quarta-feira, 8 de julho de 2015
Pensar o impensável
Em declarações ao Público de hoje, o Nuno Teles vai directo às raízes do assunto: “É impensável que o banco central de qualquer país derrube de uma assentada todos os seus bancos, através do congelamento da liquidez, como parece ser agora o caso da Grécia”. O impensável pode acontecer precisamente porque o BCE não é o Banco da Grécia, não é controlado democraticamente pelos gregos. É um banco central estrangeiro, com delegações nacionais que obedecem a Frankfurt, ou seja, ao grande capital europeu e aos Estados mais fortes onde está ancorado. A esquerda que faz política sem hipóteses realistas de economia política está bem tramada. Nunca se esqueçam disto, já que também nós temos um Banco que não é de Portugal.
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25 comentários:
A Frances Coppola escreveu recentemente um artigo que vale a pena ler, exactamente sobre isto.
http://www.forbes.com/sites/francescoppola/2015/07/03/the-road-to-grexit/
Na Grécia, é o derrube dos bancos e do país. Um golpe.
ps: a foto continua deliciosa
O problema da sustentabilidade da segurança social está resolvido!
Manda-se o pensionista ao banco que sempre o BCE lá pora dinheiro bastante.
O contrário é impensávell?
O contrário é uma certeza.
Agradeço o contributo do comentador "Jose" a este blogue. É um excelente barómetro do cidadão com opiniões fortes, seguro das suas certezas, diligentemente alheio à compreensão do mundo e metodicamente intoxicado pelos mídia. Obrigado pelo serviço que presta a esta casa.
Vi com agrado, através de uma fugaz notícia televisiva (sobre a liberdade, a livre escolha e os condicionamento, também deveríamos falar um dia destes) que a CDU na apresentação do seu programa eleitoral enunciou claramente o problema: é irresponsável não ponderar (estudar, preparar, prevenir, gerir) uma eventual saída de Portugal do Euro. Esse é, este momento, um âmago fundamental da questão. Digo "um", porque o processo de integração europeia, passado a pente fino, não se resume ao Euro ou às suas políticas, embora tenha nelas um eixo essencial de afirmação dos axiomas de desenvolvimento comum do sistema capitalista, nesta sua fase e nesta sua expressão supra-nacional europeia.
Creio que o BE (que com a CDU e para além de diferenças, corporiza a esquerda em Portugal) deverá também tomar posição urgente e clara sobre esta matéria, contribuindo dessa forma para o debate de caminhos alternativos e à esquerda.
"O impensável pode acontecer precisamente porque o BCE não é o Banco da Grécia, não é controlado democraticamente pelos gregos."
Mal ou bem, é esta a realidade e não é de agora. E o problema, antes de mais, é precisamente este: dizer que há alternativas que pura e simplesmente ignoram esta realidade (independentemente de concordarmos ou não com ela). O problema de algumas "alternativas" é que querem ignorar esta e outras realidades semelhantes como, por exemplo, que a solidariedade europeia tem limites e eles são claros nos tratados (mal ou bem): não há mutualização de dívidas!
". A esquerda que faz política sem hipóteses realistas de economia política está bem tramada."
Então o Syriza anda a mentir ao povo grego porque quer o Euro e não quer a austeridade.
O Euro não é a moeda da Grécia, é a moeda das elites financeiras alemãs, era bom que o Syriza, e não só, se consciencializassem disso e parem de prometer às populações aquilo que parece muito pouco provável de vir acontecer, porque o mais certo, é as elites alemãs nunca virem abdicar do seu projecto neoliberal mercantilista…
As elites alemãs querem ser relevantes à escala mundial, mas acontece que neste mundo neoliberalmente globalizado a Alemanha por si só não consegue ser uma potência global, não tem dimensão, população nem recursos materiais para isso, mas se juntarem a mercadoria humana e não humana dos países periféricos talvez consiga….
Uma questão que mereceria reflexão é esta.
Ao longo da História (mesmo sem considerar guerras e catástrofes naturais) os países passam por épocas de crescimento e desenvolvimento e por épocas de declínio económico mais ou menos acentuado. Por muito que as sociedades tenham pretendido criar mecanismos de minimização de riscos de declínio económico, eles continuam a existir.
Pretender dizer que é possível eliminar esses riscos é ignorar a realidade. Pretender dizer que declínio económico não acontece simplesmente porque estamos na UE e/ou no Euro é ignorar a realidade.
Daí a questão:
Como é que uma país, uma sociedade, lida com um período de declínio económico estando inserido no Euro, não considerando a alternativa da saída e não ignorando a realidade dos seus constrangimentos?
É pena que após 5 meses ainda persistam alguns mitos relacionados com as "alternativas" que se colocam aos Portugueses.
A saída do Euro é uma verdadeira alternativa. Isto porque apenas depende da vontade dos Portugueses: independentemente dos Tratados e das dificuldades, se Portugal quiser efectivamente sair do Euro só tem de o decidir. Com maior ou menor turbulência, com maior ou menor apoio dos parceiros, se quiser sair sai.
E dentro do Euro, quais são as "alternativas"? Aqui entram os "5 meses" gregos: alternativas que dependam de negociação com os parceiros europeus ou que impliquem mudanças significativas nos tratados não são verdadeiras alternativas. Não só porque não dependem inteiramente de nós mas também porque na verdade se provou que tal é praticamente impossível. A alteração de um Tratado (a reformulação do Euro) depende de 19 países. Consequentemente, qualquer alternativa dentro do Euro tem de aceitar (pelo menos como hipótese mais provável) que os Tratados permanecerão tal como estão e as regras terão de ser respeitadas. Sejamos claros: a alternativa (só há uma!) de permanecer no Euro implica controlo orçamental (austeridade).
Era bom que esta realidade fosse claramente enunciada nas propostas dos partidos para as próximas legislativas para não haver "enganos". E era bom que os Gregos também percebessem isto de uma vez por todas. E depois decidissem.
O "impensável" deveria ter sido pensado quando, democraticamente, se estabeleceram os poderes do BCE. Ainda não ouvi ninguém, na Grécia ou em Portugal, defender a alteração daqueles poderes, em favor dos Bancos Centrais de cada estado membro.
Naria Abril não ouviu. Anda surdinha ou então passeia-se em blogues xuxialistas.
Mais uma vez um grande post de João Rodrigues. E umas achegas bem oportunas e na mouche de alguns comentadores
De
Por Juan Torres López [Professor catedrático do Departamento de Teoria Económica na Universidade de Sevilha.]
Qualquer pessoa que tenha precisado de devolver um empréstimo sabe o que significam os juros na hora de pagá-lo. Um empréstimo recebido, por exemplo, a 7% ao ano implica ter de devolver quase o dobro do capital recebido ao fim de dez anos.
Tanto é o peso dos juros acarretados pelos empréstimos que durante muito tempo considerou-se que cobrá-los acima de determinados níveis mais ou menos razoáveis era considerado não só um delito de usura como também uma acção imoral, ou inclusive um pecado grave que condenaria para sempre quem o cometesse.
Hoje em dia, contudo, quase todos os governos eliminaram essa figura criminosa e parece a toda gente natural que se cobrem juros legais de até 30% (isto é o que cobram neste momento os bancos espanhóis aos clientes que ultrapassam a sua linha de crédito) ou que haja países afundados na miséria não exactamente pelo que devem e sim pelo montante dos juros que hão de pagar.
Os países da União Europeia renunciaram a ter um banco central que os financiasse quando precisassem de dinheiro e portanto têm que recorrer à banca privada. Em consequência, ao invés de se financiarem a 0%, ou a um juro mínimo que simplesmente cobrisse os gastos da administração da política monetária, têm de fazê-lo e 4%, 5%, 6% ou inclusive a 15% em certas ocasiões. E isso faz com todos os anos os bancos privados recebam entre 300 mil milhões e 400 mil milhões de euros em forma de juros (será, ainda, preciso explicar quem esteve e porque por trás da decisão de que o Banco Central Europeu (BES) não financiasse os governos?).
Os economistas franceses Jacques Holbecq e Philippe Derudder demonstraram que a França teve de pagar 1,1 mil milhões de euros em juros desde 1980 (quando o banco central deixou de financiar o governo) até 2006 para fazer frente à dívida de 229 mil milhões existente nesse primeiro ano (Jacques Holbecq e Philippe Derudder, La dette publique, une affaire rentable: A qui profite le système?, Ed. Yves Michel, París, 2009). Ou seja, se a França tivesse sido financiada por um banco central sem pagar juros teria poupado 914 mil milhões de euros e a sua dívida pública seria hoje insignificante.
Em Espanha verificou-se uma coisa semelhante. Nós já pagámos, por conta dos juros (227 mil milhões no total desde então), três vezes a dívida que tínhamos em 2000 e apesar disso ainda continuamos a dever o dobro do que devíamos nesses anos (Yves Julien e Jérôme Duval, España: Quantas vezes teremos de pagar uma dívida que não é nossa? ). Eduardo Garzón calculou que se um banco central tivesse os défices da Espanha desde 1989 até 2011 a 1%, a dívida agora seria também insignificante, de 14% do PIB e não de quase 90% (Situação do cofres públicos se o estado espanhol não pagasse juros de dívida pública) .
E o curioso é que estes juros que os bancos cobram às pessoas, às empresas ou aos governos e que travam continuamente a sua capacidade de criar riqueza não têm justificação nenhuma.
Poder-se-ia entender que alguém cobrasse um determinado juro quando concedesse um empréstimo a outro sujeito se, ao fazê-lo, renunciasse a algo. Se eu empresto a Pepe 300 euros e isso me impede, por exemplo, de passar um fim-de-semana de férias com a minha família poderia talvez justificar-se que eu lhe cobrasse um juro pela renúncia que faço das minhas férias. Mas não é isso o que acontece quando um banco empresta.
O que a maioria das pessoas não sabe, porque os banqueiros encarregam-se de dissimular e de que não se fale disso, é que quando os bancos emprestam não estão a renunciar a nada porque, como dizia o Prémio Nobel da Economia Maurice Allais, o dinheiro que emprestam não existe previamente e, na verdade, é criado ex nihilo, ou seja, do nada.
Belo post o das 11.42 do Daniel Carrapa com o qual estou totalmente de acordo. Ainda assim, porém, creio que muito suave. Seja como for a espécie, embora pense o contrário, está em vias de extinção.
Mas porque é que ainda aturam o José e lhe dão meios de envenenamento? Não defendo a censura, mas há limites.
Nada disso João V-Costa, só lê quem quer. Eu, por exemplo, nunca leio, nem ele nem os que lhe dão troco. Passo logo à frente.
Não pretendo com as minhas palavras ofender quem quer que seja, mas a liberdade de transmitir, comunicar e informar e opinar e´ pertença de todos de igual modo. E talvez esteja errado…sabe se la´…
Nestes tempos conturbados e confusos não e´ fácil perceber a magnitude dos problemas políticos, económicos e ecologicos que se nos colocam, certo. Mas se não escutar o contraditório, ficamos muito pior.
Minha opinião e´ que se falou de mais sobre os crimes praticados pela Troyka ao longo do tempo e de menos sobre os governos cúmplices e coniventes com tais situações. O mesmo será dizer que - ou aprendemos com a historia escolhendo os melhores de nos, ou ficamos sem alternativa-!
Já temos um conjunto suficiente de dados suspeitosos praticados em Portugal para não nos deixarmos ludibriar. Entendo que os partidos políticos FORAM o eixo da democracia e por isso respeitemo-los. Mas se já não conseguem dar conta do recado, que sejam as massas, os movimentos sociais a tomar em mãos a movimentação popular anti sistema actual. De o “Catraio” com respeito.
O "outro" acabou com a História
O José implode o pensamento,
òh homem tenha memória!
pensar é nosso fermento
O José é um lorpa
quer tudo só p´ra alguns,
ele nada se importa
que viva o resto de jejuns
Há soberba tamanha
no que o José diz
que parece nadar em banha
vestido de sobrepeliz
Enclausurando a realidade
em palavras como tais
é sofista sem idade
servindo capitalistas actuais
Oh desaparecido'Boina'! estou com sono mas amanhã vou lê-lo.
Deixo link para um artigo de opinião cujos argumentos gostava de ver refutados por quem tem seguramente informação relevante para o fazer.
http://www.jn.pt/opiniao/default.aspx?content_id=4669830
Saudações,
MRocha
O Juncker está a reunir com os partidos da oposição grega. Se isto não é subversão institucional o que é?
Ó Vasconcelos-Costa, e publicar mais no Moleskine, fáxavôr?
Tanto tempo sem rimar,
Obra de alguma valia
havia a esperar.
Qual nada!
Nem um argumento,
Nem um pensamento,
Nada que não seja julgar
Que basta catalogar
Para tudo justificar
E nem que à rima se arrime,
Rima que já não tem.
Nem ideia nem pio
Só Boina para o vazio
Ora pio é exactamente um dos predicados o das 15 e 19.
Nas várias acepções da palavra.
Quanto ao desconhecimento do significado de "pensamento" pode-se dizer que cabe no esforço esforçado para parir o seu. O esforço não chega para tudo.
Já quanto ao desconhecimento da diferença entre Oh e Ó...o ódio ao conhecimento paga-se. E não há pio que lhe valha
De
Temos vate, caro "De", temos vate! Se pudesse recuar umas décadas, o senhor "José" ainda ganhava um prémio do Secretariado Nacional da Propaganda. O Pessoa ficaria, claro está, em segundo lugar. Nem a prosa nem a poesia do dito senhor ficam a dever grande coisa à qualidade ou à elegância, mas as ideias(?) e os tiques queridos aos literatos de botas cardadas estão todos lá. Sejamos positivos e tomemos as intervenções do bardo "José" como uma espécie de visita pedagógica às avessas a uma quinta temática sobre os horrores de antanho: uma quintazita bucólica com um Salazar entre alfaces e galinheiros com Tarrafal em fundo aqui, um Pétain de cócoras e com coleira nazi em cura de águas em Vichy ali, um palanque com um cabo austríaco a regurgitar ódio genocida e perdigotos acolá, um caudilho a mandar benzer o garrote usado para converter os "rojos" mais além. Um regalo para a vista e para a alma.
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