quarta-feira, 20 de março de 2013

Estamos em guerra


O nosso país vive actualmente um processo de destruição sem precedentes. O período que estamos a atravessar já é um dos piores da nossa história em matéria de destruição de empresas, de emprego mas também de vidas. A recessão agrava-se, o desemprego atinge recordes, o défice orçamental fura todas as metas, a dívida pública aumenta mas a estratégia para o ajustamento e para sair da crise continua sem alterações. Entre a estratégia de dominação económica alemã, o fanatismo autista do ministro das Finanças e a incapacidade para liderar e defender o país do primeiro-ministro, os portugueses vão assistindo à destruição de Portugal. Querem que acreditemos que não temos alternativa e que, portanto, teremos de continuar a sujeitarmo-nos aos interesses dos credores externos. Será, no entanto, a política que nos destrói a economia em nome dos interesses dos credores, a principal causa da incapacidade de o nosso país vir a pagar a totalidade do que deve. Sim, estamos em guerra. As armas são diferentes das usadas nas guerras tradicionais mas não deixam de ser devastadoras. As armas usadas contra nós são a austeridade, o programa de ajustamento que a consagra, os juros que os nossos credores nos cobram e a ameaça de isolamento com que nos chantageiam. Enquanto os líderes nacionais não perceberem que têm de fazer política continuaremos a assistir à destruição do nosso país. Sim, também temos as nossas armas. A principal arma de um devedor é a própria dívida e, em nenhum momento, deve sair de cima da mesa das negociações. Não é no entanto a única. Uma verdadeira negociação entre estados, para ter sucesso, não pode ficar confinada a quatro paredes. Portugal deve fazer pressão pública, promover ativamente alianças com outros países, aproveitar a energia dos protestos dos portugueses como instrumento de pressão negocial e, em última análise, rejeitar mesmo a aceitação de condições de ajustamento suicidas.

Ao primeiro-ministro e ao ministro das Finanças exige-se que façam política; ou sabem interpretar e estar à altura do momento histórico que vivemos ou é melhor deixarem que sejam outros a escrever a história.

(crónica publicada às quartas-feiras no jornal i)

5 comentários:

Ricardo António Alves disse...

Ainda teríamos uma arma mais, se as lideranças políticas a soubessem utilizar: para o bem e para o mal, somos a referência e o histórica e cultural (o que não é nada pouco) e deveríamos ser o "pivot" duma comunidade de estados que integra entre outros o Brasil, Angola e Moçambique. Se isto, potencialmente, não vale mais do que todas as holandas e todas as filândias juntas, se não nos dá um peso europeu muito maior do que o que temos é porque não sabemos (como nunca soubemos) tirar dessa circunstância grande partido.

JP disse...

E enquanto isto o PS assobia para o ar?
Ou é a "abstenção violenta" (não vale rir) que nos tira disto?

O PS está, ou não, com este memorando?

Se não está, de que espera para se aliar à esquerda que avisou que tudo isto ia acontecer e lutar pela queda do governo?

Ou será que está e só finge uma oposiçãozinha de detalhe...

Anónimo disse...

Parece que já não resta qualquer duvida,que hoje somos uma Colónia da Alemanha.

JOSÉ LUIZ FERREIRA disse...

Estamos em guerra. Como guerra de classe, é sui generis: As oligarquias financeiras contra toda a gente. Como guerra entre Estados, é uma guerra de cada um contra todos os outros.

Não ganhará esta guerra o mais forte, nem o mais rico, nem o mais hábil: ganhá-la-á quem conseguir definir um objectivo coerente, inteligível e capaz de reunir um mínimo de consenso dentro do incipiente demos europeu.

maria povo disse...

subscrevo JP!
poderá o Povo confiar no PS?
que faz o PS para a queda deste governo?
abstenção violenta?!?!desculpem?!?!
vivemos momento Histórico de assumpção de posições que não podem ser equivocas!!!
a primavera chegou e com ela toda a energia de renascimento! ... e Abril está à porta!!