supremo chama-se: finança"

Dum artigo a merecer leitura completa, de Daniel Vaz de Carvalho
http://resistir.info/v_carvalho/licoes_syriza_29jul15.html

De

Anónimo disse...

Mas verifiquemos um pouco mais de perto esse "lamento" esse "gemido" esse "lacrimejar" pelo "assalto" do "orçamento" do estado capitalista.

Uma forma verdadeiramente piegas de se tentar esconder por um lado que a riqueza provém de quem trabalha (e não de néscios e oleosos "grande capitalistas"). Por outro de se esconder para onde vai o dinheiro que nos é sacado.

Por exemplo quais os destinos das verbas obtidas através do "empréstimo" da troika estrangeira?

"Para onde terão ido os 78 mil milhões de euros que o Estado Português, com a assinatura do PS, PSD e CDS, contraiu como dívida e sobre a qual todos pagaremos os juros e as consequências políticas. Sim, os juros e as consequências políticas. Que o credor, neste caso, não se limitou a emprestar o dinheiro e exigir o pagamento do capital e dos juros. Foi muito além disso e exigiu o cumprimento de um programa político anti-democrático, anti-popular e anti-nacional, baseado naquilo a que chamam "austeridade".

Mas umas contas simples fazem-nos perceber que o "empréstimo" não entrou nas nossas contas. Vejamos, o PIB contraiu cerca de 6% entre 2011 e 2014, o que equivale a cerca de 10 mil milhões de euros produzidos a menos em Portugal. Uma quantia semelhante desapareceu dos gastos do Estado com Educação, Saúde, Cultura, Prestações Sociais e investimento público. Ou seja, o orçamento do Estado diminuiu em proporção com a queda do PIB, sem consumir verbas adicionais, ou seja, não entrou dinheiro no sistema. Para onde foram então os 78 mil milhões?

Ao mesmo tempo, entre 2011 e 2015, a dívida pública aumentou 50 mil milhões de euros e as despesas anuais com juros da dívida aumentaram de 4 300 milhões para 8 500 milhões. Nesse mesmo período, a Banca conseguiu eliminar 30 mil milhões de euros de imparidades com recurso a dívida garantida pelo Estado.

A "crise das dívidas soberanas" não passa de uma crise da banca, por ter usado o dinheiro dos depositantes como manancial para os negócios de banqueiros empreendedores e aventureiros. Aquilo a que chamam "austeridade" não é mais do que o Estado a ser chamado a pagar os buracos deixados na banca, porque os bancos se tornaram "demasiado grandes para falir". O problema é que também são "demasiados grandes para resgatar". Como tal, é preciso cortar nas despesas do Estado para assegurar que existem suficientes "almofadas" para a banca. Os 78 mil milhões que o Estado português contraiu de dívida junto da troika ocupante foram para os bancos. Cada tostão."


Dum texto de Miguel Tiago de que se espera já a um ror de dias a resposta , já que ainda não a teve por parte do Governo a pergunta sobre os destinos das verbas obtidas através do "empréstimo" da troika estrangeira.

Bem ilustrativo dos propósitos da troika e da governança... e do porfiado esforço de uns tantos como propangandistas e ideólogos em prol do sistema e da banca

De

Anónimo disse...

Espectaculo!!!!
O Jose conseguiu largar durante alguns minutos o cu embalsamado do Salazar para vir aqui escrever
Não é para todos!!
largar o amor físico a uma porção dum grande ho-men para puder vir aqui expôr publicamente que sabe lamber cus a nível internacional é a prova que Jose afinal não é apenas um conservador daqueles que defendem qualquer lata de sardinha fora de validade, ele sabe mostrar que afinal é um sabujo moderno, adepto da lambe cuzice em modo multitasking.
Surpreendente!!!
Sit Jose, sit!

Anónimo disse...

Uma entrevista "curiosa" que vale a pena ler. De Jacques Sapir

http://russeurope.hypotheses.org/4164

De

Jose disse...

Um detalhe curioso do nacional-internacionalismo na versão 'patriótico e de esquerda' que é não só percursora mas mais singela e autêntica.
Voltando às origens, notemos que o patriotismo sempre foi e é o grande agregador e impulso mobilizador do povo russo.
No tempo do Império, descontado o interregno da IIGG, o internacionalismo e o soviétismo eram a capa a disfarçar o impulso imperialista.
Após a implosão e a consequente descolonização essa é a força que resiste e é estimulada pela dominação onde possível e pela cumplicidade de colonos e seus descendentes onde estes não foram expulsos.
A marginalização dos emigrantes esrangeiros na Rússia é face da mesma moeda.
Uns lambes-cús de russos que pululam na esquerda sempre aqui dão notícia de quanto estas notas os incomodam.

Anónimo disse...

O registo necessário para o esforçado esforço do das 1 e 18 levar a discussão para tudo o que seja de debater....menos o que é discutido. A questão resume-se a duas coisas: por um lado a porfia do fulano para cumprir as suas tarefas na propaganda eleitoral da sua amada governanaça o que implica atirar sistematicamente para o lado onde a bola não cause sarilhos aos interesses que defende; por outro um registo que se mantém subliminar mas que vem sempre à tona, a saber, o seu posicionamento politico na ala mais à direita e fundamentalista.

Aqui fica agora a ode aos russos e às implosões e aos colonos ( ele, logo ele ,assumido colonialista e com provas dadas em Angola de onde foi corrido). Mas o registo pode continuar neste nível porque sinónimo de algum desnorte e de um profundo incómodo. As "notas" incomodativas afinal não passam de pretextos de fuga , com a pieguice típica à mistura. A rússia sempre foi um bom pretexto para a colonização apetecida de exércitos de todos os tipos e ainda se percebe o rancor visceral que uns tantos tem pelos dentes partidos do nazismo por lá.

Por isso venham mais folhetins do tipo porque enquanto se assiste à decadência pré-senil do argumentário , o mundo pula e avança.

O que se pretende então com tal paleio sem sentido e proporcional à degenerescência também da condição humana?

Por exemplo isto:
"Face ao descalabro, os "europeístas" refugiaram-se no argumento que nada disto acontecia se se tivesse avançado com a Constituição europeia, com a união política, se houvesse um orçamento europeu. Tudo isto são meras falácias sem conteúdos concretos em que a vontade dos povos não conta.

O que invocam já existe, só que funciona pessimamente para os povos, muito bem para uma minoria. Existe um Orçamento comunitário; um Parlamento europeu em que as grandes decisões lhe passam ao lado, um Conselho e uma Comissão Europeia, que também não servem para nada, pois as decisões são tomadas pela Alemanha, com a França como figurante da encenação e mais uns títeres.

Os "europeístas" choram o projeto europeu, na realidade o que estão chorando é o fracasso capitalista. Mas a lamúria é inconsequente: trata-se de manter ilusões sobre a ditadura "unionista" ao serviço da finança. Porém, esta degradação política e social lhes é preferível a comprometerem-se com os interesses populares e nacionais. A reação pura e dura – como o governo PSD-CDS com o "seu" PR – exulta com a derrota do povo grego: o seu êxito viria evidenciar quão inúteis e perversos são os seus argumentos e as suas políticas."

Há mais. Fica para depois

De

Anónimo disse...

O que se pretende então com tal paleio sem sentido e proporcional à degenerescência também da condição humana?

Por exemplo também isto:
"Voltaram ao debate público alguns dos impulsos essenciais em que se baseou no séc. XIX a dominação imperialista europeia: relações de domínio baseadas na dependência económica (o credor manda no devedor, fazendo-lhe crer que o faz para o bem deste); a naturalização de uma hierarquia de povos e de Estados, divididos entre os que são verdadeiros europeus e os que não passam de candidatos fracassados a sê-lo (os PIGS), que devem ser sujeitos a um processo de assimilação semelhantes aos que as potências coloniais sujeitavam os colonizados; uma relação neocolonial, sob a forma (assumida!) de protetorado económico. Quer-se reescrever toda a história da integração europeia como se a adesão da Europa do Sul tivesse sido resultado de uma ansiedade unilateral dos parceiros do Sul, como se as economias do centro da UE (alemã, francesa, holandesa, italiana, britânica, …) não beneficiassem enormemente da liberdade de circulação de capitais, bens transacionáveis e mão-de-obra barata oriunda de Portugal, da Espanha ou da Grécia (ou da Europa Centro-Oriental)!
(Dum excelente artigo de Manuel Loff a 25 de julho)

Não, não se pretende questionar o dito nas citações dos autores referidos.Bem pelo contrário. Estes exemplos são paradigmáticos da necessidade do esforçado esforço dum que anda a tentar afastar o debate para as estepes geladas da rússia Interessa sim, com o tal paleio evidenciador da degenerescência humana, esconder que o "europeísmo" não é mais do que uma "integraçao capitalista supranacional"que visa a perpetuação das relações de dependência face ao Capital.Interessa ocultar custe o que custar que estamos perante "uma lógica neocolonial e assimilacionista"

É por causa destas questões centrais e da necessidade de se unirem esforços tanto ao nível nacional como ao internacional nesta luta vital contra o imperialismo, que assistimos a determinadas encenações patéticas e toscas

De