«O projecto europeu foi usurpado por políticos autoritários, desprovidos de visão e de capacidades democráticas, incapazes de receber, compreender e valorizar o passado de paz e de evolução positiva que outros construíram ao longo das últimas décadas. Esta Europa da paz, de aposta na coesão e de um desenvolvimento que as cinzas da Segunda Guerra não deixariam adivinhar, esta Europa está hoje desfeita, violentamente amesquinhada por instituições sem cultura nem projecto, apenas detentoras de poderes que inventaram para si mesmas e que se auto-atribuíram de maneira ilegítima e insensata.
Nunca, tenho esta convicção, nenhuma realidade institucional se auto-desfez tão desabridamente como se está hoje a desfazer esta União Europeia, tomada por usurpadores que a controlam. De tal forma assim é que me parece que não nos restam senão dois caminhos, a todos os que confiamos na democracia, no bem-estar e na paz na Europa. A todos os que confiamos na equidade entre os povos e numa vida cosmopolita e capaz. Resta-nos declararmo-nos dissidentes desta Europa punitiva e resta-nos proclamarmos a ambição de abrir novos caminhos, que reconstruam as nossas vidas. Melhor, que reconstruam as possibilidades de vida dos nossos filhos, usando para isso os instrumentos de sempre: a dignidade, o respeito pelo trabalho, o valor da democracia, a acção pública em nome dos povos.
Eu declaro-me dissidente desta Europa, dos seus instrumentos de violência e da sua incapacidade de agir em nome do bem comum. Eu declaro-me dissidente desta Europa que quer aniquilar povos, mas serve diligentemente os capitais financeiros que comandam, os sistemas bancários que a governam e os mercados que endeusou, ao mesmo tempo que esqueceu os cidadãos e a cidadania. Eu declaro-me dissidente deste mundo de instituições incapazes, e declaro que a minha ambição europeia tem hoje a voz da Grécia.»
Da intervenção de José Reis, a ver na íntegra, na sessão pública «A crise europeia à luz da Grécia», realizada no Fórum Lisboa no passado dia 2 de Julho. As dúvidas que restassem, sobre a natureza dos poderes que hoje comandam a Europa - e as estruturas que os materializam - ficaram ontem, 12 de Julho de 2015, completamente desfeitas.
12 comentários:
Isto quer dizer o quê? Que defende a saída do euro? Da UE? Ou são palavras, palavras, palavras e fica tudo na mesma?
A GRECIA VENDEU-SE ATRAVÉS DO SEU PRIMEIRO MINISTRO... ACABOU O SONHO DOS GREGOS, O PESADELO VAI COMEÇAR....
Já sei quem é o mestre do Jose senão o próprio Jose
ele até usa nas suas crónicas recorrentemente a palavra "treta"
trata-se do impagável António Ribeiro Ferreira, uma espécie de de simio que escreve no pasquim jornal i
se quiserem ver um simio a mandar perdigotos do alto do seu plebiscito sempre com grandiosas tiradas morais e poderosos assomos de primarismo leiam as crónicas do bicho. É uma versão do paleolitico do camilo lourenço, do tempo em que os nossos antepassados ainda não tinham postura erecta
Ola
O conflito entre a troika e a Grecia esta a ter um efeito curioso aqui no Reino Unido: ja praticamente nao se fala do referendo acerca da "Brexit". Os eurocepticos ja nem precisam de fazer campanha.
Só alguém muito alienado pela dialética política vigente poderia acreditar que o "socialismo" burguês françês poderia fazer a diferença perante o quadro europeu actual.O sistema bi-partidário(tipo bloco central no euro)tomou conta da política e da estratégia ao serviço do sistema económico/financeiro e da visão de um mundo de competição entre blocos(já não só entre Estados)onde a Europa está agora(já o estava em outros sentidos)a meio caminho entre o sistema USA e o sistema China.E o pior é que perdemos 40 anos(não foram só 20)a encher "chouriços" com lutas ideológicas inúteis e ultrapassadas(que ainda persistem qual loucura,sendo muitas vezes apenas camuflagem para interesses oportunistas e corruptos)tendo como resultado as "mil" fracções na suposta "esquerda" e a alienação de uma percentagem importante do eleitorado(pondo de lado agora os abstencionistas e afins desconfiados)a qual poderia e deveria estar a "fomentar" uma alternativa verdadeira e credível(a qual se existe não se descortina)tendo em conta a realidade e a situação do país e do contexto na UE.Salva-se nisto tudo(no contexto nacional e europeu)até ver os tachos dos corruptos instalados(com algumas excepções) e dos "comentadores"(tv e rádio)...e do humor(onde não param de aumentar as novas oportunidades).Trágico
O José reis é dissidente?
A Europa está condenada...
O que aconteceu? Os europeus deixaram de eleger os seus governos?
Jose
Tu também és dissidente do teu cérebro e no entanto o teu corpo continua a desempenhar as suas funções vitais por ti...até um dia
nmlima... seria possível ser mais explicito?
De
Os convictos e fieis candidatos a coveiros desta UE, trabalham bem e conseguiram em cinco meses criar mais dissidência e fracturas na incipiente solidariedade dentro da UE, com o aplauso dos xenobofos da extrema direita e aplauso dos anglosaxoes, do que todas os anteriores arroubos de umbigos inchados. Esperemos que depois das filosofias venha mais serenidade e realismo. No fim a Grecia não chega a 3%.
Caro António Cristovão, esse seu comentário é fruto do quê? É fruto de miopia corrigida com lentes para ver as coisas do avesso? Incipiente quê? Os xenófobos da extrema-direita o quê?!!! Deixe-me ver se entendi bem: agora foi a política do Syriza a potenciar o crescimento dos neonazis? O caro senhor tem de fazer uma revisão a esses conhecimentos sobre a história da Grécia. Quem sempre acarinhou a extrema-direita da Grécia foram as queridas democracias ocidentais, a começar por esse grande democrata que foi Winston Churchill. Fizeram-no na guerra civil de 1945/1949,fizeram-no com a Junta dos Coronéis de 1967/1974 e fazem-no, agora, ao destruirem o governo do Syriza e a Grécia e ao serem as parteiras de um Estado falhado. E lembro-lhe que muitos dos membros e apoiantes do Syriza são filhos e netos daqueles que foram presos, torturados e assassinados pelos carrascos neonazis financiados, armados e incentivados pela muito democrática Grã-Bretanha e seus aliados continentais. E a hipocrisia das democracias europeias não se fica só por aqui: por toda a Europa, o criptofascismo e o criptonazismo foram acarinhados, durante toda a Guerra Fria, como um útil instrumento para o isolamento dos movimentos comunistas. Foi assim na Itália ("Gládio" diz-lhe alguma coisa?), como o foi na França ( os golpistas "pied-noirs" e os colaboradores da "Aginter Press" dizem-lhe alguma coisa?), como o foi na Grécia. Esses queridos colaboradores na sombra fizeram na Europa Ocidental o papel que os movimentos fundamentalistas islâmicos tiveram nos países árabes de regimes laicos socializantes: fizeram o trabalho sujo da contra-informação, da ameaça e do assassinato contra as forças da esquerda mais progressista, fosse ela comunista ou não.Por favor, não branqueie a História, pois há quem tenha memória.
Anónimo das 2 e 15:
Muito bom
De
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